Jun
05
2016

Secundaristas criticam Justiça e defendem ocupação das escolas

Estudantes do Cairu, uma das dezenas de escolas ocupadas no Rio, fazem na segunda (6) assembleia e atividade com toda a escola que pode encerrar ocupação
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Secundaristas que ocupam as escolas da rede estadual de ensino criticaram a liminar da juíza Glória Heloíza Lima da Silva, titular da 2° Vara da Infância, Juventude e do Idoso, da comarca do Rio de Janeiro, que determina a abertura das unidades para reinício das aulas. A magistrada não determinou propriamente o fim das ocupações, que poderiam prosseguir em espaços que não atrapalhem o funcionamento das escolas, mas a decisão foi apontada por estudantes como autoritária e descontextualizada da realidade da educação pública neste momento, quando há uma greve em curso e o governo não consegue sequer pagar os salários dos educadores em dia.
Alunos avaliaram que a juíza se precipitou, uma vez que já havia uma negociação em andamento, com participação da Defensoria e do Ministério Públicos, em torno do encerramento dessa fase do movimento. A estudante Júlia Lucena, do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, disse à reportagem que os alunos ficaram muito decepcionados com a decisão da Justiça. "Havia um cronograma de negociação", explicou.
A mobilização que ocupou dezenas de escolas no estado defende a educação pública, apoia a greve dos educadores e possui uma pauta de reivindicações que inclui, entre outros pontos, a eleição direta para direção das escolas, mais tempos de aula para as disciplinas de Sociologia e Filosofia e melhorias na infraestrutura das unidades escolares – parte das reivindicações foi atendida.
O movimento de ocupação do Cairu ocorreu no início de abril e envolveu centenas de estudantes. Segundo os alunos, em momentos de pico a alimentação coletiva preparada por eles mesmos na cozinha da escola serviu a mais de 400 pessoas. Segundo Julia, de 17 anos, o movimento Ocupa Cairu negociou com a direção do colégio que a reabertura da escola para eventuais aulas – já que a maioria dos professores aderiu à greve – só ocorrerá na terça-feira (7).
Recepção
Assembleia e atividade de acolhimento ao conjunto dos alunos, inclusive os que não chegaram a participar da ocupação, estão previstas para a segunda-feira (6). "Este cronograma foi uma negociação nossa na escola, precisamos desmontar o dormitório, arrumar as cadeiras e queremos nós mesmos fazer isso", explicou Júlia, alertando que os desdobramentos em decorrência da liminar vão obedecer a negociações em cada colégio.
Enquanto isso, os estudantes seguem controlando a escola, uma das maiores da rede estadual de ensino, com mais de três mil matriculados. Na quinta-feira (2), a direção da unidade se reuniu com professores e com os estudantes, quando se deu a negociação. "Vamos fazer a assembleia e mostrar o que aconteceu. Ficamos decepcionados com [a decisão] da juíza, mas a gente está muito feliz com o que aconteceu [nos meses da ocupação] e vamos mostrar isso para todos os alunos", disse Júlia. Haverá exposição de fotos retratando o período da ocupação no Cairu.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho