Jul
03
2016

Reitoria despeja Sintuff mas permite uso privado do espaço da UFF

Atuação da Reitoria é “seletiva”, afirma dirigente da Aduff-SSind, que aprovou mensagem de apoio aos técnicos-administrativos
DA REDAÇÃO DA ADUFF
A Reitoria é seletiva ao usar o argumento do ‘espaço público’ para retirar o sindicato dos técnicos-administrativos das dependências dos campi da UFF, enquanto permite que a universidade seja cada vez mais privatizada. É o que afirma o professor Márcio Malta, da direção da Aduff-SSind, a seção sindical dos docentes da Universidade Federal Fluminense.
Dirigentes da Aduff-SSind acompanharam a ação de despejo da Sintuff, na manhã deste sábado (2), no campus do Valonguinho, no Centro de Niterói, em solidariedade à entidade parceira e aos servidores técnicos-administrativos da UFF.
O reitor Sidney Mello acionou a Polícia Federal e contratou dois caminhões de mudança para retirar os móveis e objetos pertencentes ao sindicato do local. “É nosso papel denunciar essa seletividade: ao mesmo tempo que o Sintuff não pode ocupar o espaço público, nós observamos que a universidade tem sido privatizada cada vez mais. Aqui mesmo no Valonguinho, acontecem hoje, sábado, uma série de cursos pagos”, disse Márcio Malta. “Por que que um sindicato que representa a sua categoria não pode ocupar esse espaço?”, questionou o professor.
Plebiscito oficial realizado em 2010 aprovou por ampla maioria que não haveria cursos pagos na UFF. Quase 87% dos votantes optaram pela gratuidade total nos cursos – foram 11.497 votos neste sentido, e 1.751 a favor da gratuidade restrita à graduação, mestrado e doutorado, posição defendida majoritariamente pelo Conselho Universitário (CUV).
61º Conad
A ação da Reitoria repercutiu mal no 61º Conselho do Sindicato Nacional dos Docentes (61º Conad-Andes-SN), que acontece de 30 de junho a 3 de julho na Universidade Federal de Roraima, em Boa Vista, reunindo professores de todas as partes do país. A presidente do Andes-SN, Eblin Faraje, classificou o ato da Reitoria de “autoritário” e em consonância com um reitor que não dialoga mais com a comunidade universitária.
Docente da Escola de Serviço Social da UFF, Eblin observa que o uso de forças de segurança para administrar a universidade se tornou uma prática comum à Reitoria. Ela relembra o que ocorreu na votação da Ebserh, em uma sessão do Conselho Universitário fora das dependências da UFF e cercada por aparato policial. E ainda menciona recente caso em que a administração central da UFF chamou a polícia para reprimir vendedores ambulantes dentro do campus do Gragoatá. "É fundamental que professores, técnicos e estudantes se unam para a que a gente não tenha nos próximos anos mais atitudes conservadoras e autoritárias por parte dessa Reitoria", disse.
A direção da Aduff-SSind já havia aprovado mensagem de apoio ao Sintuff e contrária à tentativa do reitor de desalojar o sindicato. A seguir, a íntegra da nota.
Moção de repúdio
A Aduff-SSind tem se posicionado de forma veemente contra as práticas antidemocráticas que têm caracterizado a atual administração da UFF, entre as quais, a truculência ocorrida no episódio da adesão do Hospital Universitário Antônio Pedro à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh.
Numa clara retaliação ao posicionamento da entidade sindical representativa dos técnicos administrativos em suas lutas em defesa da democracia na UFF, a administração central da Universidade Federal Fluminense recorreu à Justiça, que encaminhou ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação na UFF – Sintuff ordem de despejo do prédio ocupado há anos pela entidade, no Campus do Valonguinho. A exemplo do que vem ocorrendo em todos os níveis de governo no país, entendemos que essa ameaça é um evidente constrangimento à liberdade e ao direito de organização sindical dos trabalhadores.
Niterói, 13 de abril de 2016
Diretoria da Aduff-SSind
Biênio 2014/2016
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho, enviado a Boa Vista (RR)