Mai
12
2016

'Sobrevivemos, mas foram tempos ruins’, diz Lérida Povoleri sobre a ditadura

Evento na Aduff-SSind marca lançamento de caderno sobre a ditadura empresarial-militar e a UFF

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind
"Fiscalizavam professores, colocavam até alunos para nos vigiar. Sobrevivemos, mas foram tempos muito ruins", disse a professora Lérida Povoleri, hoje docente da Economia da UFF, sobre o período em que vivenciou os horrores da ditadura militar no país.

A declaração foi dada na noite desta quarta-feira (11), durante o lançamento do caderno “Ditadura e Resistências – A Rebeldia dos Professores da UFF: do Golpe de Estado à Formação da Aduff-SSind”, produzido pelo sindicato.

A obra é fruto do projeto “Memórias da Ditadura na UFF”, criado em outubro de 2013 como parte integrante do Grupo de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD) da Aduff-SSind, sob coordenação de Wanderson Melo e contribuição de Rafael Vieira.

Resgata a história de resistência dos professores da UFF e traz uma pesquisa com documentação extensa, incluindo a lista dos professores cassados durante a ditadura empresarial-militar no Brasil. "Temos um próximo número em elaboração. Esse tipo de trabalho é importante porque ele retrata a memória da universidade", disse Wanderson, salientando que práticas da ditadura empresarial militar ainda permanecem na atualidade.

Assim como a professora Lérida, outros participantes integraram a mesa de discussões. Edson Benigno da Motta Barros, docente da Engenharia da UFF desde 1988, exaltou a oportunidade de conversar com os presentes sobre o tema. "Como é bom não estar na ditadura. Conviver com o sussurro, com as entrelinhas era muito ruim", disse, explicando que suas principais memórias do período são da época em que foi estudante na instituição, no período de 1966 a 1973.

Para Rafael Vieira, pesquisador do projeto, existem milhares de documentos que permitem novas interpretações historiográficas sobre o período na UFF, evidenciando, por exemplo, que o discurso da modernização e as práticas repressivas não podem ser entendidas de forma dissociada.

Até as 20h20, o debate prosseguia na noite desta quarta (11), no auditório da Aduff-SSind, com abertura falas e depoimentos do público que assiste ao evento. Em seguida, haverá confraternização.

fotos: Lançamento do caderno na Aduff - Luiz Fernando Nabuco/Aduff