Abr
11
2016

Governo Pezão tenta dividir; servidores respondem com ato mais unitário

Protesto conjunto levou milhares de servidores ao Palácio Guanabara; mais setores aderiram à paralisação

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
O governo tentou dividi-los, a resposta veio com a maior e mais unitária manifestação desde o início da mobilização dos servidores estaduais no Rio. O protesto realizado na tarde da quarta-feira (6) reuniu trabalhadores de diversas áreas, marcou a entrada em greve de mais setores e se converteu numa sonora declaração de unidade do funcionalismo estadual.
O protesto conjunto, iniciado no início da tarde no Largo do Machado, terminou, já à noite, em frente ao Palácio Guanabara, onde uma comissão foi recebida pelo secretário de Estado do governo, Affonso Henriques Monerat. Ele prometeu a abertura de negociações efetivas – com a primeira reunião marcada para o dia 13 de abril, em horário a ser definido até o dia 8.
Os manifestantes representavam variados segmentos do funcionalismo e expuseram, nos discursos, a intenção de valorizar a os laços que os une. Falas duras criticaram o governo pelo que qualificaram de tentativa de dividir os servidores ao propor negociação em separado com professores.
"Quando eles atacam a gente em bloco, é bom que a gente responda em bloco também", disse, à reportagem, o professor de Geografia Bruno Nascimento, que considerou inaceitável que, após o contracheque ser corroído pela inflação de 2014 para cá, ver o governo pautar não a reposição, mas possível parcelamento dos já atrasados salários. "É com a força dessa greve que a gente quer [mudar isso], e alcançar o reajuste", disse.
Trabalhadores e estudantes se concentraram desde a primeira hora da tarde desta quarta no Lago do Machado. Perto dali, no clube Hebraica, a assembleia da rede estadual da educação, convocada pelo sindicato da categoria (Sepe-RJ), reunia uma multidão de educadores, que aprovaram a continuidade da greve.
Pouco antes das 15 horas, eles caminharam os cerca de mil e quinhentos metros que separam a Hebraica do Largo do Machado para se juntar aos demais servidores e estudantes que participavam do ato. Perto das 16 horas, todos saíram em passeata pela rua das Laranjeiras, que ficou tomada nos cerca de mil metros que se estendem de seu início até a rua Pinheiro Machado, próximo da sede do governo, no Palácio Guanabara.
Estudantes
As estudantes Marinea Coutinho e Isabella Soares, do Instituto de Educação Rangel Pestana, de Nova Iguaçu, chegaram cedo ao ato. Disseram que participam em solidariedade à luta dos professores, profissão que, em breve, esperam abraçar. "Quando nos formarmos professores vamos passar pelas mesmas [dificuldades] que eles", disse Marinea. "Temos visto a luta deles e viemos apoiar", assinalou Isabella – que criticou a deterioração, de 2015 para cá, das condições da escola em que estudam.
Mais setores em greve
O ato conjunto no Palácio Guanabara, onde as duas pistas da rua Pinheiro Machado foram ocupadas pelos manifestantes, marcou a adesão de novos setores à greve no estado, até aqui concentrada na rede estadual de educação e nas universidades e institutos estaduais.
Aderiram à paralisação, entre outros, os servidores da Justiça estadual, do Detran e da saúde. "Acho que o governo não contava que todos os setores se unissem. O movimento está forte e ainda temos o apoio dos estudantes", disse Cristiane Dutra, técnica de enfermagem do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói.
A servidora avalia que governo tentou desarticular o movimento sinalizando que receberia apenas o sindicato dos educadores (Sepe-RJ), mas não conseguiu. A direção do Sepe disse que a reunião deveria ser com as representações do Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Estaduais), o que acabou ocorrendo.