Ago
01
2016

Prédio Multiuso em Rio das Ostras faz ‘aniversário’: dois anos fechado

Reitoria prometera entregar o prédio, após resolver problemas que levaram à interdição logo após ser inaugurado, em novembro de 2015.
Da Redação da Aduff
Por Niara Aureliano, enviada a Rio das Ostras
Entramos no segundo semestre de 2016 e o esperado prédio Multiuso da UFF em Rio das Ostras continua fechado. Interditado pela própria Reitoria logo após a inauguração em 2014, o bloco foi construído sem rede de esgoto e interditado por não contar com rampas ou elevadores para garantir a acessibilidade e por problemas na rede elétrica (a estrutura não comportava a instalação de ar-condicionado e outros equipamentos).

O prédio que completou dois anos fechado tinha previsão de reabertura para novembro do ano passado. Ao menos foi o que afirmou o pró-reitor de Administração, Néliton Ventura, à reportagem do Jornal da Aduff em junho do ano passado, durante uma das visitas do Comitê Gestor criado pela Reitoria aos campi fora da sede da Universidade Federal Fluminense.

Dívida com a Ampla

Prestes a completar nove meses do novo atraso, o Multiuso, que abrigará o instituto de Ciências e Tecnologias, passou por algumas obras: foram instalados um transformador e um elevador, mas o prédio permanece sem funcionar. O motivo seria uma dívida de R$ 1 milhão que a UFF teria com a concessionária de energia elétrica Ampla. A empresa se recusaria a religar a energia até que a conta seja paga.

Docentes, estudantes e técnicos da unidade cantaram ‘parabéns’, com direito a bolo de aniversário, para os dois anos de não funcionamento do prédio no “Dia de Mobilização e Luta pelo Futuro da Educação Superior”, promovido em 13 de julho, na UFF em Rio das Ostras. Os manifestantes exigiram a reabertura do Multiuso o mais rápido possível.

A informação que circula no campus é que a UFF estaria negociando a dívida com a Ampla. A reportagem do Jornal da Aduff solicitou por e-mail à Pró-Reitoria de Administração informações sobre a reabertura do prédio, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.

Outros problemas

Novo, mas já precário, o Multiuso conta com outros problemas. De acordo com o docente, as salas são enormes – cabem em média 120 alunos, quando as turmas dos cursos na unidade costumam ter 40 alunos –, o que gera um problema de acústica. O imóvel foi ainda construído sem um espaço de convivência para a comunidade universitária e não conta com mobília suficiente.

A planta aprovada do prédio previa três andares, mas só dois foram construídos. A falta de verbas teria ainda impedido a Reitoria de colocar divisórias com isolamento acústico para potencializar o espaço do bloco. Também não haveria equipamentos de som e vídeo para suprir a demanda.

Planta original

As reivindicações da comunidade universitária com relação à infraestrutura, porém, vão além do funcionamento do prédio Multiuso. A comunidade exige ainda a construção dos blocos A, B e C, que estavam na planta inicial do campus de Rio das Ostras, e que contava até com um teatro. Os prédios foram cortados do projeto inicial com a justificativa de falta de verbas.

"Ainda estamos na luta pelos blocos A, B e C. O Multiuso para nós não é o fim da luta, é o começo. É um suprimento provisório mais avançado que os contêineres”, disse Edson Teixeira, professor do Serviço Social e diretor da Aduff-SSind. “Embora haja toda essa precariedade, há uma qualidade de ensino, pesquisa e extensão que deve ser ressaltada. Esses blocos atenderiam a demanda de todos os institutos; mestrado, doutorado e quem sabe outros cursos. A demanda da interiorização não diminui, ela aumenta. E agora com a crise do petróleo, quem é que vai investir? Então, há uma demanda de outros cursos, licenciaturas, que poderiam suprir o norte do estado", concluiu o professor.
*Este texto é parte da cobertura do “Dia de Mobilização e Luta pelo Futuro da Educação Superior” em Rio das Ostras