Mar
29
2022

Grupo Tortura Nunca Mais/RJ convida para cerimônia online de entrega da Medalha Chico Mendes

A Aduff-SSind é uma das entidades promotoras do evento, que está em sua 34ª edição.

A cerimônia de entrega da 34ª Medalha Chico Mendes de Resistência e a 3ª Emergencial em Tempos de Pandemia e Fascismo, organizada pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, acontece dia 1º de abril, às 18h, no canal do GTNM no You Tube.

A Aduff-SSind é uma das entidades promotoras do evento, que nesta edição vai homenagear quatro pessoas, entre elas o cantor e compositor Chico César, notadamente uma das vozes mais expressivas na luta antifascista na atualidade. Os outros três homenageados tiveram as suas vidas atravessadas pela violência, pelo racismo e pela desigualdade social no Brasil.

Uma delas é Moïse Kabagambe, jovem negro e refugiado congolês que foi assassinado brutalmente, em frente ao quiosque em que trabalhava na Praia da Barra da Tijuca.  Outra homenagem in memorian será a de Hiago Macedo de Oliveira Bastos, jovem negro, vendedor de balas, que foi executado à queima-roupa por um policial militar em dia de folga, em Niterói.  

Por fim, Sandra Gomes - familiar de rapaz negro, morto na Chacina ocorrida na favela do Jacarezinho - representará todas aquelas pessoas que perderam seus entes queridos pela ação violenta do Estado no Rio de Janeiro. 

"Temos listadas 27 mães que não quiseram dar seus nomes, por medo de retaliação. Essas comunidades pobres estão sofrendo, sendo tratadas como lixos, onde a Polícia invade e ocupa essas regiões de forma violenta e aterrorizante para todos os moradores. E são principalmente os jovens negros e pobres que estão sendo exterminados", afirmou Cecilia Maria Bouças Coimbra, 1ª vice-presidente do GTNM.

De acordo ela, há 34 anos o GTNM realiza esta cerimônia, de entrega da Medalha Chico Mendes, sempre no dia 1º de abril - data do golpe empresarial-militar de 1964. 

"Os efeitos maléficos desse golpe estão aqui até hoje, com a questão do silenciamento, com a produção do esquecimento, e de uma Comissão Nacional da Verdade extremamente limitada", disse à imprensa da Aduff.

Medalha Chico Mendes 

Segundo Cecília, após o assassinato do ambientalista Chico Mendes, em 1989, o GTNM decidiu, no ano seguinte, criar a medalha para pessoas ou grupos, nacionais ou internacionais, considerados combatentes/ resistentes na sociedade.

"No ano em que criamos a medalha Chico Mendes, inclusive, no dia 31 de março, ocorreu na Polícia do Exército da Barão de Mesquita, onde funcionou o prédio do DOI-CODI (unificação de todo o aparato repressivo do exército), homenagem a vários torturadores conhecidos, famosos. Eles receberam a Medalha do Pacificador [Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro], entregue àqueles que participaram ativamente da repressão, entre 1964 e 1985 - seja civil ou militar. 

Fomos todos de preto, em silêncio, à porta do DOI-CODI, com a foto de mortos ou desaparecidos. A partir dali, até por ideia do João Luiz de Moraes (pai da Sonia de Moraes) e um dos fundadores do GTNM, criamos a nossa medalha Chico Mendes, com apoio da família do lider seringueiro", conta. 

Cada homenageado recebe a medalha e uma biografia daqueles que serão contemplados com a honraria. Normalmente, o GTNM contempla 10 pessoas com a medalha. No entanto, a partir da pandemia, foi preciso diminuir o número de homenageados.

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira