Todas as Notícias

"NOTA CONJUNTA do ANDES-RJ, e das diretorias da Seções Sindicais ASDUERJ, da ADUFRJ, da ADUFF, da ADUNIRIO e da ADUR-RJ PELA LIBERTAÇÃO IMEDIATA DOS PRESOS POLÍTICOS DE 12/07

Diversas pessoas foram presas no dia de hoje no Rio de Janeiro sob o pretexto de uma possível vinculação com as manifestações públicas críticas à realização da Copa do Mundo da FIFA programadas para amanhã. Aliando criminalização dos movimentos sociais com desrespeito aos direitos humanos, no ano de descomemoração dos cinquenta anos do golpe empresarial-militar, o estado brasileiro repete ações que lembram os episódios mais tristes de nossa história recente, ferindo um sem número de garantias que um regime democrático deveria manter para se sustentar com este nome. Manifestamos publicamente nossa solidariedade aos presos políticos e exigimos a imediata liberdade de todos. Medidas autoritárias como esta não podem ser naturalizadas pelo risco que representam para a ruptura democrática de maneira geral e pelo risco à segurança dos cidadãos que foram tolhidos de sua liberdade de maneira particular. Liberdade aos presos políticos já!"

Do dia 8 ao dia 10 de agosto, a capital do Rio de Janeiro sediará o Encontro Nacional de Educação (ENE). Espaço de debate e articulação das lutas em defesa da educação pública, gratuita, laica, socialmente referenciada e de qualidade, o ENE é antecedido por encontros regionais ou estaduais preparatórios, que servem para sistematizar os acúmulos locais a serem debatidos no Encontro.
Os eixos que norteiam os encontros preparatórios são: privatização e mercantilização da Educação, financiamento da educação pública, precarização das atividades dos trabalhadores da Educação, avaliação meritocrática, democratização da Educação, acesso e permanência, Passe Livre e transporte público.
Nessa quarta-feira (9), acontece o segundo encontro preparatório do Acre, em Rio Branco. Os próximos encontros preparatórios a serem realizados são o de Santa Catarina, entre os dias 10 e 12 de julho em Florianópolis, o da Bahia, dias 12 e 13 em Feira de Santana, o do Espírito Santo, dia 18 em Vitória, e o do Ceará, de 18 a 20 de julho em Fortaleza.
Em seguida, serão realizados os encontros de Pernambuco, dias 24 e 25 de julho, de Minas Gerais e Amapá, dia 25, do Amazonas nos dias 25 e 26, e do Rio de Janeiro e do Piauí em 26 de julho. A data do encontro de São Paulo será definida em breve, assim como a segunda etapa maranhense, que será em São Luís.
Entre os estados que já realizaram suas os encontros estão o Rio Grande do Sul (que também organizou etapas municipais em Pelotas, Porto Alegre e Santa Maria) e Sergipe. O Paraná organiza seus preparatórios em conjunto com Santa Catarina, tendo realizado um encontro em Curitiba no mês de maio. A etapa do interior do Maranhão, na cidade de Chapadinha, aconteceu no final de maio e, em Belém, foi realizada a etapa paraense, nos dias 25 e 26 de junho. Juiz de Fora, nos dias 5 e 6 de julho, recebeu um dos encontros preparatórios para a etapa mineira do ENE.
Inscrições
As inscrições para o Encontro Nacional de Educação já estão abertas. Para participar do encontro, basta clicar aqui e preencher o formulário. O valor da inscrição é de 30 reais por pessoa, sendo que militantes de movimentos populares pagarão 5 reais. Após preencher o formulário, o participante deve realizar depósito identificado na Conta Corrente: 26.826-7, da agência: 2883-5, do Banco do Brasil.
Outras informações podem ser acessadas aqui.
Após pressão da ADUFF, uma audiência pública para discutir os critérios para a progressão na Carreira, de Associado IV para Titular, foi marcada pela Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe), para acontecer no próximo dia 21 de julho. A audiência será realizada das 9h às 12h30, no Auditório Macunaíma do Instituto de Letras, Campus do Gragoatá, Bloco C, São Domingos, Niterói.
Desde a publicação e divulgação pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) da minuta para progressão de associado a professor titular, realizada há cerca de três meses, a ADUFF reivindicava uma audiência pública do CEP para debater o tema. Para os docentes, os critérios elaborados pelo CEP para progressão ao cargo de professor titular mantêm a lógica meritocrática e elitista do acesso ao topo da carreira, desrespeitam o princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, estimulam a competição entre colegas e, em suma, não atendem o movimento docente da UFF.
A marcação da audiência pública para debater o tema é resultado da nova pressão da diretoria junto ao CEP, realizada em 16 de junho, quando a diretoria da Aduff-SSind, participou da reunião de câmaras conjuntas do CEP, que tinha como pauta os critérios para a progressão na Carreira, de Associado IV para Titular. Na ocasião, a presidente da ADUFF, Renata Vereza, apresentou as demandas dos professores sobre o assunto e solicitou que todos os departamentos e unidades sejam consultados oficialmente sobre a proposta de progressão. Na ocasião, em resposta, o representante da Comissão Permanente Pessoal Docente (CCPD), professor Paulo Trales, se comprometeu a marcar uma audiência pública para abordar a questão, com indicativo de data para o dia 21 de julho.
Vale destacar que a CCPD ampliou o prazo para o envio de propostas sobre a minuta de progressão a titular. As sugestões podem ser enviadas para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. O novo prazo de envio é até o final de julho.
Após a aprovação do texto final do Plano Nacional de Educação (PNE), que incluiu o repasse de recursos públicos para financiar programas como o de acesso nacional ao ensino técnico e emprego (Pronatec), a renúncia fiscal para faculdades privadas (Universidade para Todos – ProUni),  o de bolsas para estudo no exterior (Ciência sem Fronteiras) e o de financiamento estudantil (Fies), na última quarta-feira (2) foi publicada, no Diário Oficial da União, a portaria do Ministério da Educação (MEC) que amplia o fundo de financiamento para todas as formas de pós-graduação stricto sensu, que envolvem os cursos de mestrado, mestrado profissional e doutorado, expandindo assim o repasse de verbas públicas para a educação privada em todos os níveis.
Dessa forma, o Fies, que opera através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), rompe com a exclusividade de atendimento aos cursos de graduação da educação superior de instituições não gratuitas. A partir de agora, estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC poderão recorrer ao financiamento quando desejarem ingressar nos cursos de pós-graduação stricto sensu.
A portaria complementa a meta 14 do PNE, que prevê objetivamente elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Como forma de viabilizá-la, o texto aponta a expansão do financiamento estudantil por meio do Fies. De acordo com Daniel de Oliveira Franco, um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) do ANDES-SN, “essa é uma justificativa que eles lançam mão para fazer o repasse de dinheiro público para as empresas que comercializam serviços na área de ensino. É mais uma porta para o setor privado, desviando e restringindo ainda mais os parcos recursos públicos para o atendimento das demandas atuais necessárias à educação pública brasileira”. Hoje, a titulação anual no Brasil é de 42.878 mestres e 13.912 doutores, conforme a matéria do G1 de final de junho.
Segundo o MEC, atualmente o Fies conta com 1,6 milhões de contratos firmados com as IES privadas em relação aos cursos de graduação, dessa forma há grande expectativa também para os contratos referentes aos cursos de pós-graduação. Segundo dados da Capes, do total de 203.717 matriculados em pós-graduação stricto sensu no ano de 2012, 31.691 (15,5%) eram em instituições privadas. Com base nesses dados, o ministro da educação, José Henrique Paim, apontou, em matéria de O Globo, que existe uma demanda importante de financiamento nessa área, especialmente nos cursos de mestrado profissional.
De acordo com Daniel Franco, “o ANDES-SN tem posição firme e histórica de garantir que os recursos públicos sejam destinados exclusivamente para o financiamento da educação pública, e é assim que entendo ser a política correta. Aplicar os 10% do PIB na educação pública a partir de agora seria o básico para corrigir as distorções que temos hoje, buscando investir na formação, valorização dos professores e servidores da educação, bem como estruturar e equipar devidamente as instituições públicas que cuidam da educação. Dessa forma nos opomos que os estudantes sejam financiados para pagar com recursos públicos instituições privadas”. Dessa forma, a implementação das metas previstas no Plano Nacional de Educação fortalecem a concepção da educação brasileira não mais como um direito, e sim como serviço.
