Nesta quinta-feira (5), é celebrado o Dia da Amazônia - bioma que atravessa a maioria dos países latinoamericanos e tem quase 7 milhões de Km² em território, sendo aproximadamente cinco milhões de florestas. Considerada um patrimônio natural, a preservação da Amazônia está relacionada à conservação da floresta, sua bacia hidrográfica - a maior do planeta, com 25 mil quilômetros de rios navegáveis - e à qualidade de vida da população local.
O assunto está em foco no Seminário Nacional do ANDES-SN sobre a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas/ONU), que acontece entre os dias 4 e 6 de setembro em Belém (PA), tendo como tema central: "A (re)existência a partir das Amazônias: diálogos, desafios e lutas". As professoras Jacqueline Botelho (Escola de Serviço Social e dirigente da Aduff-SSind) e Nazira Camely (Faculdade de Economia), que integram o Grupo de Trabalho de Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA) do sindicato de docentes da UFF, participam das atividades que discutem e denunciam as ameaças predatórias na região rica em biodiversidade e ocorrem concomitantemente à reunião do GTPAUA e ao Encontro das Regionais Norte 1 e Norte 2 do Sindicato Nacional.
Segundo Nazira, o "dia da Amazônia é todo dia", pois a sociedade deve se atentar à importância do bioma que, em território brasileiro, atualmente sofre com seca e estiagem, além de investidas interesseiras do capital. "A questão é que a Amazônia, há muito tempo, desde que o capitalismo é capitalismo, é assolada pelas políticas do imperialismo. Essas políticas estão hoje na temática que a gente está discutindo", disse a docente que é autora de "Imperialismo, Ambientalismo e ONGs na Amazônia", publicado pela editora Consequência.
Para ela, há um interesse que motiva ações imperialistas no mundo, mais especialmente para a Amazônia. "Isso se configura em uma série de mercadorias no chamado campo ambiental, que vai desde o mercado de carbono, paisagens pelas quais as pessoas têm que pagar, uma série de mercadorias no mercado verde, mercadorias ditas e feitas sustentavelmente", explica.
De acordo com a professora da Faculdade de Economia, a cobiça pelo território amazônico e suas riquezas se aprofundou a partir da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, durante o período em que no Brasil vigorava a ditadura empresarial-militar. "Tal política imperialista segue se configurando especialmente nos países ricos em floresta tropical, como países da América Latina, da África e até da Ásia. E o Brasil tem um papel central nisso, porque a Amazônia é 62% território nacional", explicou Nazira.
Segundo a especialista, a dita política aprofunda a exploração da região e de seus habitantes. "Ela significa a continuidade do saque e da pilhagem dos recursos minerais e da natureza da da Amazônia, onde a população do campo e da cidade sofre - especialmente a população indígena e as populações que vivem e se reproduzem da terra (ribeirinhos, seringueiros, quebradores de coco babaçu, camponeses), que estão sendo ameaçadas e expulsas do seu território. A política imperialista segue na direção de retirar os recursos de suas terras para fazer antigas e novas mercadorias (produtos que recebem um selo verde, para ilusoriamente atestar um processo produtivo respeitoso à natureza, à população local e aos trabalhadores, mas com grandes empresas lucrando por trás)", disse.
Para Nazira, a ação imperialista derrama o sangue dos povos originários e de todos os povos amazônicos. A docente também critica o falso ecologismo, que tem na figura do imperialismo estadunidense e do europeu seus principais representantes. "São eles que fazem as convenções da biodiversidade, como será a COP 30, para legitimar as suas politicas", alertou.
Segundo a professora, o Andes-SN tem um papel central neste debate. "Ombro a ombro com os movimentos sociais, estaremos firmemente contrários às políticas que pretendem expulsar ainda mais os povos amazônicos da sua terra", considerou Nazira.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil