Abr
12
2023

Com orçamento da UFF apertado, manutenção preventiva falha e salas do bloco P alagam após forte chuva no último feriado

Reitor diz que dinheiro para obras de conservações em todos os campi é insuficiente; presidente da Aduff reforça luta pela recomposição do orçamento e quer debater precarização e condição de trabalho na instituição

Professores, estudantes e técnico-administrativos foram surpreendidos com o vazamento em salas de aulas do lado ímpar no Bloco P do campus da Universidade Federal Fluminense no Gragoatá, na segunda-feira (10). O quinto andar da unidade seguia interditado na tarde desta quarta-feira (12), sendo necessário realocar os docentes em outras salas disponíveis para a realização de aulas presenciais.

Há relatos de que, na terça (11), um pedaço do teto de gesso caiu na cabeça de uma trabalhadora no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF), que, felizmente, está bem e não sofreu nenhum trauma mais grave. A imprensa da Aduff tentou contato com a direção do Instituto por e-mail, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Já a reitoria da UFF se manifestou quando interpelada e informou que o acúmulo de água no telhado provocado pelo entupimento dos drenos infiltrou paredes e encharcou o gesso. No último feriado (6 a 9 de abril) choveu bastante em Niterói. "A mistura de gesso e água resultou na queda das placas", conforme trecho da nota enviada à imprensa da Aduff-SSind.

Segundo a administração central da UFF, os ralos foram desentupidos e as placas de gesso com risco de queda removidas.

Cortes no orçamento impedem manutenção adequada, diz reitor

O reitor Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega explicou à reportagem que o orçamento em vigor para a UFF ainda é determinado pelo governo anterior, notadamente aquele que quase inviabilizou o funcionamento das instituições públicas de ensino superior.

"Para 2023, a Lei Orçamentária Anual prevê um montante de R$ 5,1 milhões destinado à realização de obras e manutenções em todos os campi da universidade. Entretanto, esse valor é insuficiente para cobrir todas as obras necessárias e a manutenção adequada das instalações, devido aos sucessivos cortes orçamentários que vêm ocorrendo desde 2014", diz a nota enviada à imprensa da Aduff.

Ele afirmou que o mesmo valor, em 2014, já chegou a ser cerca 60 milhões de reais e que diante da nova realidade, a gestão da UFF está empenhada em priorizar a manutenção de áreas mais críticas, de acordo com as possibilidades orçamentárias.

O bloco P foi inaugurado em julho de 2014. De acordo com reportagem institucional da UFF à época, a unidade tem mais de 2.500 metros quadrados de área construída, em cinco pavimentos compostos por 24 salas de aula com capacidade para até 60 alunos. Conta ainda com área administrativa e auditório.

Sindicatos lutam pela recomposição do orçamento

“Não há a menor dúvida que os cortes no orçamento das universidades públicas agravam o cotidiano das atividades acadêmicas – ensino, pesquisa, extensão”, disse Edson Teixeira da Silva Júnior - professor da UFF em Rio das Ostras e atual presidente da Aduff .

Segundo ele, o Andes-SN e as suas seções sindicais são atores importantes na luta pela recomposição orçamentária da Educação Pública, que vem sendo enxugada por políticas governistas nos últimos governos – com especial gravidade durante a gestão do presidente do Brasil entre 2018 e 2022. Para ele, a situação do bloco P é um exemplo das consequências trazidas pelo antigo governo, adepto do negacionismo, do discurso de ódio, e notadamente reconhecido pelos sucessivos ataques às Universidades.

Apesar disso, Edson Teixeira alerta que a reitoria da UFF e a comunidade acadêmica não podem se acomodar diante de alternativas que apontem para uma lógica privatista ou empresarial diante da crise. “O sucateamento do espaço físico, em várias unidades da UFF, precisam ser enfrentados de forma imperativa, ampliando urgentemente os canais de manifestação coletiva dos três segmentos e, sobretudo, um debate sobre as condições de trabalho que muitas vezes invisibilizam os e as trabalhadoras terceirizadas”, considerou o professor.

Edson Teixeira afirmou ainda que a Aduff está atenta às demandas trazidas pelos docentes sobre a situação nos campi, principalmente aqueles que estão fora da cidade-sede, e que, solicitará audiência com a reitoria para, em breve, discutir assuntos de interesse da categoria. “Queremos avançar ainda mais no debate sobre o cenário de precarização estrutural e apresentar ao reitor Antonio Claudio as propostas que sejam indicadas pela base docente”, afirmou o presidente da Aduff.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff

 

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