Neste contexto, não é à toa que cresceram os grupos empresariais que atuam no ensino superior. Recentemente, os acionistas dos grupos Kroton e Anhanguera aprovaram uma fusão que criou a maior empresa brasileira na área do ensino superior, com valor de mercado estimado em R$ 22 bilhões, e quase um milhão de alunos matriculados. “Evidentemente, com a garantia do financiamento pelo governo e com o devido credenciamento das instituições desse nível de ensino, o montante dos lucros deve crescer, uma vez que se ampliará, pois os possíveis estudantes da pós-graduação, demandantes das particulares que tem limites financeiros, certamente entrarão no mercado”, aponta Franco.
Andes-SN, com informações: O Globo e Portal G1
Com adesão esperada de cerca de 2 milhões de trabalhadores do serviço público, diversos sindicatos organizam greve para o dia 10 de julho na Inglaterra, Irlanda do Norte e no País de Gales. Funcionários públicos do setor da educação, incluindo professores, devem engrossar a mobilização.
A mobilização coordenada contará com o Sindicato Nacional dos Docentes (NUT) e o Sindicato dos Bombeiros (FBU), contra a reforma previdenciária e cortes salariais, os três maiores sindicatos de servidores públicos do Reino Unidos, Unison, Unite e GMB, o Sindicato de Servidores Públicos e Comerciais (PCS), e a Aliança dos Servidores Públicos do Norte da Irlanda (Nipsa), além de categorias ligadas ao transporte de Londres, como o metrô, com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e dos Transportes (RMT) e a Associação dos Funcionários Assalariados em Transporte (TSSA).
O NUT, que conta com cerca de 300 mil trabalhadores, se manifesta contra a reforma previdenciária e ganha o apoio de outras categorias por travar luta contra outros 10 ataques, incluindo campanha pela redução da carga horária e inspeção do trabalho, e contra a privatização e o sucateamento da educação pública, que tem cada vez menos profissionais qualificados e alunos que frequentam “escolas de lata” implantadas nos playgrounds dos colégios.
O investimento em educação tem sofrido cortes e o sexto grau de educação na Inglaterra chegou a perder 100 milhões de libras por ano.
Outras greves para o mesmo dia serão organizadas pelos servidores públicos municipais que fazem parte dos sindicatos Unite, Unison (governo local e funcionários da educação) e GMB (com cerca de 150 mil membros). As categorias enfrentam os mesmos problemas com a austeridade do governo que ofereceu apenas 1% de aumento salarial.
O PCS, com cerca de 270 mil trabalhadores, anunciou que fará parte da greve com os trabalhadores do funcionalismo público, com destaque para os ligados a setores responsáveis por emissão de passaportes e autoridades fiscais.
Este dia nacional de ações foi construído individualmente pelos diversos sindicatos, e a mobilização coordenada, apesar de apresentar diferentes pautas, traz consigo um tema em comum que é a luta contra a austeridade.
A ação do dia 10 de julho deve se consagrar como a maior greve geral desde a de 1926, que contou com a adesão de 1,7 milhões de trabalhadores durante a paralisação. Além disso, protestos serão realizados em cerca de 50 locais na Inglaterra e no País de Gales.
* Com edição do ANDES-SN
Segunda, 07 July 2014 13:54

Expediente da ADUFF, terça-feira, dia 8

A Diretoria da ADUFF-SSind comunica que, neste dia, em virtude do jogo do Brasil na Copa do Mundo, não haverá expediente no sindicato. Em caso de dúvida, faça contato pelo telefone (21) 36178200.

Talvez muitos não saibam, e outros pormenorizem, conforme a conveniência, mas hoje, em julho de 2014, o “Brasil democrático” que pouco tempo atrás comemorava meio século do fim da ditadura civil-militar, tem presos e indiciados políticos. Para citar apenas um exemplo, em Porto Alegre (RS) seis pessoas envolvidas diretamente na construção de lutas populares, em especial àquelas que tocam a pauta do transporte público e o repúdio à realização da Copa do Mundo, estão sendo acusadas por formação de quadrilha.
