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Discursos da Aduff e do Sintuff na posse também defendem condições de trabalho e estudo; reitor fala em defesa da autonomia e propõe mesa permanente de negociação com sindicatos, mas se cala sobre Ebserh

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Na posse do novo reitor da Universidade Federal Fluminense, professor Sidney Mello, os sindicatos de docentes (Aduff) e técnico-administrativos da UFF (Sintuff) defenderam a autonomia e a democracia universitária, respeito aos diretos trabalhistas dos servidores, condições adequadas de trabalho, mais recursos para a assistência estudantil e a manutenção do Hospital Universitário Antônio Pedro sob a gestão pública da universidade, numa referência direta contra a ameaça de privatização via Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Representantes das duas entidades falaram após convite da Reitoria. Diretor da Aduff SSind, o professor Gustavo Gomes disse que o novo reitor toma posse diante de um cenário que aponta fortes contenções orçamentárias e desafios que só podem ser enfrentados com respeito à democracia e à autonomia universitária. Defendeu a manutenção do Hospital Universitário Antônio Pedro sob a gestão pública da UFF, que qualificou como "competente e capaz de empreender um serviço público de qualidade dentro do Sistema Único de Saúde".

Ao criticar as propostas de transferência do hospital para a Ebserh e de 'parcerias' com organizações sociais, disse que o Regime Jurídico Único deve ser respeitado e que é inadmissível que se abra espaço para contratações por meio da CLT. Gustavo afirmou que a manutenção da expansão e a interiorização, que já é uma realidade, exigem condições dignas de trabalho para servidores e estrutura para que os estudantes possam estudar e se manter na universidade. O dirigente da Aduff também mencionou a regulamentação da carreira e o acesso ao cargo de professor titular como desafios nos quais os docentes devem ser ouvidos e ter suas opiniões consideradas. "Isso vai nortear muito a carreira do docente", disse.

Eleições paritárias

Representando o Sintuff, Pedro Rosa inicialmente destacou a importância das eleições paritárias na UFF, mantida com muita luta e que nega "a ordem oficial do MEC, que tenta diferenciar técnicos, docentes e estudantes". Ele destacou o significado dos escândalos que envolvem a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos ligados ao governo Dilma Rousseff (PT) e disse que os efeitos dessa corrupção não estão dissociados da vida cotidiana das pessoas e das universidades públicas. "Interesses públicos se misturam com interesses mais perversos das empreiteiras. Isso é uma relação direta com nossa vida, com os salários, falta de dinheiro para pesquisa, para bolsas", afirmou.

Também foi enfático na defesa da gestão pública do Hospital Antônio Pedro e na crítica à Ebserh. "Os conselhos municipal, estadual e federal de saúde foram contra a Ebserh porque sabem que a privatização faz mal à saúde", disse. O diretor do Sintuff lembrou que há quatro anos os servidores e estudantes da UFF são um “bastião de resistência” à privatização do hospital.  O servidor ressaltou que a privatização ameaça também as pesquisas e a autonomia universitária - num país em que "90% das pesquisas são feitas nas universidades públicas, mas 80% dos alunos são do setor privado". Pedro Rosa defendeu ainda que os métodos adotados pelo professor Roberto Salles, que transmitia o cargo a seu vice, não se repetissem na nova gestão. "Não tem nada a ver com democracia, virou as costas para a comunidade acadêmica", disse.

‘Mesa de negociação’

Em seu discurso, o reitor Sidney Mello citou as entidades sindicais para dizer que pretende propor um processo contínuo de negociação, sem entrar em detalhes. "Vamos estabelecer uma mesa de negociação permanente com os sindicatos, como forma de diálogo aberto com a categoria", disse. O reitor disse ainda que o próximo ano será de uma realidade "dura" em termos orçamentários e que terá que ser "vencida". "O cenário não é o mesmo de um novo Reuni, o cenário que antevemos não é dos melhores no ponto de vista de aporte de recursos, mas não nos desmotiva. Graças aos recursos já comprometidos com o tamanho da UFF, vai ser a capacidade de gestão que vai nos colocar recursos de investimento na própria universidade", disse.

Ao longo de seu discurso, que durou cerca de 40 minutos, o reitor  mencionou a defesa da autonomia universitária e discorreu sobre uma série de aspectos da gestão que se inicia, mas, em momento algum, fez referência à Ebserh - apesar do assunto ter sido tratado com muita ênfase pelos sindicatos.

A íntegra da Carta da Aduff

COMPROMISSOS NECESSÁRIOS PARA UMA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
PÚBLICA, DE QUALIDADE E SOCIALMENTE REFERENCIADA

Hoje, 26 de novembro de 2014, inicia-se uma nova gestão na reitoria da Universidade Federal Fluminense. Diante da importância de tal evento, a ADUFF-SSind compreende que sua realização está para além das formalidades da posse, apresentando-se, sobretudo, como um momento estratégico para reafirmar o nosso compromisso com a defesa de uma universidade pública, de qualidade e socialmente referenciada e adensar a luta por uma UFF mais plural e democrática.

A expansão pela qual a UFF passou nos últimos anos a qualificou como a universidade federal do país com maior número de alunos, produzindo, assim, o ônus do aprofundamento de diversos problemas que deterioram as condições de trabalho e estudo na instituição, tais como: a dificuldade de assegurar ensino-pesquisa- extensão, número correspondente de docentes, discentes e técnicos administrativos e instalações e recursos apropriados para o desenvolvimento das atividades acadêmicas e de interlocução com a sociedade.

Diante disto, reiteramos a defesa incondicional do ensino público, gratuito e de qualidade, com condições de trabalho adequadas, abertura de vagas para docentes, entrega (em condição de uso) das instalações prometidas, investimento em bibliotecas e laboratórios, aumento da assistência estudantil, valorização da diversidade de saberes e experiências na careira docente e a defesa da interlocução qualificada entre a universidade e a sociedade. Assim, acreditamos que estes elementos constituem-se imprescindíveis na agenda político institucional da UFF.

A  ADUFF-SSind insiste na necessidade de um compromisso maior com a democracia interna, combatendo o autoritarismo, respeitando as instâncias deliberativas colegiadas e a autonomia das unidades, na defesa de um hospital universitário público – com a gestão da UFF e contratação dos seus servidores pelo Regime Jurídico Único –, garantia dos cursos de graduação presenciais e cursos não pagos na pós graduação lato e strictu senso.
Construir uma universidade socialmente referenciada e realizar uma expansão com qualidade que atenda às demandas da sociedade são compromissos necessários e urgentes!

Rio será sede do terceiro e último encontro regional da Comissão da Verdade, com debates que farão paralelo entre repressão a movimentos sociais e a universidade no período da ditadura empresarial-militar

DO ANDES-SN

O terceiro e último encontro regional da Comissão da Verdade do ANDES-SN será realizado nos dias 25 e 26 de novembro no Rio de Janeiro. O Encontro Sul e Sudeste tem como tema “A Ditadura Empresarial-Militar e a Repressão aos Sindicatos e aos Movimentos Populares”.

Antônio José da Costa, 1º vice-presidente da Regional Norte I do ANDES-SN e um dos membros da Comissão da Verdade do Sindicato, afirma que neste último encontro será enfatizado um paralelo entre a repressão na área urbana, os movimentos organizados, e as guerrilhas, com o que aconteceu dentro das universidades nesse período.

Segundo Costa, o período da ditadura militar no país (1964-1985) repercute até os dias de hoje. “Temos que pensar como isso influencia atualmente, estamos sentindo as consequências desse período agora”, disse em referência a crescente criminalização dos movimentos sociais.

Encontros

Os encontros regionais tiveram início na cidade de Belém (PA), o Encontro Regional Norte e Centro-Oeste da Comissão da Verdade do ANDES-SN ocorreu nos dias 23 e 24 de outubro. Depois foi a vez de Fortaleza, 13 e 14 novembro, receber o Encontro Regional Nordeste da Comissão da Verdade do ANDES-SN.

“No Norte e Nordeste discutimos questões vividas nessas regiões, no período da ditadura, como avanço do capitalismo, a presença da militarização, e a questão do genocídio. No Nordeste trabalhamos com a repressão da ditadura aos movimentos rurais”, explicou Antônio Costa.

