Abr
03
2024

Docentes, técnicos e estudantes da UFF/Niterói realizam travessia conjunta para ato unificado do funcionalismo no Centro do Rio

Dia Nacional de Mobilização e Paralisação | No Rio de Janeiro, servidores públicos vão às ruas por melhores condições de salário e de trabalho 

O Dia Nacional de Mobilização e Paralisação, construído pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), será marcado por atos em diversas capitais do país. No Rio de Janeiro, profissionais do setor vão às ruas por melhores condições de salário e de trabalho nesta quarta-feira 3 de abril, que terá início na Candelária, às 16h.  

Pouco antes do ato na cidade do Rio, um grupo de técnicos-administrativos da UFF, em greve desde 11 de março, se encontrou no campus do Gragoatá para ir até a estação das barcas, no Centro de Niterói. Em seguida, encontraram docentes e estudantes para realizarem travessia conjunta à manifestação. 

Na capital fluminense, o ato unificado é convocado pelo Fórum dos Servidores Públicos do Rio de Janeiro, tendo as seguintes reivindicações: defesa do serviço público; recomposição salarial; valorização das carreiras e recomposição do orçamento da Educação Pública, asfixiado por uma política de austeridade fiscal iniciada em outras gestões mas que, até o momento não foi sanada.

Além disso, servidores públicos pedem a revogação de medidas como o Novo Ensino Médio; das contrarreformas da Previdência e o arquivamento da PEC 32, a da Reforma Administrativa; a abertura da Mesa Setorial da Educação; o respeito à autonomia universitária e o fim da lista tríplice, o fim da Instrução Normativa IN 66, que prejudica o processo de progressão funcional de docentes. 

Campanha Salarial

Ao longo de 2023, não houve avanços salariais no âmbito da Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP). O governo não apresentou resposta concreta às reivindicações do funcionalismo por reajuste salarial ainda em 2024 e de equiparação dos benefícios com os demais poderes. Ao final do ano passado, o governo Lula sinalizou com 0% de reajuste salarial para 2024, e de 9% parcelado para os dois anos seguintes, sendo 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026. Propôs um reajuste no auxílio alimentação e no auxílio creche que não contempla aposentados e pensionistas e o aumento de R$71 no auxílio-saúde, que saltaria de R$144 para R$215.

A proposta do governo foi criticada por entidades representativas do funcionalismo público, a exemplo do Fonasefe, que conta com a participação do Andes-SN. O conjunto dos servidores públicos federais defende reajuste salarial de 7,06% anual em 2024, 2025 e 2026 para o grupo 2 (da qual faz parte a categoria docente), além da equiparação dos benefícios com os demais poderes. 

Assembleia na UFF vai discutir indicativo de greve docente para 15 de abril

A Diretoria da Aduff-SSind convida os e as professoras da UFF para a assembleia geral da categoria, novamente descentralizada e simultânea, no dia 9 de abril (terça-feira), às 14h30min. Em Niterói, a assembleia acontece no auditório do Instituto de História (Bloco P), no campus do Gragoatá (Niterói). Os locais da assembleia descentralizada em outros campi da UFF serão divulgados em breve nos canais de comunicação da Aduff-SSind.  

A assembleia terá como pontos de pauta: 1) Informes; 2) Indicativo de deflagração da greve do ANDES-SN para o dia 15 de abril; 3) construção de pautas locais.

Mobilização necessária

Para Nazira Camely, docente da Faculdade de Economia da UFF, a mobilização é um movimento necessário, dado o contexto de precarização da universidade, que afeta as condições de trabalho dos servidores públicos e a permanência de estudantes em seus cursos.

"Os técnicos-administrativos estão em greve desde o dia 11 de março. Ontem, na plenária conjunta dos três segmentos, no Pilotis da UFF, já se falava em 63 universidades federais com greve dos técnicos-administrativos", disse.

Nazira criticou o fato de algumas pessoas, no senso comum, dizerem que "professores adoram fazer greve" - como se fosse um momento de recreação e descanso. "Fazer greve é muito difícil, mas a greve é um instrumento de luta da classe trabalhadora, e nós somos classe trabalhadora", afirmou.

Para ela, para além da questão salarial, as precárias condições de funcionamento estão inviabilizando o trabalho de professores e professoras, técnicos e técnicas, nas instituições públicas. "Podemos anotar quantas vezes a gente chega num prédio e não tem uma condição mínima de trabalho porque o elevador está quebrado, falta de internet, falta de ar-condicionado. Para se ter ideia, em novembro de 2023, num prédio da Economia, os alunos fizeram uma greve por conta da insalubridade (não ter ar-condicionado, quando, à época, ocorria uma onda de calor no estado do Rio de Janeiro)", contou. 

De acordo com Nazira, em janeiro deste ano, a sensação térmica no campus do Gragoatá era de aproximadamente 60 graus. "Até aqui, no estabelecimento comercial ao lado, tem um ar-condicionado", disse.

Para ela, é preciso ainda que a comunidade universitária se atente à evasão dos estudantes no pós-pandemia. "Nada contra os homens estudarem, mas historicamente a gente olhava para uma sala de aula na Economia e os grupos eram mistos. Agora, é predominantemente masculina. Por que isso acontece? A meu ver, as mulheres são muito mais afetadas pelas condições econômicas tanto na pandemia quanto no pós-pandemia. Muitos provedores financeiros ou os provedores do cuidado faleceram. E, às vezes, quem assume esse cargo são as mulheres. Mas tanto garotos quanto mulheres não estão em condição de vir pra universidade e a evasão é enorme", alertou. 

Segundo Nazira, o momento aponta para a deflagração nacional da greve dos docentes. "O nosso sindicato é um sindicato histórico de luta que tem um papel fundamental na defesa da universidade pública nesse país. O Andes-SN e a Aduff, creio, seguirão esse caminho. Estou certa e segura que, com essa mobilização, a nossa assembleia da terça-feira (9) vai caminhar na direção de uma decisão combativa", considerou.

Da Redação da Aduff
Foto: Jesiel Araújo/Sintuff

 

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