Anteriormente, a acusação era por formação de milícia, crime típico entre órgãos do Estado, em especial a polícia militar, e que consiste, resumidamente, na criação de organizações paramilitares de extorsão para com a população em troca de serviços, especialmente os de segurança. Curiosamente, desde que a lei que tipifica o crime de formação de milícia fora sancionada (Lei 12.720 de 2012) nenhum policial fora enquadrado a partir desse delito. Pois em Porto Alegre, seis pessoas foram judicialmente apontadas como “milicianos”. Algum tempo depois, a acusação “regrediu” para formação de quadrilha e o processo segue está tramitando no Judiciário. A resposta dos advogados que defendem os diferentes acusados é a mesma: não existem provas reais de tais acusações.
Se por um lado as acusações aos militantes da capital gaúcha ainda tramitam judicialmente, outro caso de bastante repercussão recentemente, e para citar apenas mais um exemplo, trata-se do servidor público e estudante paulista Fábio Hideki Harano, preso na penitenciária de Tremembé (SP) desde 23 de junho. A detenção de Hideki ocorreu em “flagrante” durante ato contra a Copa do Mundo em São Paulo. Entre as acusações estão posse ilegal de explosivo e resistência à prisão, argumentos colocados em xeque por diversas pessoas que acompanhavam Hideki durante a manifestação. Em vídeo, amigos do ativista, entre eles o Padre Julio Lancelloti, afirmam que o flagrante que “justificou” a prisão de Hideki foi absolutamente forjado (veja o vídeo aqui). Hideki teve sua prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) juntamente com o ativista Rafael Marques Lusvarghi (mesmo ambos sendo réus primários), sob a acusação de que representavam risco à ordem pública. Na última quinta-feira (3), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou liminar da Defensoria Pública de São Paulo que pedia a liberdade dos dois.

(Des) Tribunal Popular
Baseado em todo esse cenário de indiciamentos e prisões, além de toda a repressão policial, intensificada desde a explosão dos movimentos de junho de 2013, o Bloco de Lutas de Porto Alegre, com o apoio de outros coletivos e entidades, realizou na noite de quinta-feira (3), o “(Des) Tribunal Popular: a criminalização dos movimentos sociais no banco dos réus”. A atividade, realizada no auditório do Cpers Sindicato, é uma resposta nacional a repressão das lutas populares (que também não se trata de uma exclusividade regional) e teve diferentes momentos, de debate a apresentações culturais.
A abertura do evento, por sinal, foi realizada pela apresentação das 'Putinhas Aborteiras', coletivo anarquista e feminista, que apresenta músicas autorais que trazem como temática especialmente críticas ao Estado (e consequentemente à opressão promovida por este), à Igreja e especialmente às opressões que envolvem questões de gênero e sexualidade. A apresentação das Putinhas Aborteiras logo na abertura do “(Des) Tribunal”, por sinal, não foi fruto do acaso. O grupo esteve recentemente em destaque após a divulgação, através das redes sociais, de uma apresentação do grupo na TVE, o que causou revolta de diversos setores conservadores, especialmente da bancada do Partido Progressista na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O fato, inclusive, acabou na demissão de dois funcionários da emissora.
Nessa quinta, a apresentação do coletivo foi intercalada pela leitura de um texto no qual as integrantes do grupo se manifestavam, entre outros, a respeito do acontecimento com a TVE e citavam diversos dados sobre a violência contra mulheres. “Diante disso, não são nossas letras que deveriam causar choque, mas o que denunciamos em nossas letras”, afirmava um trecho da declaração lida em voz alta.
Após a apresentação do grupo, alguns vídeos denunciando a repressão policial e o ataque ao direito de manifestação foram exibidos. Já na sequência da atividade, o microfone esteve aberto a todos que quisessem relatar suas experiências envolvendo a perseguição aos movimentos sociais e outros grupos marginalizados. Por ali passaram representantes do movimento de moradores de rua de Porto Alegre, do setor jurídico do Bloco de Lutas, do  movimento quilombola, de sindicatos, de coletivos de juventude, do Comitê Popular da Copa entre outros. Nas falas, uma tônica permeava as diferentes manifestações, e abordava a articulação entre os diversos setores do Estado com o objetivo de reprimir e, em contrapartida, a necessidade de outra articulação, dessa vez da sociedade civil, com o objetivo de denunciar as violações de seus direitos.
Criminalização no banco dos réus
Encerrado o primeiro momento da atividade, foi composta, então, a mesa de debate que deu sequência às discussões. Na coordenação, estavam a arquiteta e integrante do Comitê Popular da Copa, Claudia Favaro, e o professor do curso de Educação Física da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), Billy Graeff. Já os debatedores eram o metroviário paulista, demitido na última greve da categoria, Paulo Pasin, o advogado e militante da Frente Quilombola Indígena e Popular, Onir de Araújo, e o integrante da Comissão de Direitos Humanos da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, Carlos Cesar D'Elia (mais conhecido por Dr. Vermelho). Além desses, o cartunista Carlos Latuff também compôs a mesa de debates, ilustrando em charges, feitas naquele exato momento, a discussão.
O primeiro a tomar a palavra foi o metroviário paulista, demitido na última greve da categoria, Paulo Pasin. Em sua exposição, Pasin destacou toda a estrutura do Estado voltada especialmente para a repressão aos trabalhadores e suas ferramentas de organização. Essa estrutura, aliás, não é exatamente uma novidade, e sim uma herança que os trabalhadores brasileiros trazem de muito tempo. “A ditadura caiu, mas os pilares do regime seguem até hoje”, destacou. Esse legado, segundo Pasin, está sendo convenientemente casado pela burguesia brasileira ao atual momento do país, com a realização da Copa do Mundo da Fifa, para atacar em diferentes frentes. Além disso, tudo que ocorre desde antes de junho de 2013, mas se intensifica após as grandes manifestações desse período, com a revolta das bases de trabalhadores contra direções sindicais pelegas, por exemplo, promovendo greves que resistem e saem vencedoras. Todos esses fatores aceleram ainda mais a necessidade de ataque por conta dos patrões. Nesse processo entram, por exemplo, as tentativas de acabar com o direito de greve, com o direito a organização sindical, entre outras liberdades democráticas.
Outro ponto que recebeu bastante destaque por parte do metroviário é a necessidade de articulação entre diferentes setores, especialmente entre diferentes categorias, que possam trazer um caráter classista para a resistência contra a criminalização dos que lutam. “O ataque que nós sofremos, no caso os metroviários, que é um ataque ao direito de greve, também ocorreu em outras categorias e tem um fundo. Toda essa questão agora, que nós estamos sentindo, de criminalização, de repressão, é porque o Capital se assustou muito  com as mobilizações e sabe que a classe trabalhadora organizada é o inimigo para eles. Por isso a perspectiva deles é tentar isolar e criminalizar o movimento”, aponta Pasin.
Estado Democrático de Direito
A segunda intervenção no debate ficou a cargo do advogado e militante da Frente Quilombola Indígena e Popular, Onir de Araújo, que destacou, especialmente, a insuficiência do Estado em administrar as grandes contradições de um país tão desigual. Nesse sentido, as diferentes instituições e instâncias dos governos cumprem um importante papel de manutenção da ordem estabelecida. “A Polícia Militar tem o papel exclusivo de ser uma tropa colonial de ocupação e contenção”, exemplificou Onir, para ir adiante e apontar o estado democrático de direito como uma evidente estratégia do Estado para iludir os trabalhadores a respeito de suas supostas garantias legais. “O estado democrático de direito sempre foi uma ficção jurídica. Ele não existe na periferia”, apontou. Aliás, a respeito da periferia, Onir destacou ainda o fato de que a repressão policial para os setores historicamente marginalizados não se trata de uma novidade. “O que aconteceu em junho (com a repressão às manifestações) foi que o asfalto começou a experimentar um pouquinho o gosto amargo do que é o estado democrático de direito nas periferias, favelas, quilombos, territórios indígenas”, ressaltou o advogado.
A insuficiência do Estado para dar conta das contradições da sociedade, a resposta através da organização da própria sociedade e, em uma contrarresposta urgente, a articulação do aparato repressivo do Estado para conter os ânimos revoltosos, também foi o eixo da manifestação do Dr. Vermelho, integrante da Comissão de Direitos Humanos da PGE/RS. Bons exemplos disso, segundo Dr. Vermelho, é a quantia crescente de Projetos de Lei que criminalizam as lutas, entre eles, a já amplamente conhecida Lei Antiterrorismo, e a pressa com que se tenta encaminhar essas votações. Para ilustrar um pouco do que representa esse processo legislativo contra os movimentos sociais, o integrante da PGE citou alguns dos artigos da Lei Antiterrorismo, com destaque especial para o que aponta como crime o ato de abrigar terroristas (em um conceito bastante nebuloso do que seriam esses terroristas), que já praticaram ou podem vir a praticar atos de terrorismo, com pena de 4 a 10 anos. Por fim, Dr. Vermelho destacou também o papel estratégico que desempenham os grandes conglomerados midiáticos nesse processo e a resposta necessária que os movimentos devem dar construindo estruturas alternativas de mídia.
Luta que segue
Após as manifestações dos que compunham a mesa, o debate foi aberto para manifestações do público. A partir daí, diversas foram as entidades, organizações e coletivos que tomaram a palavra e manifestaram suas opiniões, na grande maioria dos casos, ressaltando a necessidade de articular uma rede de solidariedade que lute em conjunto contra a criminalização das lutas de Movimentos Sociais e trabalhadores. Essa rede, conforme destacou Claudia Favaro, deve atuar dentro de alguns eixos essenciais para o próximo período, como por exemplo, a necessidade de articular pessoas que estejam ao redor das pautas jurídicas. “Entendendo que o grande legado da Copa para os que lutam é esse aparato repressor, nós precisamos se organizar para enfrentar isso”, apontou.
Nesse mesmo sentido de solidariedade e articulação, outra necessidade evidente é a de dar um caráter classista para a luta contra a criminalização e a repressão, já que essa representa não um ataque individual, conforme destaca a professora da faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, Laura Fonseca. “A questão central é compreender a criminalização como uma política de repressão à classe trabalhadora, uma forma dessa nova face da ditadura do Capital de oprimir e tentar encolher a luta da classe trabalhadora. Então, é fundamental que faça solidariedades pontuais, mas que possa enxergar a totalidade. Até porque esse estado de repressão, nós estamos vendo, não vai terminar com a Copa”. Fazendo coro à manifestação da professora, Billy Graeff destacou a importância do movimento docente nesse processo. “Esse é o momento do movimento docente retomar essa pauta, inclusive porque outros sindicatos, assim como o nosso vem sendo judicializado, mas outros vêm sendo com mais força, e nós já enfrentamos em nossa história esse tipo de processo. Então, o movimento docente tem muito a ajudar na construção dessa luta”.
Por fim, Rodrigo Brizolla, integrante do Bloco de Lutas e um dos seis indiciados por formação de quadrilha, aponta um horizonte de muito trabalho e luta. “A gente precisa estabelecer uma rede nacional, que já vem se formulando, mas nós precisamos é intensificar essa atuação, pra gente poder ter um mapeamento em nível nacional. Já se tem um trabalho realizado no sentido de buscar apoio internacional. Que a gente possa estabelecer uma resistência na defesa dos direitos constitucionais, na defesa dos direitos democráticos, que estão sob ameaça, não pela Copa do Mundo, mas pelo legado que isso deixa, pela necessidade que os governantes têm de estabelecer um controle cada vez mais sobre a população”.
Após as intervenções, o “(Des) Tribunal Popular” foi encerrado com a apresentação do rapper Ryan Soares e do cantor Eduardo Solari, que interpretou alguns clássicos da música de luta da América Latina. Entre eles estava, não por coincidência, “Canción con Todos”, de Armando Tejada Gomez, e mundialmente conhecida na voz de Mercedes Sosa, e que por acaso diz: “Todas las voces, todas Todas las manos, todas”.
* Com edição do ANDES-SN
* Foto: Sedufsm - Seção Sindical
A Dívida Pública Federal (DPF) apresentou, em maio, forte elevação de R$ 70,360 bilhões (3,43%) em relação a abril, atingindo R$ 2,122 trilhões, segundo dados divulgados, no final de junho, pelo Tesouro Nacional. O motivo foi o grande número de emissão de títulos por parte do governo, conforme a matéria publicada no portal de notícias da EBC.
Apenas em maio, R$ 59,25 bilhões foram emitidos em títulos da dívida pública. A maior parte, R$ 42,08 bilhões, correspondeu a títulos prefixados, ou seja, com juros fixos definidos com antecedência. Rodrigo Ávila, economista da Auditoria Cidadã da Dívida, aponta que “seguindo uma política neoliberal, o governo precisa, periodicamente, emitir novos títulos para obter recursos para pagar as dívidas que estão vencendo. O governo sempre precisa fazer novas dívidas para pagar os juros e amortizações (o principal da dívida) que entram em vencimento. Portanto, fica claro que não há saída dentro deste modelo econômico”.
O pagamento dos juros e amortizações da dívida é também garantido pelo Regime de Metas de Inflação, que prevê um controle da quantidade de moeda em circulação para que não haja a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. “Não se pode aumentar muito a quantidade de dinheiro na mão das pessoas, pois isso as deixaria com muita capacidade de compra, sem que haja produtos suficientes no mercado, configurando inflação. Além disso, o governo retira dinheiro de circulação também por meio da cobrança de tributos, que se expressa no aumento do preço dos alimentos, por exemplo. Mas para parar este círculo vicioso e questionar todo o estoque do endividamento. É preciso fazer uma auditoria sobre esta dívida”, diz Ávila.
O Orçamento Geral da União de 2014 foi sancionado pela Presidenta Dilma no início do ano, prevendo mais de R$ 1 trilhão para o pagamento da dívida pública federal, o que significa mais de 42% de todos os gastos. No que toca a educação, o governo federal previu destinar menos de R$ 90 bilhões (o que inclui todas as universidades federais, instituições de ensino técnico e outros gastos), valor este equivalente a onze vezes menos que o previsto para juros e amortizações da dívida pública federal. Haja vista essa diminuição dos recursos para a educação, mais uma vez, a comunidade educacional se mobilizou juntamente com outras categorias que defendem os serviços públicos de qualidade, destacando-se vários atos e greves por melhores condições salariais e condições de trabalho.
A matéria da EBC também esclarece que a dívida pública mobiliária – em títulos públicos – interna subiu de R$ 1,96 trilhão para R$ 2,03 trilhões, e a dívida pública externa encerrou maio em R$ 93,22 bilhões, com leve alta de 0,35% em relação ao valor de abril, quando tinha atingido R$ 92,9 bilhões. O economista da Auditoria Cidadã da Dívida afirma que “os números oscilam a cada mês, mas a dívida cresce ano a ano e explodiu nas últimas décadas. Ao final de 1994, a dívida interna federal era menor que R$ 100 bilhões, e no fim de 2013 já chegava aos R$ 3 trilhões. Os dados apresentados geralmente pelo governo – e repercutidos pela imprensa – apontam um valor bem menor, de cerca de R$ 2 trilhões, pois omitem os títulos emitidos pelo Tesouro que estão em poder do Banco Central (BC). A justificativa oficial para a omissão desta parcela da dívida é que seria uma dívida entre setores do próprio governo (ou seja, o Tesouro devendo ao Banco Central), porém, grande parte destes títulos são entregues pelo BC aos investidores privados, por meio das chamadas ‘Operações de Mercado Aberto’, que apesar do nome complicado, significam mais dívida pública, que paga os juros altíssimos aos bancos às custas do povo”.
Apesar dos dados do Tesouro Nacional apontarem que o custo médio da Dívida Pública Federal nos últimos 12 meses caiu de 11,52% para 11,29% ao ano, mostrando que esse indicador diminuiu de abril para maio, “se olhamos a tendência anual, e comparamos com um ano atrás (11,04% em maio/2013), vemos que o custo médio da dívida está, na verdade, subindo”, afirma Ávila.
De acordo com o economista, “este sistema privilegia os detentores de títulos da dívida, que são principalmente os grandes bancos e investidores. Por outro lado, perdem os trabalhadores, que dependem de serviços públicos essenciais, tais como saúde, educação, transporte, previdência, dentre muitos outros, cujos recursos são drasticamente reduzidos devido à priorização dos gastos com a dívida. Além do mais, os tributos no país oneram principalmente os trabalhadores e consumidores, enquanto o grande capital financeiro paga pouquíssimos tributos".
*Com informações: Portal EBC e Auditoria Cidadã da Dívida
Na ultima quinta-feira, dia 3, ocorreu no Tribunal de Justiça, sob presidência da Desembargadora Leila Mariano, audiência de Conciliação entre o Sepe/RJ e a prefeitura municipal do Rio de Janeiro. Mas não houve acordo sobre a suspensão dos inquéritos dos profissionais em estágio probatório. A prefeitura do Rio de Janeiro vem suspendendo os pagamentos de professores que participarão do movimento grevista.
A presidente não decidiu sobre o pedido de antecipação de tutela requerida pelo Sepe/RJ, indicando que quem avaliará o pedido será um desembargador sorteado para acompanhar o processo até o seu final, o que deve acontecer na nesta semana.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (SEPE-RJ), o departamento jurídico da entidade continua trabalhando na defeda dos profissinais.
Com informações do Sepe-RJ
A presidente Dilma Roussef vetou todas as emendas apresentadas pelo Congresso Nacional à Medida Provisória 623/2013 que tratavam da liberação sindical por meio da licença classista, assim como as emendas que versavam sobre o reajuste de algumas categorias do serviço público federal.
O debate sobre a licença classista é antigo e polêmico no Brasil. Com a aprovação da lei do Regime Jurídico Único (8112/1991) foi instituída a liberação sindical com ônus ao Estado. Porém, em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso a lei foi revista, e o ônus passou aos sindicatos. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva foi criada uma alternativa a partir de uma Mesa Nacional de Negociação Permanente, que foi mais adiante anulada - uma vez que esta instância foi desativada unilateralmente apesar do seu regimento publicado no Diário Oficial nunca ter sido revogado.
Em 2006, o governo federal avisou que o processo de negociação estava encerrado e que o ônus voltava aos sindicatos. “Nos avisaram que só negociariam a licença classista caso negociássemos também a regulamentação das greves e das negociações coletivas. Ou seja, era uma chantagem, que nos mostrava que só conseguiríamos a licença caso abríssemos mão do direito de organizar uma greve autônoma”, afirma Paulo Rizzo, que compunha a Mesa como presidente do ANDES-SN.
Rizzo também aponta que a verdadeira razão para o veto de Dilma à emenda não é financeira. “A explicação oficial é que a licença geraria um gasto de 145 milhões de reais anuais ao Estado. Mas, na verdade, a emenda foi vetada porque os sindicatos autônomos não querem negociar a regulamentação das greves. O que o governo quer é cercear o direito à luta sindical”, disse Paulo Rizzo.
Sobre a importância da licença classista com ônus ao Estado, Rizzo ressalta que ela é importante em um cenário em que os dirigentes sindicais têm muitas exigências de trabalho e dificuldades com horários. Também lembrou que a lógica do movimento sindical, ao contrário da do mundo do trabalho, não é pautada pelo empregador, e sim pelo próprio sindicato. “Se o governo convoca o sindicato para uma reunião em Brasília no dia seguinte, o diretor tem que ir, não importa onde esteja ou o quanto está trabalhando”, concluiu Paulo Rizzo.
A Direção da ADUFF, em 30 de junho, enviou à Ouvidoria do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região, uma moção de solidariedade à luta dos profissionais de educação do Rio de Janeiro e de repúdio às punições e retaliações que, por meio de uma manobra jurídica de aplicação de decisões judiciais da greve passada, tenta prejudicar o atual movimento paredista. Veja a moção abaixo.
Moção de solidariedade à luta dos profissionais de educação do Rio de Janeiro e contra todas as punições e retaliações
Nós, da Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense – ADUFF – Seção Sindical do ANDES-SN, nos solidarizamos com os professores e funcionários das escolas públicas da cidade e do Estado do Rio de Janeiro que lutam por melhores salários, condições de trabalho e ensino.

Repudiamos as ações do prefeito, Sr. Eduardo Paes, e do governador, Sr. Luiz Fernando Pezão, que, além de atacarem e reduzirem as verbas da educação, fazem uma série de ameaças aos trabalhadores das escolas públicas.

Exigimos do Prefeito e do  Governador o respeito ao direito de greve e o reconhecimento da Campanha Salarial de 2014 e seu movimento grevista. Neste sentido, repudiamos a manobra jurídica de aplicação de decisões judiciais da greve passada no atual movimento. Exigimos o atendimento de todas as reivindicações das categorias em luta, o fim de todos os processos de perseguição política e retaliações administrativas aos educadores grevistas.

Exigimos ainda a devolução dos valores referentes aos dias ilegalmente descontados pela prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Niterói-RJ, 30 de junho de 2014
Diretoria da ADUFF-SSind
Biênio 2014/2016
A Diretoria da ADUFF-SSind comunica que não haverá expediente no sindicato nesta sexta-feira, dia 4, em virtude do jogo do Brasil na Copa do Mundo. Em caso de dúvida, faça contato pelo telefone (21) 36178200.
Página 167 de 208