Out
17
2017

Audiência na UFF questiona destino traçado pela Reitoria e Prefeitura para o Morro do Gragoatá

Comunidade universitária e moradores de Niterói participaram da audiência, cujos resultados serão encaminhas a todas as autoridades que não compareceram

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Integrantes da comunidade da UFF e moradores de Niterói compareceram ao auditório do Bloco O, no campus da UFF, para debater a situação do Morro do Gragoatá – área declarada pelo Ibama como sendo de proteção ambiental permanente – na noite da segunda-feira (16).

O tema foi abordado em audiência pública, que durou cerca de três horas, convocada conjuntamente pelos mandatos dos vereadores Paulo Eduardo Gomes e Talíria Petrone (ambos do Partido Socialismo e Liberdade – Psol), pela Aduff-SSind, Sintuff, DCE e FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo). Os participantes manifestaram a necessidade de promover a discussão sobre os interesses que envolvem a área em litígio, envolvendo a Universidade Federal Fluminense e a iniciativa privada desde a década de 1970, quando foi desapropriada pelo governo federal em favor instituição.

‘Acordo’

Em meados de setembro desse ano, o reitor Sidney Mello assinou acordo judicial consentindo em abrir mão da área em disputa às empresas da construção civil, que intencionam erguer edificação habitacional luxuosa na região - fato que chegou ao conhecimento da comunidade da UFF por meio de jornais comerciais. A Reitoria alega que a área não pertence à UFF e, por isso, não estaria abrindo mão de nada.

O assunto ganhou amplitude ao chegar ao Conselho Universitário de 27 de setembro, tendo sido pautado por intervenção crítica de alguns conselheiros, estudantes, professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e ainda de representantes da Aduff. Na ocasião, foi apontada a necessidade de se debater com transparência o tema polêmico, inclusive com questionamentos à decisão da administração central da instituição, que aconteceu à revelia do conhecimento dos estudantes, técnicos e docentes. A Reitoria concordou, durante o CUV, em debater o tema apenas sob o mérito ambiental. No entanto, esteve ausente da atividade dessa noite e não enviou representação para compor a mesa, apesar de os parlamentares terem formalizado convite à Reitoria da UFF.

Ausentes

Também foram convidados para o debate, mas estiveram ausentes: o juiz William Douglas, titular da 4ª vara da justiça federal, que julga a ação que envolve a discussão possessória do terreno; representante do Ministério Público Federal; o Prefeito Rodrigo Neves e os secretários de Urbanismo e de Meio Ambiente de Niterói.

As exposições técnicas foram feitas pela professora Louise Lomardo, da FAU/UFF; pelo capitão da Aeronáutica Jorge Luiz Werneck; e por Adacto Otoni, engenheiro e docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O estudante de Geografia Bruno Araújo e o professor Gustavo Gomes falaram, respectivamente, como representantes do Diretório Central dos Estudantes e da seção sindical dos docentes da UFF.

Encaminhamentos

Ao final da audiência, os participantes decidiram encaminhar todo o material apresentado no debate para as autoridades públicas que não compareceram, com o objetivo de dar prosseguimento à discussão no Ministério Público Federal. Também pretendem dar continuidade à questão numa nova audiência legislativa, se possível com a presença do reitor.

Outro aspecto levantado envolve o prefeito Rodrigo Neves: houve consenso entre os presentes de que a Prefeitura deve ser cobrada pelos vereadores, já que ela deve explicações à população sobre o que pode acontecer com o Morro do Gragoatá.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos)