Abr
15
2016

Ocupação na Secretaria da Fazenda pressiona governo do Rio por negociação

Secretaria está ocupada por servidores da educação; federais, em menor número, participam da vigília em frente ao prédio; comissão de parlamentares entrou no prédio

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Servidores ocupam a Secretaria da Fazenda do Estado do Rio e pressionam o governo a negociar com o funcionalismo, em greve contra os atrasos nos salários, as ameaças sobre direitos trabalhistas e previdenciários e a falta de verbas para os serviços públicos. Aposentados, que por determinação do governador em exercício, Francisco Dornelles (PMDB), só vão receber o pagamento de março em maio, também participam do ato.

A única reivindicação da ocupação é que as aposentadorias e pensões sejam pagas. “Não poderíamos nos ausentar dessa luta. Não vamos sair daqui sem essa negociação, a ocupação é fundamental para que a gente pressione, para chamara atenção da população”, disse Lívia de Oliveira, professora do Colégio Estadual Baltazar Bernardino, em Niterói, que participa da ocupação.

Por volta das 19h20, uma comissão de parlamentares foi autorizada a subir para verificar a situação dos manifestantes e tentar mediar possíveis negociações – mas acabou não tendo acesso ao 19º andar. “É um gesto autoritário que só vai elevar a tensão”, disse, pouco antes, o deputado estadual Flávio Serafim (PSOL), um dos parlamentares que estão no local. Às 20h15, finalmente a entrada da comissão parlamentar foi permitida. O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Edson Albertassi (PMDB), integrava a comissão.

Não houve acordo, porém, na tentativa de mediação. O governo condicionou o recebimento de uma comissão formada pelos manifestantes à desocupação do espaço. Os servidores propuseram que a comissão fosse recebida primeiro e, a depender do resultado, definiriam ou não pela saída. O governo manteve a posição inicial. Os manifestantes fizeram uma assembleia e por ampla maioria decidiram permanecer no local pelo menos até às 13 horas desta sexta-feira (15).

Ocupação

O 19º andar do prédio foi ocupado por volta das 14 horas desta quinta-feira (14), quando também houve passeata com trabalhadores de diversas áreas dos serviços públicos estaduais e federais. Dezenas de servidores se encontram no interior do prédio, parte deles aposentados. No pátio da entrada e do estacionamento, mais de uma centena também participava da ocupação. Alguns dos aposentados, mais velhos, já deixaram o local. Foram recebidos com festa pelos servidores que estavam do lado de fora.

Foi o caso de Jurandir de Oliveira, o Didi, de 81 anos, técnico-administrativo aposentado da Uerj. Ele disse que tudo transcorreu com tranquilidade ao longo das cerca de cinco horas em que participou da ocupação e que não houve danos ao patrimônio. “O que eles disseram foi mentida, mas tiveram que desmentir”, disse sobre informação, divulgada pelo governo, de que os manifestantes haviam quebrado coisas no prédio. “Eles fazem o que querem, tem dinheiro para Supervia, tem dinheiro para o Maracanã, só não tem para os aposentados”, disse à reportagem. Aos que, mesmo em receber salário, seguem em casa, deu um recado: “Tem que vir para cá, para luta e [não] ficar em casa sem comida”, disse.

Como os elevadores foram desligados, Jurandir e outros aposentados tiveram que descer os 19 andares a pé, pela escada. Houve um momento em que a luz e a água também foram cortadas, mas, depois, após negociação, foram restabelecidas.

Segundo o servidor do INSS Luiz Fernando Carvalho, que acompanhava a manifestação desde o início da tarde, o clima esteve tenso na ocupação por determinado momento, quando policiais militares fizeram movimentos que poderiam sinalizar uma invasão. Depois, porém, o clima ficou tranquilo, embora dezenas de policiais permaneçam no prédio.

DA REDAÇÂO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos)
Foto: Ocupação e manifestação dos servidores no Rio, na quinta-feira (14)