Abr
13
2016

Reitor apela à Justiça para despejar Sintuff

Sindicato dos técnicos tem até o próximo dia 21 para desocupar sede no Valonguinho; Aduff-SSind se solidariza com trabalhadores e repudia atitude dos gestores da UFF

DA REDAÇÃO DA ADUFF

“O reitor da UFF, Sidney Mello, vem nos últimos meses utilizando todos os tipos de prática de perseguição aos dirigentes sindicais e estudantis, [com] uso de força policial e [de] ações judiciais, com [a] intenção de calar aqueles que têm denunciado a política do governo Dilma de privatizar e de precarizar o trabalho e o estudo na Universidade”, disse Pedro Rosa, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense, em vídeo que circula nas redes sociais. Ele pede apoio à comunidade acadêmica, aos movimentos sociais e sindicais para fortalecerem a campanha contra a criminalização e o despejo do Sintuff.

A decisão judicial proferida pelo Juiz Titular da 1º Vara de Niterói, Rogério Tobias de Carvalho, determina que o Sintuff deixe voluntariamente a sede que ocupa há décadas no campus do Valonguinho, até o próximo dia 21, sob pena de desocupação coercitiva e de multa diária de R$500 – limitada ao máximo de R$100mil.

Conforme o despacho do juiz, a administração central da UFF alegou seguir orientação do Tribunal de Contas da União (acórdão 1378/2008) para solicitar a antecipação de tutela para reintegração do imóvel. A reitoria declarou que o Sintuff ocupa indevidamente o espaço desde o ano 2000 e que, a permanência do sindicato no local “impede que a Universidade dê sequência ao pedido do Diretório Central dos Estudantes, para ali ser instalação (sic) o Restaurante Universitário do campus do Valonguinho”.

Uma das primeiras atitudes do reitor Sidney Mello, recém-empossado, foi assinar a notificação de desocupação do imóvel, ainda em novembro de 2014, alegando que o Sintuff é uma entidade privada, que consome água e energia públicas gratuitamente. No entanto, de acordo com o sindicato dos trabalhadores em educação, a UFF possui mais de dez prédios sem uso na instituição. E, outras entidades que também têm sede no ambiente universitário não foram questionadas pela administração central, o que, evidenciaria, portanto, perseguição política ao Sintuff.

Essa ação de despejo contra o sindicato dos servidores vem acompanhada de várias outras tentativas, por parte da reitoria, de criminalizar a atuação dos movimentos sindicais e sociais na UFF. Desde que assumiu a administração central na instituição, Sidney Mello se recusou a dialogar com os servidores e os estudantes em greve; recorreu à Justiça e à força policial para coibir manifestações no espaço público. Não estabeleceu qualquer diálogo com a comunidade para discutir a cessão do Hospital Universitário Antonio Pedro à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Criticado por atropelar o Regimento Universitário, encaminhou controverso e questionável processo de votação sobre o referido convênio entre essa empresa e o Huap – que está sendo contestado pelas entidades sindicais e por parte da comunidade acadêmica.

Para o coordenador geral do Sintuff, Pedro Rosa, a administração central da UFF tenta silenciar um sindicato combativo que, nos últimos anos, tem atuado em defesa dos interesses dos trabalhadores em Educação da UFF, se opondo à política privatista que move os gestores. “[O] objetivo central [é] calar a boca de um sindicato que, nos últimos anos, teve a coragem de denunciar o que significa os cortes de verbas [públicas para a Educação], denunciar a privatização que está a serviço de prejudicar a população e de engordar os bolsos dos corruptos que governam esse país”, diz o sindicalista no vídeo.

Aduff-SSind apresenta moção

Na tarde dessa quarta (13), a Diretoria da Aduff-SSind - biênio 2014/2016 elaborou moção de repúdio à reitoria da UFF e à ordem de despejo contra o Sintuff, solidarizando-se com o sindicato dos trabalhadores.

Leia abaixo o texto da moção:

A ADUFF-SSIND tem se posicionado de forma veemente contra as práticas antidemocráticas que têm caracterizado a atual administração da UFF, entre as quais, a truculência ocorrida no episódio da adesão do Hospital Universitário Antônio Pedro à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh.

Numa clara retaliação ao posicionamento da entidade sindical representativa dos técnicos administrativos em suas lutas em defesa da democracia na UFF, a administração central da Universidade Federal Fluminense recorreu à Justiça, que encaminhou ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação na UFF - Sintuff ordem de despejo do prédio ocupado há anos pela entidade, no Campus do Valonguinho. A exemplo do que vem ocorrendo em todos os níveis de governo no país, entendemos que essa ameaça é um evidente constrangimento à liberdade e ao direito de organização sindical dos trabalhadores.

Niterói, 13 de abril de 2016

Diretoria da Aduff-SSind
Biênio 2014/2016