O membro da Comissão da Verdade ressaltou a importância desses encontros. Para ele, é importante lutar, junto a outras entidades, pela revogação da Lei da Anistia (Lei n° 6.683/79). “Ela na verdade é mais para proteger quem fez essas atrocidades - todos os militares e pessoas que se envolveram diretamente na repressão – e não foram punidos. Na Argentina e no Chile tem todo um movimento para que essas pessoas sejam efetivamente julgadas por isso”.

A Comissão da Verdade do ANDES-SN foi criada a partir de aprovação no 32º Congresso do Sindicato, em março de 2013, no Rio de Janeiro. O encontro Sul e Sudeste é uma das etapas regionais preparatórias ao Seminário Nacional da Comissão da Verdade do ANDES-SN que ocorrerá em 2015.

Programação do Encontro

Dia 25

9h – Abertura do evento com a participação de representantes das entidades CNV do Andes-SN, Grupo Tortura Nunca Mais, Rede de CVs Universitárias, CNV do Governo Federal.

9h30min - Mesa “Ditadura e Universidade: caminhos para superar a herança autocrática”. Palestrantes: Francisco Miraglia (USP), Simone Silva (UFRJ), Enrique Serra Padrós (UFRGS).

11h – Debates

12h - Almoço

14h – Mesa “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça” - Sessão de Depoimentos. Ana Maria Ramos Estevão (Unifesp), Mariléa Venâncio Porfírio (UFRJ) e

Dora Santa Cruz (UFRJ)

18h30min - Atividade Cultural e Homenagens

Dia 26

9h - Mesa “Dispositivos autoritários e repressivos nos movimentos sociais contemporâneos”. Palestrantes: Thiago Mello, do DDH/RJ (Instituto Defensores de Direitos Humanos/Rio); Carlos Bittencourt, do IBASE/RJ (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas/Rio); e Vitor Lima Guimarães, do MTST/RJ (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto/Rio)

11h – Debates

12h – Almoço

14h – Plenária Final, com os Relatores e Encaminhamentos

17h30min – Encerramento

Serviço

Encontro Regional Sul e Sudeste da Comissão da Verdade

Data: 25 e 26 de novembro

Local: Auditório Manoel Maurício de Albuquerque, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ

Endereço: Av. Pasteur, 250 - Urca, Rio de Janeiro

Representantes das entidades sindicais no consulado do México, no Rio
foto: arquivo pessoal

Documento foi entregue pela Aduff, Andes-SN e CSP-Conlutas, entre outras entidades, no dia seguinte a megaprotesto na Cidade do México por desaparecimento
de estudantes normalistas


DA REDAÇÃO DA ADUFF
No dia seguinte ao que foi provavelmente o maior ato no México em protesto pelo assassinato de seis pessoas e desaparecimento de 43 estudantes, entidades sindicais da área de educação entregaram ao consulado deste país no Rio, na manhã da sexta-feira (21), um manifesto no qual se solidarizam com o povo mexicano e afirmam que esse crime não pode ficar impune.
O documento critica ainda a forma como as investigações estão sendo conduzidas pelas autoridades daquele país. A Aduff, representada pela diretora Sonia Lucio, participou da entrega do documento, assinado ainda pelo Andes-SN, Adufrj, Asduerj, Sinasefe, Sindscope e CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), dentre outras entidades.
Na véspera, na Cidade do México, a manifestação convocada por associações de estudantes, educadores e outras entidades reuniu uma diversificada multidão. Muitos carregavam cartazes com os dizeres “Fora Peña”, num ato de repúdio ao governo de Peña Nieto, acusado de ser conivente com os massacres dos estudantes à máfia das drogas. No Zócalo, praça central da cidade onde se encontra o palácio presidencial, dezenas de milhares de pessoas, segundo o correspondente do jornal espanhol “El País” Jan Martinez Ahrens, gritavam enfurecidas “vivos os levaram, vivos os queremos”.
A palavra de ordem que percorreu o país permanece mesmo após quase ninguém ter esperanças de que os 43 normalistas de Ayotzinapa, desaparecidos quando estavam em poder de policiais do município de Iguala, possam estar vivos. “Estão mortos, sabemos disso, mas, quando dizemos que os queremos vivos, o que pedimos é que não haja mais desaparecidos”, explicou um manifestante ao jornalista do diário espanhol.
A onda de protestos que se alastrou pelo México após o desaparecimento dos normalistas na noite de 26 de setembro se volta cada vez mais contra o governo central. “Foi um crime de Estado. O que aconteceu em Iguala, onde seis pessoas foram assassinadas, três delas estudantes, 20 foram feridas, uma delas com morte cerebral, e acabaram detidos-desaparecidos 43 jovens da Escola Normal Rural Isidro Burgos de Ayotzinapa, configura crime contra a humanidade”, escreveu o professor Carlos Fazio, da Universidade Nacional Autônoma do México, publicado pelo Centro de Análises da Conjuntura Econômica, Política e Social (Caceps), da Faculdade de Economia.

Na tarde de ontem (19), a direção da Aduff foi à reunião do CEP para apresentar o compilado de documentos elaborados pelos docentes da Universidade com sugestões, críticas e adendos à minuta que estabelece os critérios para a progressão de professor titular na UFF. Como definido em assembleia da categoria, a presidente do sindicato, Renata Vereza, pautou na reunião a necessidade de que esse material seja devidamente discutido antes de que a votação da minuta volte para a pauta do CEP.

"O número de propostas distintas é muito grande, o que nos indica que não há consenso na Universidade em relação ao texto que já está tramitando, que está atualmente na Projer. A gente sabe que esse texto não está em pauta, a gente veio aqui sabendo que não estaria em pauta justamente para reivindicar que haja tempo para que a gente faça a devida discussão sobre o assunto. Consideramos temerário que uma minuta com tantas condicionantes e problemas - apontados em documentos elaborados por professores e por departamentos inteiros - seja aprovado sem diálogo com os docentes", reiterou.

Atividade promovida pela Aduff e Sintuff debateu resistência conjunta a projeto que privatiza hospitais universitários e propôs preparar calendário de atividades
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Somar forças com todos os segmentos da comunidade universitária e buscar apoio nos movimentos sociais e usuários para enfrentar e deter a nova ofensiva nacional do governo para privatizar os hospitais universitários via Ebeserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Foi o que propuseram os participantes do debate promovido em conjunto pela Aduff, Sintuff e Fórum de Saúde no Bloco P do campus Gragoatá, na noite desta terça-feira (18).
Com a participação de cerca de 35 pessoas, a reunião fez uma reflexão sobre o momento atual na luta contra a privatização e traçou propostas para organização da resistência. E já se saiu dali com o consenso de que essa articulação tem que ser imediata e deverá se expressar em debates, campanhas nos campi e presença nas próximas sessões do Conselho Universitário (CUV) – que na quarta-feira (26) se reúne pela primeira vez tendo Sidney Mello como novo reitor.
Não se tem conhecimento, até agora, de nada oficial por parte da instituição no sentido de colocar a Ebserh em pauta. Mas sabe-se que o risco existe e que essa tem sido a tendência nos últimos meses nas universidades que vêm resistindo ao projeto do governo. “Temos que pensar como a gente pode estar juntos enfrentando a Ebserh”, disse a secretária-geral da Aduff SSind, Elisabeth Barbosa, ao abrir o debate. “É muito claro hoje que o Rio de Janeiro é um dos estados que mais resistem à Ebserh”, observou.
Experiências na UFRJ e na Unirio
O início da conversa teve relatos das experiências vitoriosas da luta na Unirio e na UFRJ, que barraram os projetos de adesão à Ebserh defendidos pelas reitorias dessas instituições. A presidente da associação dos docentes (Adunirio SSind), Viviane Narvaes, disse que a formação de uma comissão com representantes dos três segmentos universitários (docente, técnico-administrativo e discentes) espelhou uma unidade que foi decisiva para impedir que o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca aprovasse a Ebserh.
Viviane disse ainda que o apoio das demais sessões sindicais do Andes-SN no Rio, ajudando a lotar as sessões do Conselho Universitário convocadas para datas esvaziadas na universidade, também foi uma ajuda preciosa. “Temos que permanecer juntos e articulados para enfrentar o que virá por aí”, disse, ressaltando que o grande desafio que está colocado é buscar a “unidade”. Para isso, propôs ainda como tarefa trabalhar pela participação dos usuários e dos movimentos sociais nessa luta. “A Ebserh não é uma questão de universidade, é uma questão da classe [trabalhadora], é uma questão de saúde pública”, afirmou.
O processo de retirada da Ebserh da pauta da UFRJ, com a posterior eleição de um diretor para o Hospital Universitário que levantou a bandeira da luta contra a privatização, foi resumido por Romildo Bonfim, professor da Faculdade de Medicina e diretor do sindicato dos docentes (Adufrj SSind). Assim como Viviane, ele destacou o peso da mobilização unificada – expressada no ‘Consuni dos Mil’, como foi batizada a lotada reunião do conselho que derrubou a proposta. Mas assinalou que, naquela data, a conquista mais importante foi a perspectiva e o compromisso da instituição de que haveria empenho para recomposição de pessoal e concurso público. Romildo disse ainda que as experiências com essa empresa em universidades que aderiram ao projeto do governo têm fracassado. “Tenho conversado com reitores que aderiram à Ebserh e [hoje] estão em dúvida, porque os recursos não estão chegando”, disse.
Para a secretária-geral do Andes-SN, Claudia March, é essa falta de resultados positivos para apresentar que faz com que o governo corra para acelerar uma nova investida pró-Ebserh nas universidades que resistem, de modo que consiga empurrá-la antes que a verdadeira cara da proposta esteja totalmente exposta. “A gente tem uma guinada que é grave, a Ebserh está numa ofensiva de derrubar onde há resistência”, disse. “Eles querem fazer rápido porque a Ebserh já demonstra o que é”, completou.
O coordenador do sindicato dos técnico-administrativos da UFF (Sintuff), Pedro Rosa, também constatou que os resultados nos hospitais universitários que aderiram à Ebserh é ruim. “Onde foi [aprovado], teve desgaste político e não tem como dizer ‘está bom’”, disse. Para ele, o desfecho da situação no Rio será decisiva para a ‘queda de braço’ com o governo em torno da privatização. “Quero falar de resistência: aqui no Rio de Janeiro ele [o governo] foi derrotado em todos os locais em que tentou aprovar a Ebserh”, disse.
Morador de Niterói, o servidor técnico-administrativo da UFRJ José Rodolfo participou da atividade e reforçou a defesa da construção de uma unidade ampla que extrapole os muros da UFF e envolva a população de Niterói e, em especial, os movimentos sociais. “O histórico que temos é de que nesse período de início de governo é que os ataques são maiores”, disse, ao expor sua preocupação na reunião, concluída após 1h40min de conversa. “A gente vai ter uma conjuntura muito difícil. Temos que preparar calendários conjuntos de mobilização [para já]”, disse o professor Juarez Duayer, 2º vice-presidente da Aduff, quase ao final do debate.
Ato em frente ao Consulado do México, no Rio
foto: reprodução internet

Representantes de sindicatos da educação protestam no Consulado do México contra assassinato de estudantes. Manifesto será entregue a consulesa na sexta (21)

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Em torno de 7.500 quilômetros e pelo menos sete países separam o Consulado do México no Rio de Janeiro da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, onde estudavam 43 jovens desaparecidos na noite de 26 de setembro deste ano. Mas para a representação de sindicatos de profissionais da educação que foi ao consulado expressar indignação com o crime e solidariedade ao povo mexicano, distância e fronteiras nacionais são secundárias nesse caso.
“O que nos une é a defesa da escola pública e o legítimo direito de manifestação e expressão da classe trabalhadora”, disse, à reportagem, a servidora Sonia Lucio, professora do Serviço Social da UFF (Universidade Federal Fluminense) e dirigente da Aduff, no ato realizado na terça-feira (18), à tarde.  “Os governos querem nos calar usando todo tipo de armas. Temos que denunciar, para que não se alastre mais, isso pode acontecer com qualquer um de nós, com os nossos filhos”, disse.
Os servidores foram ao consulado entregar manifesto no qual condenam os assassinatos, pedem a investigação do caso, a punição dos responsáveis e o fim da repressão contra estudantes e trabalhadores do México. Nota explicativa do motivo do protesto foi distribuída aos transeuntes que passavam por ali. Um funcionário do local alegou que a consulesa, María Cristina de la Garza Sandoval, não estava e propôs marcar uma data para entrega do documento – o que deverá acontecer na sexta-feira (21), às 11 horas. Antes, a partir das dez, os sindicatos pretendem fazer nova manifestação em frente ao consulado, que fica na rua Machado de Assis 20, no Flamengo, na zona sul carioca. O manifesto é assinado pela Aduff, Adufrj, Sindscope, Andes-SN, Sinasefe e CSP-Conlutas, entre outras entidades.
‘Criminalização em toda América Latina’
O massacre no México ocorreu quando estudantes que se dirigiam a um ato público em Iguala, no estado de Guerrero, foram reprimidos por policiais do governo municipal. Seis pessoas foram mortas, das quais três eram estudantes, 25 ficaram feridas e 43 desapareceram sob a guarda da polícia local – o caso desencadeou uma onda nacional de protestos. Algumas semanas depois, a Procuradoria-Geral da República do México disse ter informações de que os estudantes foram mortos e os corpos, queimados.
Guerrero é um estado do sudoeste mexicano com cerca de 3,4 milhões de habitantes, cuja principal atividade econômica é o turismo. Os protestos se alastraram pelo país, mas é ali que são mais intensos. Faz poucos dias, o secretário de governo, Michel Ángel Chong, disse a mais de cem empresários, que se queixavam de prejuízos causados pelas manifestações, que aumentará a repressão a atos que as forças de segurança venham a considerar ‘violentos’, segundo informou o jornalista Lourival Santanna, enviado pelo jornal “O Estado de São Paulo” à região.
“É a mesma lógica presente em toda América Latina: diante das vozes que clamam por mudanças, os governos vêm apostando na via das repressões”, criticou Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de janeiro), citando, como exemplo, o que ocorreu no Brasil nos protestos de junho de 2013.  Enquanto segurava uma foto impressa numa folha de papel do estudante Magdaleno Rubén Lauro Villegas, de 19 anos, uma das vítimas do massacre de Iguala, Leher ressaltava a importância de demonstrar solidariedade. “Foram estudantes que lutavam pela educação pública. Que as autoridades do México saibam que o mundo todo está vigilante, não permitiremos que [a impunidade] de Tlatelolco se repita com Ayotzinapa”, disse, referindo-se ao massacre de estimados 300 manifestantes na Cidade do México, a maioria estudantes, em 2 de outubro de 1968, por tropas militares do então presidente Gustavo Díaz Ordaz Bolaños, a dez dias dos Jogos Olímpicos que aconteceriam naquela capital.
Governo brasileiro não se manifesta
Para Marinalva Silva Oliveira, 1ª vice-presidente do Andes-SN, as manifestações no Brasil e no mundo reforçam a solidariedade da classe trabalhadora e o combate à criminalização dos movimentos sociais. É também uma forma de pressionar o governo central do México a apurar o caso.  “Era uma luta por educação pública e de qualidade e foram [vítimas] de uma atrocidade”, disse.
O direito à vida e a luta contra violação dos direitos humanos levaram ao ato a argentina Fernanda Kilduff, doutoranda do Serviço Social na UFRJ. “Os estudantes eram politizados e estavam se organizando por seu direito ao estudo e foram mortos e torturados. É fundamental que esses atos se repliquem por toda a América Latina e no Mundo”, defendeu a estudante.
Na avaliação de Júlio Condaque, professor de história e representante da coordenação da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) na atividade, o que ocorreu no México foi um “crime de estado” e os organismos internacionais também precisam se posicionar, assim como o governo brasileiro, que até o momento não se pronunciou sobre o caso.  “É a criminalização internacional dos movimentos [socais]”, disse.
Quarta, 19 November 2014 11:59

Informe: expediente na Aduff!

Devido ao feriado da consciência negra e ao recesso da UFF no mesmo período, comunicamos que não haverá expediente na sede da Aduff nos dias 20 e 21 de novembro, respectivamente quinta e sexta-feira.

DO ANDES-SN

O ANDES-SN reafirmou sua posição crítica ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) por meio de duas notas divulgadas nos últimos dias. As notas, uma escrita pela diretoria do Sindicato Nacional, e outra pelo Comitê Nacional em Defesa dos 10% do PIB para a Educação Pública Já!, apontam os problemas e fragilidades do Enade e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). O Enade desse ano será realizado no domingo (23).

Para os movimentos sociais e sindicais ligados à defesa da educação pública de qualidade, o Enade distorce a noção de avaliação da educação pois, ao invés de avaliar os problemas para superá-los, ele ranqueia as melhores universidades para beneficiá-las com mais investimentos – punindo os cursos e universidades com piores notas. A obrigatoriedade de comparecimento na prova também é criticada nas notas, já que prevê a não concessão dos diplomas para os estudantes ausentes.

Outros pontos apontados como problemáticos no Enade pelos movimentos são o assédio moral aos estudantes que são responsabilizados por possíveis maus resultados, e o favorecimento à lógica empresarial que a divulgação dos resultados ranqueados geram.

Tiago Leandro da Cruz Neto, um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Política Educacional do ANDES-SN, aponta que o Sindicato Nacional defende uma avaliação contextualizada, que dê conta de superar os problemas avaliados, e que respeite as especificidades regionais. “Criticamos o Enade porque ele tem um caráter punitivo, desconsidera contextos sociais e regionais, e porque sua nota é utilizada pelas empresas da educação para publicidade e, inclusive, para justificar aumento de mensalidades”, afirma o docente.

Mariana Pércia, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL), defende o boicote ao Enade como forma de protesto contra esse modelo de avaliação. “O Enade é punitivo. Pune quem vai mal e aumenta investimentos em quem vai bem, o que cria uma lógica de ranqueamento. E isso acaba justificando ideologicamente a diminuição de investimentos públicos, exatamente o inverso do que defendemos”, diz a estudante.

Acesse o site do ANDES-SN (www.andes.org.br) e confira as notas do Sindicato Nacional e do Comitê Nacional em Defesa dos 10% do PIB para a Educação Pública Já!

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Foto: Luiz Fernando Nabuco

Docentes da Universidade Federal Fluminense estiveram reunidos em assembleia realizada ontem (18) pela Aduff S. Sind. para apreciar os seguintes pontos de pauta: 1) Informes; 2) Progressão, 3) Ebserh, 4)  Congresso do ANDES-SN, 5) Encaminhamentos.
Após os informes, os professores discutiram a progressão a titular. A mesa explicou que na última reunião do Conselho de Ensino e Pesquisa - Cep, a Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF - Proppi, Andrea Latge, se comprometeu a receber as propostas da categoria, apontando os critérios para a progressão a professor titular, entregues até o dia 12/11.  A Direção da Aduff S. Sind., que havia conclamado os professores a enviarem suas contribuições ao tema para o Sindicato, apresentou brevemente a sistematização das propostas recebidas, salientando que algumas delas apontam para a supressão da tabela de pontuação de atividades, indicando ainda que os departamentos deliberem sobre os critérios para a progressão conforme suas especificidades. Nesse sentido, os presentes aprovaram que a Aduff S. Sind. aponte ao Cep, durante reunião que será realizada nesta quarta (19), que se garanta que as propostas encaminhadas por diferentes Departamentos e Laboratórios da Uff sejam debatidas pela comunidade universitária. Do mesmo modo, foi deliberado ainda que se dê retorno da sistematização dessas propostas, e que seja elaborado um calendário de reuniões deliberativas.
Em relação ao segundo ponto de pauta, a mesa informou que após a assembleia haveria uma atividade para debater a Ebserh - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, contando com a participação de professores da Associação de Docentes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Adunirio, que tem se posicionado contra a privatização do Hospital Universitário. A direção da Aduff destacou a luta empreendida pelas diferentes Seções Sindicais do Rio de Janeiro para barrar a contratação da Ebersh pelas Instituições de Ensino Superior neste Estado. Assim, foi encaminhado que se fortaleça a mobilização contra a Empresa em questão, reafirmando a necessidade de participar da próxima reunião do Conselho Universitário - CUV, dia 26/11, às 8h, na Geociências, independentemente de o assunto estar ou não em pauta.
Quanto ao terceiro ponto da assembleia, a mesa informou que o 34º Congresso do ANDES-SN acontece no período de 23 a 28 de fevereiro de 2015, em Brasília, tendo como tema "Manutenção e Ampliação dos direitos dos trabalhadores: avançar na organização dos docentes e enfrentar a mercantilização da educação". Lembrou ainda que o prazo para envio de contribuições ao Caderno de Textos se encerrava no dia 18/11. Explicou que, ainda neste semestre, será agendada uma assembleia que tenha como ponto de pauta a eleição de delegados e observadores para o evento, destacando a importância de que a Aduff esteja representada na instância deliberativa mais importante do Sindicato Nacional.

Embora ainda não tenha sido divulgada a pauta da reunião do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP), a Aduff convoca todos os docentes para estarem presentes às 16h desta quarta-feira, dia 19,  na Reitoria (3°andar) e exigir o debate amplo sobre os critérios de progressão para professor titular. Vale ressaltar que o sindicato continua recebendo as contribuições dos docentes à minuta e irá aproveitar a reunião para reivindicar que todo o material produzido pelos professores com sugestões e críticas ao documento atual seja amplamente debatido e considerado na elaboração da minuta final na UFF.

Manifestação em solidariedade às lutas dos estudantes e trabalhadores mexicanos será nesta terça-feira (18), às 14h, na rua Machado de Assis, no Flamengo

DA REDAÇÃO DA ADUFF
(com dados do Andes-SN)
Solidariedade ao povo mexicano e repúdio à conivência e participação das autoridades daquele país no massacre contra estudantes que apenas exerciam o direto de protestar. É isso que os manifestantes que vão ao consulado do México no Rio, nesta terça-feira (18), vão expressar no ato organizado CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), pela Aduff-SSind e outras entidades sindicais da área de educação para às 14 horas. O consulado do México fica na rua Machado de Assis, no Flamengo.

Em setembro, estudantes que protestavam em Iguala, no estado de Guerrero, teriam sido mortos pela polícia local provavelmente em parceria com narcotraficantes. Seis pessoas, dentre elas três estudantes Escola Normal Raúl Isidro Burgos, de Ayotzinapa, foram assassinadas. Outros 43 estudantes desapareceram enquanto estavam sob responsabilidade do governo e da polícia locais, mas a Procuradoria-Geral do México já revelou que os jovens foram mortos e tiveram seus corpos queimados.

Na sexta-feira (14), o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais entregou um manifesto à embaixada do México, em Brasília, criticando o ocorrido e defendendo o respeito aos diretos humanos e à liberdade de manifestação naquele país. O governo central do país vem sendo alvo de protestos por não ter agido para conter o avanço da violência contra os trabalhadores e estudantes e por ajudar a reprimir as mobilizações.

As entidades que assinam a nota se mostram preocupadas com a violência e se solidarizam com a dor das famílias, amigos e companheiros dos estudantes. O documento ressalta que os mexicanos precisam ter o direito a liberdade e justiça e cobram a aparição e identificação dos corpos dos 43 normalistas, o fim de represálias e hostilidades aos estudantes de todo o país. O governo central do país vem sendo alvo de protestos por não ter agido para conter o avanço da violência contra os trabalhadores e estudantes.

De acordo com Francisco Jacob Paiva da Silva, 1° secretário do Andes-SN, que participou da entrega da nota à embaixada, o ato também expressou a solidariedade internacional entre os trabalhadores da educação e estudantes. “Viemos aqui para demonstrar nosso apoio à luta dos mexicanos, para exigir a apuração e a punição dos responsáveis pelos assassinatos”, disse o docente. Jacob disse ainda que a criminalização dos movimentos sociais que lutam por seus direitos cresce no continente e precisa ser combatida pelos trabalhadores.
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