Jun
16
2016

Protestos no Rio e em Brasília defendem educação pública e rejeitam retirada de direito

Estudantes, professores e técnicos da UFF participaram das atividades; em Brasília, marcha abriu II Encontro Nacional da Educação

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Participaram dessa reportagem os jornalistas Hélcio Duarte Filho, Lara Abib e Aline Pereira (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos Rio de janeiro) e Valcir Araujo (fotos Brasília)

Servidores, estudantes e representantes de outras categorias profissionais marcharam em Brasília e no Rio, na tarde desta quinta-feira (16), em protesto contra governos que promovem medidas que debilitam os serviços públicos e reduzem direitos trabalhistas e previdenciários.

As atividades integraram o dia nacional de mobilizações do funcionalismo e em defesa da educação, que, na UFF, contou com roda de conversas de professores, panfletagens e com a paralisação dos técnicos-administrativos por 24 horas. Houve protestos em outras cidades pelo país.

Na capital federal, cerca de três mil participaram da Marcha em Defesa da Educação, que marca simbolicamente a abertura do II Encontro Nacional de Educação (ENE). A passeata saiu da Catedral, fez uma parada no Ministério do Planejamento e terminou em frente ao Ministério da Educação. Professores da Universidade Federal Fluminense que integram a delegação da Aduff-SSind participaram. A seção sindical também colaborou com a ida de ônibus de estudantes ao protesto e ao encontro.

A parada no Planejamento teve ato contra o PLP 257/2016, projeto que tramita na Câmara dos Deputados e é considerado uma ameaça ao funcionamento dos serviços públicos – além de poder congelar salários e concursos.

Os manifestantes encontraram as entradas do Ministério da Educação cercadas pela Polícia Militar. Não puderam sequer entrar para protocolar carta com as resoluções do primeiro encontro de Educação e com pedido para que seja convocada audiência pública para debater as propostas que vierem a ser definidas no segundo encontro. O documento foi entregue a Leonel Cunha, subsecretário de Assuntos Administrativos, e Nádia Ferreira, assessora especial do ministro Mendonça Filho, que desceram para recebê-lo em mãos.

‘Fora Temer’

No Rio, a passeata unificada dos servidores estaduais, federais e municipais reuniu cerca de 2.500 pessoas, na avaliação da reportagem, que caminharam da Candelária à Central do Brasil, no centro da cidade. Críticas ao governador em exercício Francisco Dornelles (PP), ao prefeito Eduardo Paes (PMDB) e ao presidente interino Michel Temer (PMDB) foram constantes no ato. Muitos participantes portavam adesivos com a frase “Fora Temer”. Educadores da rede estadual repudiaram a decisão do governo de parcelar os salários e aposentadorias dos servidores, que receberam na véspera as remunerações de maio, atrasadas, com valores em geral inferiores à metade do pagamento integral. “Não tem arrego/você tira o meu salário/eu tiro o seu sossego”, cantaram os manifestantes em alguns momentos da passeata.

De bengala na mão e demonstrando muita disposição, a professora aposentada Noeli Almeida, de 68 anos, estava entre os que caminhavam mais à frente na passeata. Pendurado ao pescoço, carregava cartaz com cópias das contas residenciais a pagar. “Não estou podendo ficar em casa, tenho que vir para rua agora. Nós, aposentados, não podemos fazer greve, então temos que estar aqui”, disse, à reportagem.

Naquela mesma hora, em Brasília, outros manifestantes ocupavam as ruas para dizer que não são responsáveis pela crise econômica, não aceitam perdas de direitos e vão lutar para impedir que projetos antisserviço público e servidores sejam levados adiante. “Nesse momento de precarização da universidade, precarização da educação, do ajuste fiscal, dos cortes na educação e na saúde, acho que é fundamental hoje a gente estar abrindo o ENE nas ruas, indo para o Planejamento, cobrando [a retirada] desse PL 257, cobrando [nossas pautas] no MEC”, disse, à reportagem, a professora da UFF Elizabeth Barbosa, enquanto participava da marcha. “Abrimos o ENE positivamente, nas ruas, pensando no enfrentamento que teremos que ter no futuro e que começamos a enfrentá-lo já”, concluiu.

Mobilização na UFF

Docentes, técnicos-administrativos e estudantes da UFF participaram do dia de mobilizações de diferentes maneiras e em atividades diversas. Os técnicos promoveram paralisação de 24 horas, na qual, além das pautas gerais, defenderam a jornada de 30 horas semanais e a revogação do contrato que entregou o Hospital Universitário Antonio Pedro para a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). O sindicato da categoria (Sintuff) realizou, pela manhã, ato em frente à Reitoria, em Icaraí. A Aduff-SSind foi representada pelo diretor Juarez Duayer.

À tarde, professores da Faculdade de Educação, no Gragoatá, realizaram uma roda de conversa, na qual debateram a conjuntura política atual. À noite, no Iacs, o debate foi sobre o PLP 257/2016, que atinge o serviço público. “É importante termos esses espaços para dialogar sobre o cenário político, que se apresenta ainda mais difícil, com a ofensiva de projetos de lei que apontam para a retirada de direitos trabalhistas, sociais e previdenciários”, disse, à reportagem, o professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, ao defender a necessidade da construção de um movimento de resistência dos trabalhadores e da juventude. Também aconteceram atividades de mobilização em Campos e em outros campi fora da sede – que serão divulgados em breve pela comunicação da Aduff.

Encontro

Com o tema “Contra o ajuste fiscal e a dívida pública – por um projeto classista e democrático de Educação”, o II Encontro Nacional de Educação (ENE) vai até o dia 18. A primeira edição do encontro ocorreu no Rio de Janeiro (RJ), em agosto de 2014. A segunda será realizada em meio à crise política e institucional no país, sob o governo do presidente interino Michel Temer e num cenário de aprofundamento da precarização das condições de trabalho e infraestrutura na Educação, assim como do avanço da privatização – tocadas durante os dois mandatos do governo eleito de Dilma Rousseff.

Em abril, foram realizados, nos estados, encontros preparatórios para debater e elaborar, localmente, propostas ao ENE, buscando fortalecer a unidade em torno de um projeto comum em defesa da Educação Pública. No estado do Rio, o preparatório aconteceu no dia 26 de abril, na UFRJ – campus da Praia Vermelha.

Serão debatidos durante os dois dias de programação do II ENE os seguintes eixos temáticos: Trabalho e formação dos/as trabalhadores da Educação; Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Questões Étnico-racial; Financiamento; Avaliação; Gestão e Acesso e Permanência. Saiba mais em https://ene2016.org/eixos/.

Programação II Encontro Nacional de Educação

16 de junho

Tarde – Ato público em Brasília.

17 de junho

Manhã – Mesa de Abertura: Por um projeto classista e democrático de educação, contra o Ajuste Fiscal e a dívida pública.

Tarde e Noite – Grupos de Trabalho sobre os eixos do II ENE (gestão; financiamento; avaliação; trabalho e formação dos trabalhadores da educação; acesso e permanência; gênero, sexualidade, orientação sexual e questões étnico-raciais).

18 de junho

Manhã – Painéis Temáticos

Tarde – Plenária Final

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Participaram dessa reportagem os jornalistas Hélcio Duarte Filho, Lara Abib e Aline Pereira (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos Rio de janeiro) e Valcir Araujo (fotos Brasília)

Acompanhe a continuidade da cobertura dos atos do dia 16 e do ENE em www.aduff.org.br