Jan
16
2024

“Ebserh não resolve e não resolveu nenhum problema de nenhum outro hospital”

Nas ruas e em diálogo com a população, presentes reforçaram a importância de construir a resistência contra a privatização da saúde. Alertaram ainda que se o Hospital de Servidores do Estado for entregue à Ebserh, a tendência é que os outros da rede federal sigam mesmo caminho 

No dia 24 de janeiro, novo ato unificado está marcado em frente ao Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde (Rua México, 128, Centro).

Trabalhadores da rede federal do Rio de Janeiro realizaram protesto unificado na manhã desta terça (16) contra a entrega do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HSFE) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Convocado pelo Comitê Não à Ebserh no HSFE, pelo Fórum de Saúde do RJ, pela Fenasp, pelo Sindisprev-RJ, pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro e pela Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, o ato, que aconteceu na frente do HSFE, na Gamboa, também reuniu outras entidades e movimentos em defesa do SUS público, estatal e de qualidade, entre elas o o Andes-SN.

Nas ruas e em diálogo com a população, as e os presentes reforçaram a importância de construir a resistência contra a privatização da saúde. Alertaram ainda que se o Hospital de Servidores do Estado for entregue à Ebserh, a tendência é que os outros da rede federal sigam o caminho.  

“O que a gente está vivenciando nesse hospital é tentativa de privatização. Já vimos a Ebserh entrar em todos os hospitais universitários, por último agora entrou na UFRJ, e todo mundo sabe que entregar as unidades hospitalares à empresa não resolve os problemas da Saúde. ‘Resolve’ o problema do governo, que encara os hospitais federais como mídia negativa, mas o que falta é investimento público”, destaca a servidora e integrante da diretoria do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, Monica Armada.

De acordo com nota oficial publicada pelo portal do Ministério da Saúde e pelo site da Unirio, uma reunião ocorrida na Reitoria da universidade, no dia 22 de dezembro de 2023, criou um "grupo de trabalho" para discutir a fusão entre o HFSE (Hospital Federal dos Servidores) e o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, sob a gestão da Ebserh.

Os informes sobre o encontro, que contou com a presença do reitor da Universidade, José da Costa Filho; da Ministra da Saúde, Nísia Trindade e do presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Arthur Chioro, entre outros, gerou preocupação entre os defensores do SUS.

Uma carta aberta à ministra da Saúde, Nísia Trindade, chegou a ser elaborada por diversas entidades, entre elas o Andes-SN, dizendo não à Ebserh no HSFE e reivindicando do Ministério da Saúde a abertura de diálogo com trabalhadores e a população.

“O debate sobre a entrada da Ebserh no HSFE e sobre a fusão com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle não é só de interesse dos servidores, mas de toda a população que usa e defende o SUS. Sob a gestão da Ebserh, o HUGG sofre com a falta de materias básicos. Falta agulha, falta seringa, falta medicamento. Vários leitos foram fechados, tomógrafos e mamógrafos estão quebrados. É essa a gestão que a gente quer no hospital dos servidores?”, questiona Monica.

No ato representando o Andes-SN, a professora aposentada da UFRJ, Cláudia Piccinini,destacou que a entrada da Empresa Brasileiras de Serviços Hospitalares nos hospitais universitários gerou um processo de descaracterização do serviço público brasileiro, com viés privatista.

“Estudos e pesquisas realizadas pelos  trabalhadores da saúde nos hospitais universitários apontam para a transformação do serviço nos HU’s, com aumento de carga de trabalho, aumento significativo do assédio moral dentro das unidades hospitalares, retirada do direto ao atendimento com fechamento de leitos e de serviços ligado ao ensino, pesquisa e extensão nas universidades”, destacou.

A docente também frizou que os servidores públicos federais estão em unidade construindo a Campanha Salarial do funcionalismo. “Saúde e educação são grandes pilares do serviço público federal. Isso significa que o potencial de organização dos trabalhadores é muito significativo”, reforçou.  

Para Maria Inês Bravo, da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, a luta contra a privatização da saúde é fundamental para o futuro do país e tem sido travada desde os anos 1990, com vitórias e revezes.

“A Ebserh, por exemplo, a gente não conseguiu barrar nos hospitais universitários e o que a gente viu foi a redução dos leitos, desrespeito à autonomia universitária e um projeto, que ao realizar contratações via CLT, acaba com o Regime Jurídico Único. Mais do que nunca é preciso reafirmar o SUS público, estatal, de qualidade, sobre o comando dos trabalhadores. O SUS é nosso, ninguém tira da gente. Direito garantido não se compra e não se vende! A luta continua!”, finalizou.

Da Redação da Aduff, por Lara Abib

Additional Info

  • compartilhar: