Jul
11
2023

Aduff no Conad: mulheres docentes são maioria na delegação

A delegação será composta por uma delegada; e sete observadoras e dois observadores

A delegação da seção sindical dos e das docentes da UFF no 66º Conselho do Andes-SN (Conad) será composta majoritariamente por mulheres da Universidade Federal Fluminense. 

O evento nacional do Andes-SN – que acontece entre os dias 14 e 16 de julho em Campina Grande (Paraíba) – contará com uma delegada pela diretoria da Aduff (com direito a voz e voto) e dez observadores e observadoras (com direito a voz, ou seja, a se posicionar em debates).

A delegação, eleita em assembleia docente do dia 6 de junho, será composta pela docente Susana Maia (UFF em Rio das Ostras), como delegada; e pelas observadoras Eblin Farage (Escola de Serviço Social), Inny Accioly (Faculdade de Educação), Jaqueline Ventura (Faculdade de Educação); Kate Lane Paiva (Colégio Universitário Geraldo Reis - Coluni/UFF), Kênia Miranda (Faculdade de Educação), Marília Cecília Castro (Colégio Universitário Geraldo Reis - Coluni/UFF), Marina Tedesco (Instituto de Artes e Comunicação Social); e pelos observadores Rafael Dias (UFF em Volta Redonda) e José Antônio e Souza (Instituto de Física da UFF).

Segundo Eblin Farage, que é ex-presidente do Andes-SN, a seção sindical tem buscado assegurar mecanismos para garantir a participação das docentes em diferentes eventos nacionais. “Isso tem se expressado em vários espaços, como na composição da direção da Aduff e na delegação para o 66ºConad”, avalia a professora.

Para ela, é fundamental ter a participação ativa de mulheres nas discussões e nas diferentes instâncias do sindicato. “Temos levado um debate classista sobre as demandas de nossa categoria, considerando a particularidade das mulheres. E, além disso, mais importante ainda, é o fato de termos docentes que estão indo pela primeira vez em um evento nacional do Andes-SN”, diz Eblin. 

Esse é o caso da docente Inny Accioly, da diretoria da seção sindical, que vai integrar pela primeira vez a delegação da Aduff em um Conad. De acordo com a professora, é admirável o cenário de maior participação das mulheres nas lutas sindicais, um espaço que era majoritariamente conduzido por homens. 

“Na educação básica, a docência é exercida em grande maioria por mulheres. No ensino superior, as mulheres ainda encontram muitos desafios para conciliar a alta pressão do produtivismo acadêmico, a sobrecarga de trabalho e os compromissos domésticos, que ainda recaem sobre elas”, observa Inny.

Para ela, a presença de docentes mulheres em um evento nacional e deliberativo, assim como em cargos de lideranças no sindicato, estimula o próprio sindicalismo a se repensar, refletindo as demandas e transformações da sociedade.  “O plano de lutas passa a incluir as pautas que contemplem as especificidades das docentes que exercem a maternidade, a luta contra o machismo, o assédio e as violências de gênero. Isso tudo é fundamental para a construção de uma universidade verdadeiramente democrática”, afirma Inny. 

Também integrante da direção da Aduff, a professora Maria Cecília Castro afirma que a composição da delegação do sindicato no 66º Conad é um reflexo do que já acontece na diretoria da seção sindical. “Somos professoras, algumas mães e outras não; algumas cuidam de seus pais idosos. Entendemos que o Ubuntu é importante, porque é preciso uma aldeia para se educar uma criança; e nessa perspectiva, temos muita colaboração e muita parceria”, explica.   

Cecília Castro destacou que a categoria docente é composta em sua maioria por mulheres, com foco naquelas que atuam na carreira do Ensino Básico Técnico e Tecnológico – EBTT. “Essa composição feminina não se reflete nos cargos de gestão da Universidade. É importante ocuparmos os espaços de avaliação, discussão e decisão para pensar a educação e a luta a partir dos desafios postos em nosso horizonte”, diz. 

A docente Jaqueline Ventura concorda que a categoria docente seja predominantemente feminina. No entanto, alerta para a construção, no campo das ideias, que ainda associa as lideranças e as tomadas de decisão às figuras masculinas. "É importante que possamos ir para os eventos nacionais e que eles sejam cada vez mais ocupados por mulheres", afirma.

Para ela, contudo, a questão de gênero tem que estar associada à luta de classes. "Não basta ser mulher. Precisamos cada vez mais que as mulheres compreendam as várias opressões a que estão submetidas num contexto de luta de classes. É preciso ter a compreensão da luta de classes para a que a gente de fato avance nesse processo histórico, que passa pela ocupação de postos e passa por mulheres conscientes de sua percepção no mundo. Temos uma pauta específica de gênero, mas que não se esgota nisso se não tiver com a materialidade da discussão da luta de classes. Mas também não é um bloco monolítico; é preciso compreender essas várias nuances de várias opressões, que se somam à exclusão e à expropriação", considera. 

Ex-presidente da Aduff, Marina Tedesco ressalta que a delegação da Aduff, apesar de ser composta em sua maioria por mulheres, tem um perfil variado, porque essas mulheres são de diferentes gerações, cursos; mulheres que são mães, mulheres que não são mães. “Isso mostra uma heterogeneidade dessa categoria de mulheres, que é o que queremos para o sindicato”, defende.

Para ela, essa maioria de mulheres está diretamente relacionada à incorporação das discussões sobre as opressões pelo Andes-SN, que ganhou mais visibilidade nos últimos anos. “Nosso sindicato reconheceu que a classe tem cor, que a classe tem gênero, que a classe tem orientação sexual - e que as explorações e as opressões se interseccionam, fazendo com que dentro da classe trabalhadora as pessoas sejam exploradas e oprimidas de diferentes maneiras”, diz Marina. 

De acordo com ela, essa compreensão mais sofisticada de vários teóricos e teóricas da luta de classes tem aproximado outras pessoas da luta sindical. “Gera ações concretas para que, na prática, quem participa do sindicato desde a base até cargos de liderança sejam um grupo mais diverso”, afirma a docente.

Marina Tedesco considera, contudo, que por conta da composição étnico-racial do movimento docente, não se chegou ainda a uma diversidade de cor nas direções, composições de lideranças e delegações no sindicato. “Ainda não é do jeito que gostaríamos que fosse; mas já avançamos em relação à diversidade de gênero, considerando que as mulheres representam parcela muito grande de docentes universitárias embora não estivessem tão representadas. Creio que [o aumento de tal representação] tenha a ver com o novo momento dos feminismos que vivemos, que mudou a consciência de muitas militantes quanto à concepção teórica e também às suas práticas”, aponta.  

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco

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