Jul
06
2023

Professor Bruno Chapadeiro: 'sindicato e luta coletiva contra a fragmentação e o isolamento docente'

Professor Bruno Chapadeiro, da UFF em Volta Redonda, que integra a chapa que disputou a eleição complementar para o Conselho de Representantes, falou à reportagem da Aduff sobre a luta e organização sindical e as pautas que considera prioritárias na universidade

 

O professor Bruno Chapadeiro, candidato ao Conselho de Representantes O professor Bruno Chapadeiro, candidato ao Conselho de Representantes / Arquivo Pessoal

O Conselho de Representantes traz a possibilidade de interiorizar a sindicalização, a luta, de ser um braço do sindicato nesses campi e, assim, levar pautas que são pertinentes ao contexto específico de cada campus. É o que avalia o professor Bruno Chapadeiro Ribeiro, professor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFF, em Volta Redonda.

Esse é o primeiro ponto destacado pelo docente, mas não é o único. “O CR também possibilita a articulação e a organização de mais sindicalizados, de se fazer a conscientização, a elevação de consciência de classe da categoria, da importância do sindicato no interior”, ressalta Bruno, candidato eleito ao Conselho de de Representantes da UFF por sua unidade, como suplente, ao lado da professora Alejandra Luisa Magalhães Estevez, conselheira titular.

Professor destaca a importância da sindicalização

De acordo com Bruno, a categoria está cada vez mais fragmentada, os professores mais solitários, fazendo pesquisas ou dando aulas com pouco espaço para se socializarem, o que impacta diretamente na luta por seus direitos, nas trocas pedagógicas e nas discussões sobre as condições e processos relacionados ao trabalho, entre outros pontos. “Vejo que somente pela via sindical, somente pela via coletiva, porque a gente tem visto que as saídas individuais não tem dado certo. E só pelas vias coletivas a gente consegue algum respiro e alguma proposição do ponto de vista do embate”, diz

As lutas e desafios, entretanto, vão além das campanhas pela recomposição das perdas salariais. Para o professor, as questões de saúde, que envolvem condições e organizações do trabalho docente, tem sempre que estarem presentes nas pautas da categoria.

— A gente vê muitos colegas se afastando atualmente por transtornos mentais, mas também por distúrbios de voz relacionados ao trabalho. Todos os impactos que tem essa gestão privada na coisa pública, do fazer mais com menos. Então, colegas que se aposentam, quadros que não são repostos etc. A gente tem visto muito isso, uma sobrecarga, quando um colega precisa se afastar, se ausentar não tem quem faça um backup dele em termos das disciplinas, em termos dos estágios. É algo que a gente precisa discutir e vejo como uma importante pauta da luta docente neste momento.

Sobre a importância da organização sindical da categoria, diz ser suspeito para falar. Por onde passou, observa, fez questão de se filiar ao sindicato, inclusive como professor substituto na UFPR ou na UFTM. 

— Vejo a importância de um sindicato justamente para essas pautas que eu trouxe. Nós temos uma categoria cada vez mais fragmentada, mais solitária, fazendo as suas pesquisas sozinho, dando as suas aulas sozinho, a gente pouco tem espaço de sociabilidade, tem pouco espaço de troca, o que dirá pedagógica e menos ainda um espaço para a gente poder discutir sobre o trabalho que a gente exerce, os impactos nas condições de trabalho, a forma com que esse trabalho está organizado, o assédio moral, o próprio processo de trabalho em si, que tem adoecido muito a categoria.

As soluções individuais, afirma Bruno, não têm dado certo. "Somente pela via sindical, somente pela via coletiva a gente consegue algum respiro e alguma proposição mais do ponto de vista do embate", diz. E recorda que se filiou à Aduff no seu primeiro mês na UFF, "para justamente poder votar nos representantes, poder fazer parte, poder mudar a universidade e o processo de trabalho", observando que só pelas vias coletivas há algum respiro. 

— Eu acho que só a luta muda a vida — resume.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

O professor Bruno Chapadeiro, candidato ao Conselho de Representantes O professor Bruno Chapadeiro, candidato ao Conselho de Representantes / Arquivo Pessoal

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