Jun
13
2016

Reforma da Previdência atingirá a todos se não for detida, alerta professora no ato na Carioca

Ato com debates no Largo da Carioca reúne representantes de diversos segmentos e marca retomada das ações conjuntas do Fórum dos Federais no Rio

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Por Hélcio Lourenço Filho
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff - Manifestação conjunta dos servidores federais no Largo da Carioca, nesta sexta-feira (10)

Sob uma tenda montada no Largo da Carioca, no Centro do Rio, dezenas de servidores públicos federais acompanharam por cerca de cinco horas as atividades que marcaram o ato conjunto da categoria, no qual se refletiu sobre o que significam as medidas que o governo interino de Michel Temer tenta aprovar e que afetam os trabalhadores e os serviços públicos. A atividade foi organizada pelo Fórum das Entidades dos Servidores Públicos Federais no Rio, cuja atuação acaba de ser retomada.

Com duas palestras seguidas de perguntas e debates, os servidores abordaram a situação da Previdência Social e o que representa o projeto de lei complementar que fixa novos parâmetros para a Lei de Responsabilidade Fiscal e para os gastos com servidores (PLP 257/2016).

Pela manhã, a professora Sara Granemann, da Escola de Serviço Social da UFRJ, discorreu sobre a reforma da Previdência e traçou um cenário cor de “chumbo”, frisou, para os trabalhadores em termos de direitos previdenciários. Disse que é preciso uma forte reação para enfrentar as medidas que estão sendo defendidas pelo presidente interino para impedir que elas se concretizem.

Ela destacou que embora o foco do que está sendo anunciado pelo governo sejam os trabalhadores do incluídos no Regime Geral da Previdência – do setor privado, portanto –, tudo leva a crer que a intenção é estender tais medidas para os servidores públicos. “Não adianta dizer não obrigado, eu não fumo. Todos serão atingidos”, disse, defendendo a ideia de que é justamente a eventual unidade entre trabalhadores do setor privado e servidores que pode impedir que essas propostas sejam aprovadas no Congresso Nacional.

Na segunda mesa, à tarde, o servidor do IBGE Paulo Lindesay tratou do PLP 257 e abordou como o que chamou de sistema da dívida pública suga o orçamento público e desencadeia um processo que leva a perda de direitos, ao congelamento salarial e ao esvaziamento dos serviços púbicos.

Coordenador da Auditoria Cidadã da Dívida no Rio, ele alertou para o impacto que a eventual aprovação do projeto poderá ter para os serviços públicos e para o funcionalismo, associando essa proposta à intenção do governo e da elite empresarial em assegurar recursos para pagar os juros das dívidas públicas ao mercado financeiro. “Em 20 anos, nos governos FHC, Lula e Dilma, 11 trilhões de reais foram [gastos] com as dívidas públicas e mesmo assim a dívida [cresceu] e hoje já está em seis trilhões”, disse à reportagem.

Entre um debate e outro, a cantora Nina Rosa se apresentou para os presentes, sem o auxílio do acompanhamento de instrumentos musicais – emprestando a sua voz para a luta dos servidores.

Após as palestras, representantes das entidades sindicais falaram sobre a preparação da mobilização conjunta – as manifestações previstas para o dia 16 de junho e a necessidade de unir os trabalhadores para defender os direitos da classe foram destacados.

Representando a Aduff-SSind, a professora Gelta Souza lembrou que a defesa da Previdência é uma luta que os servidores já vêm travando há muito tempo – e que os direitos previdenciários foram alvos de todos os últimos governos. Mencionou a mobilização contra a emenda constitucional aprovada em 2003, no primeiro ano do governo Lula, que pôs fim à aposentadoria integral. Disse que é preciso retomar a unidade para impedir que mais diretos sejam retirados. “Só uma resistência muito forte [pode fazer isso]”, avaliou, citando o exemplo que vem sendo dado pela juventude que ocupa as escolas públicas.