Ago
22
2023

Aduff leva apoio à luta contra a privatização de espaço público da UFRJ

Manifestação 'A UFRJ Não Está à Venda', no campus Praia Vermelha, defendeu suspensão do processo de cessão de área para setor privado, apontado como pavimentação do caminho para mais privatizações 

Manifestantes posam para foto, durante o ato no campus da UFRJ na Praia Vermelha Manifestantes posam para foto, durante o ato no campus da UFRJ na Praia Vermelha / crédito: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

A pavimentação de um caminho que poderá levar a mais privatizações nas universidades públicas do Brasil. Essa avaliação perpassou o ato que defendeu a imediata suspensão do processo de cessão à iniciativa privada de uma área de 15 mil metros quadrados no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Praia Vermelha.

Fotos do ato na Praia Vermelha - clicar aqui para acessar na página da Aduff no Facebook

A Aduff participou da manifestação, que reuniu trabalhadores e estudantes, artistas, moradores do entorno, apoiadores da causa e parlamentares na área conhecida como 'Campinho' do campus, que poderá ser transformada num grande estacionamento para uma casa de shows privada. 

"Venho prestar solidariedade aqui da Aduff contra a privatização desse espaço, importante estarmos juntos resistindo", disse, ao falar no ato, o professor Rafael Dias, diretor da Associação dos Docentes da UFF - seção sindical do Andes-SN (Aduff). 

Ao expressar a solidariedade a esta pauta, o professor da UFF mencionou a importância das lutas que reivindicam a manutenção do caráter público de espaços territoriais cobiçados pelo mercado. Mencionou, então, a resistência da população negra por espaços comuns, "de quilombo", fazendo uma homenagem à ialorixá Mãe Bernadete Pacífico, assassinada a tiros, na véspera, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.  

"Importante reverenciar estas mulheres negras que lutam por terra e território no Brasil, que lutam pelo espaço comum. E é o que estamos fazendo aqui; contra a especulação imobiliária, contra a voracidade do mercado em relação à universidade", disse Rafael. "A universidade esteve nos anos de Bolsonaro sob ataque e, hoje, a privatização dos espaços na universidade continua", finalizou.

O cineasta Silvio Tendler e o ator Eduardo Tornaghi, ex- -aluno da universidade, participaram do ato e declararam apoio à luta 'contra a privatização de um espaço público da universidade'. Também estiveram no ato os deputados federais do Rio Glauber Braga e Chico Alencar e a vereadora Luciana Boiteux, todos do PSOL. Chico e Luciana são ainda professores licenciados da universidade.

O ato teve um momento lúdico e cultural com a expressiva apresentação do Grupo MuDança, formado por pessoas em tratamento no Ipub (Instituto de Psiquiatria da UFRJ), com professores da Escola de Música.

Ensino, pesquisa e extensão 

A professora da UFRJ Cláudia Piccinini, representando a Regional do Andes no Rio de Janeiro, disse que essa resistência à privatização é também uma luta de resistência às políticas neoliberais na educação, que tentam impedir a entrada da classe trabalhadora nas universidades públicas. Disse ainda que o uso de eufemismos não consegue esconder o que de fato está ocorrendo: 'trata-se de privatização de um espaço público, privatização da universidade'.

A professora Marinalva Oliveira, que integra a organização do movimento 'A UFRJ Não Está à Venda', disse que essa luta vai continuar e seguirá pressionando a reitoria a rever a sua decisão. “Não vamos ceder nenhum espaço da UFRJ que não seja para ensino, pesquisa e extensão. A universidade é um patrimônio público e não vai ser transformada em área privatizada”, disse.

Diretora da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, a professora Kátia Gualter disse que há três anos a unidade abraçou a luta contra o projeto da Reitoria, que atinge uma área utilizada também para práticas esportivas. “Esgotamos todos os canais institucionais, mas não fomos ouvidos pela UFRJ, então fomos à Câmara de Vereadores. Há mais de 50 anos desenvolvemos projetos de ensino, pesquisa e extensão nesta área”, disse a docente.

“Esta atividade é muito importante, porque mostra a união da comunidade universitária em defesa do patrimônio público. O movimento 'A UFRJ Não Está à Venda' está articulado com outros movimentos para garantir que essa área continue sendo usada para ensino, pesquisa e extensão”, disse Marta Batista, coordenadora-geral do Sintufrj, o sindicato dos técnicos administrativos na universidade. 

Dirigente do DCE Mário Prato, da UFRJ, a estudante Isadora Camargo criticou regras fiscais que atacam os serviços públicos e disse que os recursos para manutenção e investimento nas universidades públicas precisa sair do orçamento público. “É muito simbólico o que está acontecendo hoje aqui. A denúncia é a luta pela recomposição orçamentária, contra o teto de gastos e o arcabouço fiscal. É com o orçamento público que resolveremos os problemas, as demandas da UFRJ de estrutura e permanência de alunos”, disse.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

 

Manifestantes posam para foto, durante o ato no campus da UFRJ na Praia Vermelha Manifestantes posam para foto, durante o ato no campus da UFRJ na Praia Vermelha / crédito: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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