Abr
04
2024

Servidores vão às ruas e cobram governo, 'que nega pautas apesar de já ter admitido margem no orçamento'

Docentes, estudantes e técnicos da UFF participaram da manifestação que ocorreu no Centro do Rio e busca unificar as lutas e as greves do funcionalismo

 

 

Manifestantes que participaram dos atos nesta quarta-feira, dia 3 de abril de 2024, afirmaram em recorrentes momentos que já é de conhecimento público, e o próprio governo federal fez questão de divulgar, que houve aumento de arrecadação no primeiro trimestre do ano. Há, portanto, recursos orçamentários para atender ao menos parte das pautas da campanha salarial unificada do funcionalismo público federal.

"A categoria sabe que o governo tem dinheiro em caixa, que o governo tem possibilidade de negociação, porque o governo tem lastro financeiro para esta negociação", disse, à reportagem da Aduff, a professora Cláudia Piccinini, da Regional do Rio do Andes-Sindicato Nacional. "E o [governo] não faz nem essa pauta financeira [avançar], nem aquela pauta que não exige financiamento, não exige dinheiro público, [dinheiro] que é o grande motivo, abre aspas, das negociações não avançarem", complementou.

Ao lado de outros docentes e servidores de outras áreas, assim como estudantes, Claudia aguardava, próximo à Igreja da Candelária, a saída do ato que ocorreu no Centro do Rio de Janeiro. O protesto integra o dia nacional de mobilizações e paralisações da campanha salarial convocado pelo Fórum Nacional dos Servidores (Fonasefe) para esta data. 

Na UFF, os servidores técnicos e técnicas administrativas estão em greve desde o dia 11 de março. Já os servidores e servidoras docentes estão construindo a greve. A Diretoria da Aduff-SSind convocou assembleia geral, descentralizada e simultânea, para o dia 9 de abril, às 14h30min, na qual a categoria decidirá sobre um indicativo nacional, aprovado na reunião do setor do Andes-SN, de iniciar a paralisação a partir do dia 15 de abril.

Ato no Rio

A passeata percorreu a av. Rio Branco e terminou com uma manifestação na Cinelândia, em frente à Câmara de Vereadores, tradicional espaço de protestos políticos e sindicais na cidade.

"Os dados fiscais que o governo faz questão de divulgar já demonstraram que há recursos sim para o governo negociar", disse o também professor Sandro Justo, do Colégio Pedro II, categoria que entrava em greve por tempo indeterminado naquele dia, se unindo aos técnicos e técnicas das instituições federais de ensino, em greve desde o dia 11 de março. 

Dirigente da seção sindical da categoria que faz parte (Sindscope), falando de um carro de som secundário pouco antes da manifestação conjunta começar, Sandro ressalta que a greve, que avalia que começou forte no CPII, deve-se à recusa do governo em dar respostas. 

O governo se recusa a tratar a mesa de negociação, disse, como um espaço realmente de negociação, apesar dos nítidos sinais fiscais que, apesar do contestado teto de gastos em vigor, previsto no Arcabouço Fiscal, permitiria negociar ao menos parte das demandas reivindicadas.

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Condições de trabalho e de estudo

Professora da Faculdade de Educação da UFF, Zoia Prestes também defendeu a construção desta mobilização conjunta e a urgência da participação de docentes. "Eu acho que é importante porque a gente está em uma situação muito precária trabalhando nas universidades", disse.

"A gente não está falando somente pelo reajuste, que nosso salário está super defasado. Mas principalmente pela precariedade dos prédios. Se você pega a Faculdade de Educação da UFF hoje, são três elevadores e [apenas] um funcionando precariamente que você não consegue nem subir. A gente não consegue recursos para fazer seminários ou organizar eventos", explicou, também mencionando, como pontos de pauta importantes, a revogação de várias leis ou medidas infralegais que atingem negativamente os servidores e a população trabalhadora. 

"A gente está lutando pela revogação destas leis, principalmente o [Novo] Ensino Médio, e a lei da Previdência, que está atingindo a gente em cheio", destacou.

'Mesa não avança'

O diretor da Aduff-SSind João Claudino, professor na UFF Rio das Ostras, também lamenta os rumos dados pelo governo Lula para o processo de negociação. "A gente já tem mais de um ano pautando as nossas necessidades. O governo fez a Mesa Nacional de Negociação Permanente mas não avançou nas pautas. Em todas as reuniões, o governo não atende nem as pautas que não são remuneratórias", disse à reportagem.

"Chegou um tempo em que os movimentos, os servidores, os estudantes, entenderam que é preciso fazer uma pressão mais incisiva. Há muito descontentamento e a necessidade dessa precisão mais incisiva nos leva a [construir] a deflagração da greve", defendeu.

"Esse ano foi definido reajuste zero para os servidores, e tem algumas categorias que ele atendeu. Então é preciso uma pressão mais incisiva", criticou, referindo-se, principalmente, a setores ligados à área policial, que conformam a maioria do contingente de servidores atendidos.  

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho