Ago
08
2016

Em ato em Copacabana, cariocas denunciam: “O legado que vai ficar é uma cidade com menos direitos”

Na sexta (05), dia da abertura oficial dos Jogos Olímpicos Rio-2016, cerca de 8mil manifestantes reuniram-se na Av. Atlântica e impediram a passagem da tocha olímpica pela orla

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Convocado pela Frente Povo Sem Medo, pela Frente Brasil Popular, pela Frente de Esquerda Socialista, pela Plenária dos Trabalhadores em Luta-RJ e pela CSP-Conlutas, o ato "Fora Temer! Nenhum direito a menos! Contra a calamidade olímpica!” teve início na manhã da sexta (05), em frente ao Copacabana Palace, e terminou na altura do Posto 6, por volta das 15h30. A mobilização popular impediu a passagem da tocha olímpica pelo local.

Às 16h do mesmo dia, ato convocado pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, com o mote “Rio 2016 – Os Jogos da Exclusão” se concentrou na Praça Saens Penã, na Tijuca (nos arredores do Maracanã, onde aconteceria a cerimônia de abertura). Duramente reprimida pela Força Nacional, a manifestação – que contou com a participação de cerca de 2mil pessoas - ainda seguiu  pelas ruas Haddock Lobo e Campos Sales, até a Praça Afonso Pena, mas foi dispersada, à força, por volta das 18h.

Os atos de rua no dia da abertura oficial das Olimpíadas  mostraram que os jogos serão momento de denúncia dos processos de violações de direitos em nome dos megaeventos, de resistência aos ataques aos direitos sociais e à privatização da cidade e de protesto ao governo interino de Michel Temer (PMDB).

“Este ato pretende denunciar não só para o Brasil, mas para o mundo todo que está com os olhos na cidade do Rio de Janeiro que em nosso país há um governo ilegítimo, um presidente que não recebeu voto de ninguém. E mais do que isso, que quer aplicar um programa de retrocessos que também não representa o povo brasileiro. Há um golpe institucional acontecendo no Brasil e nós temos que quebrar a barreira da mídia brasileira que não diz coisa alguma a esse respeito”, ressaltou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulous, representando a Frente Povo Sem Medo no ato pela manhã, em Copacabana.

Boulous também criticou o legado de exclusão dos Jogos Olímpicos, no país. “O que os trabalhadores e as trabalhadoras do Rio de Janeiro estão recebendo com esses jogos se chama despejo, se chama remoção, se chama militarização da cidade e se chama também aplicação dos recursos públicos em questões que não são prioritárias para o povo da cidade”, disse.

Um exemplo emblemático da calamidade olímpica no Rio é a UERJ. A poucos metros do estádio do Maracanã, onde aconteceu a abertura oficial das Olimpíadas, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro está fechada e sucateada pela falta de investimento público. Denúncias de violações de direitos humanos também vêm sendo feitas pelos movimentos sociais desde os Jogos Pan-Americanos de 2007. De acordo com dados do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, mais de 70 mil pessoas foram removidas de suas casas devido à organização do megaevento.  Ao contrário do que diz o governo, os megaeventos esportivos não significaram melhorias para a cidade e para a população.

“Continuaremos nas ruas contra as remoções, contra a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, contra o estado de calamidade pública perpetrado a partir das dívidas contraídas para fazer essas obras que estão caindo antes das Olimpíadas começarem. O legado que vai ficar é uma cidade com menos direitos, é uma cidade mais endividada, que despeja e mata pobre todo dia. A resposta que a gente pode dar é lutar, lutar e lutar”, ressaltou a integrante do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas,

Por Lara Abib

Foto: Zulmair Rocha