Danillo Félix Vicente de Oliveira é um jovem negro e periférico que está, novamente, em luta para provar a inocência mediante a justiça brasileira. Nesta terça-feira (11), ele se apresentou para audiência no Fórum de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, para responder a nova acusação de assalto com base em um reconhecimento por fotografia que consta em álbum da 76ª Delegacia de Polícia.
Em 2020, o jovem educador foi preso injustamente por roubo com base nesse mesmo registro fotográfico. Foi abordado e preso no meio da rua. Esteve encarcerado por dois meses e a família somente foi comunicada da situação por conhecidos que viram a abordagem policial. Na época, Danillo Félix não viu os primeiros passos do filho Miguel que completará quatro anos na próxima semana. Foi à julgamento e depois absolvido.
"Sabe aquela coisa que o pai sonha em ter? De a mãe estar de um lado e o pai do outro para ver os primeiros passos da criança? Eu não tive isso! Mas, agora, creio que vou estar ao lado dele para tudo, porque ele é meu combustível para ir até o final", disse o rapaz.
Agora, apesar de não haver elementos para condená-lo, Danillo segue como réu e, dessa vez, responde as acusações em liberdade. Conta com o apoio de populares e ativistas dos Direitos Humanos, que, na tarde desta terça-feira, protestaram contra o racismo estrutural e institucional em frente ao Tribunal de Justiça.
"Essa é uma das maiores injustiças recentes da História do Brasil", afirmou o advogado Djeff Amadeus, advogado criminalista e coordenador do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), que assumiu a defesa de Danillo.
De acordo com Djeff, a vítima que recorreu à delegacia alegou ter sido forçada a fazer o reconhecimento do suposto assaltante, apesar de ter dito que não teria condições de fazê-lo na ocasião. "Danillo foi submetido à sala [para o reconhecimento] com outras três pessoas - uma delas, inclusive, com [diagnóstico] Tuberculose - o que está registrado no processo e é fator relevante para entrarmos com ação indenizatória contra o Estado", explicou.
Para Danillo, além do sentimento de injustiça, permanece o medo e a revolta em relação à situação - que, infelizmente, não foi a primeira e nem a última a ocorrer no país que segue normalizando práticas racistas.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff