Organizada por um conjunto de entidades e organizações do movimento negro do Rio, que atua em unidade de ação nas escolas, universidades, sindicatos e movimentos populares contra todas as formas de opressão, exploração e violência contra o povo negro, a XII Marcha da Periferia-RJ deste ano teve como tema “Chega de Chacina da PM nas favelas e de Israel na Palestina: Por memória, direitos e reparação já!”.
No ato, as e os participantes se solidarizaram com o povo palestino e denunciaram que o Brasil é um dos principais compradores da indústria de armamento de Israel. Segundo especialistas no tema, o genocídio da população palestina é "laboratório" da exportação militar de Israel. “As mesmas armas matam jovens na Palestina e no Brasil, por isso hoje o povo negro caminha e luta junto com o da Palestina”, afirmou uma jovem negro, no ato desta segunda (20), no Dia Nacional da Consciência Negra.
A data, que marca o assassinato de Zumbi dos Palmares, reafirma a importância da luta antirracista no Brasil e por direitos para a população negra.
“O dia 20 de novembro é um marco da nossa luta, uma luta pela qual a gente luta 365 dias por ano enquanto continuarmos sofrendo com a opressão policial, com a falta de luz, com a falta de água em nossos espaços de moradia. O capitalismo brasileiro se construiu sobre os escombros da escravidão, se no passado éramos os seres humanos escravizados, hoje somos oprimidos e explorados. Nossa pauta segue sendo por educação antirracista, pela reparação e legalização das terras quilombolas e por moradia digna nas comunidades, periferias e favelas, com educação e saúde públicas de qualidade”, destacou, na manifestação, o deputado estadual pelo PSOL-RJ, prof. Josemar Pinheiro de Carvalho.
Integrante do Movimento Negro Unificado (MNU) desde a década de 1990, João Gilberto Martins ressaltou a importância “de manter viva a chama por reparação” que os negros que descendem de África exigem do Estado brasileiro.
“Por mais de 350 anos, negros foram raptados de África e vieram construir essa nação sem ganhar nem um centavo de remuneração. Ao longo dessa história, seus descendentes não obtiveram o benefício do trabalho que foi gerado por seus antepassados. No Brasil, foram mais de 7 milhões que vieram de África. Por isso, é preciso manter a resistência e resgatar o que é de direito do povo negro. O MNU segue combatendo o racismo no país e todas as formas de opressão que existem, como combateu a ditadura militar. Nosso papel é passar para a juventude a necessidade de luta constante até que haja igualdade nesse país”, frizou.
Também presente no ato, a professora do Coluni-UFF e ex-presidente da Aduff-SSind Kate Lane Paiva, observou que apesar da vitória nas urnas contra Bolsonaro, no ano passado, o fascismo permanece ativo no país. A professora se solidarizou com “os hermanos argentinos” que testemunham a ascensão da extrema direita na presidência do país e destacou que o Brasil precisa “romper com suas elites brancas e burguesas para avançar nas políticas que são demandas do povo negro”.
“Se a gente não quer viver novamente o que a Argentina vive agora, nós temos que estar organizados e na luta - e o povo negro é um povo que sabe lutar. A gente precisa pautar a luta pela reforma agrária popular, contra a concentração de terra nesse país, pelo direito da população indígena. Pautar a reforma urbana com direito a saneamento básico, à saúde, transporte e educação pública de qualidade e pela desmilitarização da polícia militar que nos mata diariamente. Nem chacina na favela, nem genocídio na Palestina”, encerrou.
Da Redação da Aduff | por Lara Abib
Foto gentilmente cedida por Juntos!