Abr
11
2023

"Essa é uma das maiores injustiças recentes da História do Brasil", afirma advogado de Danillo de Oliveira

Defensores dos Direitos Humanos protestaram em frente ao Fórum de Niterói contra nova acusação de roubo após reconhecimento por fotografia em álbum da 76ª DP. Jovem esteve preso injustamente em 2020 pelo mesmo motivo e foi absolvido. 

Danillo, ao centro, de branco - conta com o apoio da família, do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e de ativistas dos Direitos Humanos Danillo, ao centro, de branco - conta com o apoio da família, do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e de ativistas dos Direitos Humanos

Danillo Félix Vicente de Oliveira é um jovem negro e periférico que está, novamente, em luta para provar a inocência mediante a justiça brasileira. Nesta terça-feira (11), ele se apresentou para audiência no Fórum de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, para responder a nova acusação de assalto com base em um reconhecimento por fotografia que consta em álbum da 76ª Delegacia de Polícia. 

Em 2020, o jovem educador foi preso injustamente por roubo com base nesse mesmo registro fotográfico. Foi abordado e preso no meio da rua.  Esteve encarcerado por dois meses e a família somente foi comunicada da situação por conhecidos que viram a abordagem policial. Na época, Danillo Félix não viu os primeiros passos do filho Miguel que completará quatro anos na próxima semana. Foi à julgamento e depois absolvido.

"Sabe aquela coisa que o pai sonha em ter? De a mãe estar de um lado e o pai do outro para ver os primeiros passos da criança? Eu não tive isso! Mas, agora, creio que vou estar ao lado dele para tudo, porque ele é meu combustível para ir até o final", disse o rapaz. 

Agora, apesar de não haver elementos para condená-lo, Danillo segue como réu e, dessa vez, responde as acusações em liberdade. Conta com o apoio de populares e ativistas dos Direitos Humanos, que, na tarde desta terça-feira, protestaram contra o racismo estrutural e institucional em frente ao Tribunal de Justiça. 

"Essa é uma das maiores injustiças recentes da História do Brasil", afirmou o  advogado Djeff Amadeus, advogado criminalista e coordenador do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), que assumiu a defesa de Danillo. 

De acordo com Djeff, a vítima que recorreu à delegacia alegou ter sido forçada a fazer o reconhecimento do suposto assaltante, apesar de ter dito que não teria condições de fazê-lo na ocasião. "Danillo foi submetido à sala [para o reconhecimento] com outras três pessoas - uma delas, inclusive, com [diagnóstico] Tuberculose - o que está registrado no processo e é fator relevante para entrarmos com ação indenizatória contra o Estado", explicou. 

Para Danillo, além do sentimento de injustiça, permanece o medo e a revolta em relação à situação - que, infelizmente, não foi a primeira e nem a última a ocorrer no país que segue normalizando práticas racistas. 

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Danillo, ao centro, de branco - conta com o apoio da família, do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e de ativistas dos Direitos Humanos Danillo, ao centro, de branco - conta com o apoio da família, do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e de ativistas dos Direitos Humanos

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