Lenine, Caetano e Frejat são alguns dos cantores que devem participar; 14 prédios do Ministério da Cultura no país estão ocupados
DA REDAÇÃO DA ADUFF
A cultura reage ao que artistas estão chamando de medidas de um governo ‘ilegítimo’. A ocupação da sede do recém-extinto Ministério da Cultura no Rio, no Palácio Gustavo Capanema, no centro da cidade, terá uma ‘Virada Cultural’ de apoio ao movimento que começa nesta quinta-feira (19) e vai até o domingo (22). O local que abriga a Funarte (Fundação Nacional de Artes), órgão que era vinculado à pasta, está ocupado desde segunda-feira (16).
A mobilização é contra a extinção do Ministério da Cultura, uma das primeiras medidas do governo interino, mas também contra o conjunto do de Michel Temer (PMDB-SP), que ocupa a Presidência da República provisoriamente após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) em decorrência da abertura do processo de impeachment pelo Senado Federal. Segundo os manifestantes, há 14 sedes do MinC ocupadas no país – entre elas, além do Rio, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Brasília
Nesta quinta-feira (19), se apresentam, entre outros, os cantores Frejat, Lenine, Leoni e Pedro Luis , a partir das 16 horas. Para sexta-feira (20), Caetano Veloso é uma das atrações confirmadas no fim da tarde. O ‘palco’ da ocupação já teve a visita de outros cantores populares, como Arnaldo Antunes e Otto. Na terça-feira (17), a Orquestra Sinfônica da UFRJ fez uma apresentação considerada por muitos inesquecível.
‘Fora Temer’
Com gritos de "Fora Temer" e "golpista", os shows de Arnaldo Antunes e Otto lotaram o lugar. A ocupação é contra o governo do presidente interino Michel Temer, que assumiu na última sexta-feira (13). "Não reconhecemos o governo ilegítimo ou nenhuma medida tomada", disse uma das ocupantes. “O lema da ocupação é 'o MinC é nosso'", contou a manifestante, que preferiu não ser identificada.
Estão ocupados o térreo, o mezanino e o segundo andar do prédio. Além de cartazes pelo ‘Fora Temer’, outros alertam para tomar cuidado com as obras expostas no prédio. Embora entidades como a CUT e a UNE demonstrem apoio à ocupação, segundo os manifestantes não é consenso que a pauta do movimento inclua a devolução do cargo à presidenta eleita Dilma Rousseff (PT).
‘Ilegítimo’
A atriz Júlia Lemmertz compareceu aos shows no Palácio na quarta. Para ela, acabar com o MinC e outros ministérios mostram o caráter do governo de Temer, que ela chamou de "ilegítimo". "Não estou aqui só pelo Ministério da Cultura, estou aqui como cidadã. Todo esse desmando é absurdo, cortar esses direitos é um acinte, é uma afronta à cidadania", disse à reportagem.
Afirmando que a "cultura é identidade e é o caráter de um país", o pernambucano Otto lembrou que ficar sem um ministério é um retrocesso para as políticas da cultura. "Um país sem cultura é um país sem caráter. Do tamanho do nosso e com a representatividade artística, é muito difícil ficar sem um ministério. ‘Fora Temer’ porque é um governo ilegítimo", afirmou.
