Mar
08
2016

Conselho do Huap aprova Ebserh em reunião fechada e que será contestada

Direção do Huap realizou reunião a portas fechadas por força policial. Decisão deverá ser contestada por desrespeito ao regimento do Conselho Deliberativo

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho, Aline Pereira (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos)
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O Conselho Deliberativo do Hospital Universitário Antonio Pedro aprovou em menos de 20 minutos a cessão da unidade à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, em uma reunião realizada fora das dependências acadêmicas da UFF e fechada à participação de estudantes, técnicos-administrativos e professores.
A Procuradoria Federal de Niterói junto à UFF, na rua São Pedro, no Centro, amanheceu cercada por policiais militares do 12º Batalhão e por guardas municipais –por volta das 9 horas da manhã chegaram também policiais federais, armados com escopeta e fuzil. O local foi escolhido pelo diretor-geral do Huap, Tarcísio Rivello, para realizar a reunião que decidiria pela transformação do hospital universitário em uma filial da Ebserh.
A PM alegou que cumpria uma determinação do juiz Willian Douglas Resimente dos Santos, da 4ª Vara Federal de Niterói, que concedeu interdito proibitório contra o sindicato dos técnicos-administrativos (Sintuff) em ação movida pela administração e cujo entendimento foi estendido pelas autoridades à comunidade acadêmica. A decisão proíbe a realização de manifestações que impeçam a entrada de conselheiros, o que não ocorreu, mas em momento algum fala em impedir o acesso de servidores, estudantes ou usuários ao local.
Durante todo o ato, a palavra que mais se ouviu foi “vergonha”. Não houve, porém, qualquer tentativa de bloqueio da entrada por parte dos manifestantes – que acabou sendo bloqueada por cerca de 40 homens e uma mulher das forças policiais.
Apenas dez dos 20 conselheiros previstos no regimento do Conselho Deliberativo compareceram à reunião – o que é um dos aspectos controversos da reunião. O desrespeito ao regimento interno é apontado em outros itens – como o não atendimento de horário previsto para as reuniões e a garantia de que suas decisões passem por ‘negociações democráticas’ e públicas.
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Imprensa não teve acesso à reunião
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Após a sessão, o diretor do Huap autorizou a subida da imprensa e de advogados à sala da Procuradoria – jornalistas solicitaram, mas foram impedidos de entrar enquanto a reunião transcorria. No auditório do sétimo andar, Tarcísio e outros nove conselheiros acompanharam a leitura da ata que registrou a deliberação favorável à Ebserh. O documento não chegou a ser exposto para imprensa e advogados – que tiveram negado o pedido de fotografá-lo. A reportagem da Aduff-SSind tentou fazer perguntas, mas Tarcísio se recusou a responder.
Alguns conselheiros, visivelmente constrangidos, disseram que não autorizavam o uso das imagens pela imprensa – embora tenham concordado em se apresentar em uma sala na qual estariam presentes jornalistas de texto e fotógrafos. À saída da Procuradoria, também indagados pela reportagem da Aduff-SSind, escoltado por forças policiais, Tarcísio e outros conselheiros se negaram outra vez a falar.
A direção do Huap alega que não tem conseguido realizar as reuniões para deliberar sobre o assunto. Mas o movimento contra a Ebserh jamais bloqueou a entrada de conselheiros nas reuniões regulares dentro da universidade. Houve impasse apenas na convocada em janeiro também para Procuradoria e que seria realizada de portas fechadas – neste dia, diante do protesto da comunidade acadêmica, a reunião acabou sendo cancelada.
Nesta terça-feira (8), a saída dos conselheiros do prédio, por volta das 11h40, foi sob vaias, protestos e escolta das forças policiais. Houve confusão e a polícia usou gás de pimenta, que também atingiu jornalistas e transeuntes. Ninguém ficou ferido ou foi detido.
Os sindicatos estudam contestar a decisão na Justiça. A mobilização pela garantia da democracia na universidade e contra a Ebserh, que ainda terá que passar pelo Conselho Universitário (CUV), vai continuar.
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DA REDAÇÃO DA ADUFF