Abr
15
2016

Ocupação da Fazenda exigia salário dos aposentados; governo mandou o Choque

Protestos também tiveram a participação de servidores federais; ocupação da Secretaria de Fazenda do Estado do Rio exigia pagamento de salários de aposentados
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Por cerca de 12 horas, em torno de cem servidores estaduais ocuparam o 19º andar da Secretaria de fazenda do Estado do Rio, onde se localiza o gabinete do secretário estadual de Fazenda, Julio Cesar Carmo Bueno. Exigiam que o governo revisse a sua decisão de não pagar os salários de aposentados e pensionistas que recebam acima de R$ 2 mil este mês. A resposta do governo não foi sutil: por volta das 2h30min da madrugada desta sexta-feira (15), soldados do Batalhão de Choque invadiram o prédio, na av. Presidente Vargas, para desocupá-lo.
Os servidores concordaram em deixar o local para que não houvesse conflito. Com os elevadores desligados, desceram 19 andares pela escada, observados pelos policiais  posicionados a cada andar. Cantavam e batiam palmas e, alguns lances antes de chegar ao térreo, deram-se as mãos.
Os manifestantes – a maioria servidoras estaduais da educação, em greve – ocuparam a secretaria pouco depois das 14h da quinta-feira (14). A única reivindicação: o pagamento dos  aposentados e pensionistas – o governador em exercício, Francisco Dornelles, decidiu que os salários referentes a março só serão depositados no dia 12 de maio.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Edson Albertassi (PMDB), esteve no local e tentou mediar uma possível reunião com secretários de governo, mas o Palácio Guanabara condicionou qualquer conversa à desocupação do prédio. Não houve acordo.
A ocupação transcorreu sem danos ao patrimônio, ao contrário do que o governo chegou a divulgar – e que foi desmentido em imagens feitas por cinegrafistas e fotógrafos. A decisão do governador de mandar o Batalhão de Choque deixou os servidores indignados.
Ao descer as escadas, cantaram tradicional canção dos protestos populares: “O povo unido é povo forte/Não teme a luta, não teme a morte/ Avante companheiro que essa luta é minha e sua/unidos venceremos e a greve continua”. “Ocupamos para exigir o pagamento dos aposentados e pensionistas. Covardemente, o governo mandou desocupar o prédio. Às 2 horas da manhã, o Choque invadiu. Éramos cem nossos da ocupação. Descemos as escadas cantando, de cabeça erguida. A tesão [foi] grande, mas seguimos firmes na luta”, postou nas redes sociais a servidora Cíntia Teixeira, servidora da saúde estadual e integrante do Fórum de Saúde da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).
Dia de mobilização também dos federais
A ocupação da Secretaria de Fazenda fez parte de um dia de protestos que uniu servidores estaduais e federais no Rio. Trabalhadores de diversos setores saíram em passeata, à tarde, da Assembleia Legislativa (Alerj) até a Sefaz. “A caminhada foi emocionante, o povo na rua aplaudindo, fotografando e filmando”, comentou a servidora da saúde estadual Jeane, do Hospital Estadual Azevedo Lima, que está em greve.
O servidor Camilo de Jesus, do INSS de Engenheiro Trindade, em Campo Grande, que participou do ato, acompanhou em vigília,em frente ao prédio, a ocupação da secretaria. Para ele, o que ocorre agora com os servidores do estado é parte de um contexto mundial, no qual direitos dos trabalhadores estão sendo retirados para manter a margem de lucro dos grandes empresários capitalistas. E os servidores federais, alerta, não estão alheios a isso. “Vamos esperar o corte de salários ou vamos nos mobilizar já, unificando com a luta dos servidores estaduais”, indagou.
O professor do CPII Tarcísio Motta disse que estava ali como cidadão e como ex-professor da rede estadual de ensino. “É um absurdo que Dornelles e Pezão tenham deixado os aposentados sem condições de sobreviver, é uma covardia desse governo”, disse.