"Desafios contemporâneos para o sindicalismo" é o nome do seminário organizado pela diretoria da Aduff-SSind para debater temas pertinentes aos interesses das e dos docentes da Universidade Federal Fluminense. A atividade, que terá desdobramento em outros momentos, será iniciada na quarta-feira, dia 02 de outubro, a partir das 14h, no auditório do Bloco O (Campus da UFF no Gragoatá, em Niterói). Haverá transmissão ao vivo pela página da Aduff no Facebook e pelo canal da seção sindical no Youtube.
Ao longo da tarde, três palestrantes vão oportunizar reflexões inerentes ao tema central do seminário.
Marina Barbosa Pinto trará as ponderações: "Movimento Sindical, novo sindicalismo e os desafios contemporâneos para o ANDES-SN". Ela é assistente social, com mestrado na área e doutorado em História. Foi professora da UFF, esteve presidente da Aduff nas gestões 2001-2003 e 2008-2010, e vice-presidente no biênio 1999-2001. Foi ainda presidente do Andes-SN durante dois momentos: 2004-2006 e 2010-2012. Atualmente, Marina é professora aposentada da Universidade Federal de Juiz de Fora.
"O processo de idiossubjetificação e a demonização do sindicalismo" é o assunto que será apresentado por Rubens Casara – juiz de direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, colunista do site Justificando, da Carta Capital. Ele leciona na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz e na PASSAGENS – Escola de Filosofia. Foi coordenador na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e é membro da Associação Juízes para a Democracia e do Corpo Freudiano – Escola de Psicanálise.
Em seguida, a discussão sobre "Corpo, computador e trabalho" será conduzida por Leandro Carmeline, que é terapeuta esquizoanalista (FLEA - Formação Livre em Esquizoanálise: perspectiva transdisciplinar da clínica). Leandro tem doutorado e mestrado em Comunicação (UFRJ). É formado em Biologia (UNISALES), com passagem pela graduação em Artes Visuais (UFES). Atualmente, realiza pós-doutorado no PPFH/UERJ.
De acordo com Carlos Augusto Aguilar Junior, docente do Colégio Universitário Geraldo Reis - Coluni/UFF e membro da comissão organizadora, o seminário é importante porque pretende refletir desafios do sindicalismo em âmbito nacional e local.
"Dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em um intervalo de uma década, a taxa de sindicalização dos trabalhadores caiu pela metade. Há dez anos, eram 16% de trabalhadores sindicalizados e trabalhadoras sindicalizadas - o que já era um índice bem baixo. Hoje, temos aproximadamente 8% - um nível muito preocupante, que, inclusive, impõe desafios à própria estrutura do sindicato para se manter financeiramente", considerou o professor.
Segundo Carlos Augusto, desde a fundação do Andes-SN, o movimento docente sempre defendeu a sindicalização por meio da contribuição voluntária, se posicionando contrariamente ao imposto sindical que era obrigatório.
Ele também alerta para as profundas transformações ocorridas no mundo do trabalho, com foco na busca por profissionais autônomos e em um processo brutal de 'uberização' do trabalho, sem regulamentação ou proteção social. "Há a construção de um discurso ideológico contrário ao sindicato, como algo que atrapalha o trabalhador ao invés de ser entendido como um instrumento de luta pelos direitos de uma categoria", disse o docente, citando caso recente dos motoristas de aplicativo que negaram o sindicato em negociações por melhores condições de trabalho.
Para Eliane Arenas, diretora da Aduff e professora aposentada da Faculdade de Educação, o seminário também vai reverberar as transformações ocorridas nos últimos anos.
"Nas últimas décadas, o mundo passou por profundas transformações: econômicas, políticas, informacional, tecnológica, tanto no processo de produção de mercadoria quanto na sociabilidade capitalística. O neoliberalismo, as novas tecnologias de informação e comunicação, o cyber espaço e surgimento das redes sociais, a emergência climática, os ditos "movimentos identitários", o ressurgimento do fascismo, uma certa descrença do fazer político como forma de organização da sociedade, a sustentabilidade financeira dos sindicatos são alguns dos aspectos que tem desafiado a organização política e sindical dos trabalhadores", explica a docente.
Segundo Eliane, o seminário tem por objetivo abrir a discussão para elaborar políticas de enfrentamento às mudanças estruturais e super estruturais que os sindicatos, em especial o Andes-SN, devem enfrentar.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Arte: Luiz Fernando Nabuco
