Mar
07
2016

Expansão precarizada: UFF em Campos cobra resposta para problemas

Comunidade acadêmica questiona compromissos não cumpridos pela Reitoria em Campos e respostas do Comitê Gestor não agradam

DA REDAÇÃO DA ADUFF-SSIND
Por Niara Aureliano
Fotos: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind
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Docentes, técnicos-administrativos e estudantes da UFF em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, cobraram compromisso dos gestores com as promessas feitas na última reunião do Comitê Gestor (CG), em maio de 2015, e soluções para os problemas nas condições de trabalho. Também criticaram o não comparecimento do reitor Sidney Mello nas atividades, que mais uma vez não esteve presente na reunião realizada com a comunidade acadêmica na tarde do dia 16 de fevereiro, uma terça-feira.

Promessas como priorizar as obras da UFF em Campos, regularizar pagamento de terceirizados e elaborar estudo para resolver o déficit do quadro de docentes na unidade, afirmaram, não foram cumpridas. A reunião foi marcada pela presença de "representantes de representantes", já que, dos integrantes titulares do Comitê Gestor, apenas o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Sérgio Mendonça, compareceu.

Um dos compromissos da reunião anterior, ocorrida em 7 de maio de 2015, foi dar prioridade às obras do campus da cidade. Na ocasião, Sérgio Mendonça disse que o reitor assegurava: "A obra de Campos será priorizada". Ela estava e permanece paralisada.

O caso foi lembrado por docentes. "Que tipo de prioridade é essa que a obra permanece parada por mais um ano?”, indagou o professor de Ciências Sociais Márcio Malta. Na recente reunião, o Comitê Gestor disse que ainda não há previsão para retomada das obras (ver texto nesta página). A comunidade universitária continuará por tempo indeterminado nos contêineres e sem previsão de novo campus.

Déficit de pessoal

Outro tema lembrado refere-se a novas vagas no quadro docente. A comunidade acadêmica recordou que houve um compromisso – assinalado à época pelo professor Alberto Di Sabbato, coordenador de pessoal docente, presente nas duas reuniões – de redigir um relatório técnico para levantar a necessidade dos cursos de Campos de Goytacazes e que, a partir desse procedimento, seriam alocadas novas vagas para tentar acabar com déficit – o que até hoje não se concretizou.

O professor Paulo Terra, que integra a direção da Aduff-SSind, ressaltou que há um déficit no quadro docente que precisa ser sanado e os professores aguardam que o compromisso assumido em 2015 seja concretizado. "No próprio curso de História, por exemplo, a gente não chegou no contingente necessário. Então é preciso também que esse estudo aponte essa necessidade de concursos", observou.

Terceirizados

Referindo-se a outra afirmação que o Comitê Gestor fizera em maio, de que a Reitoria priorizaria também os recursos destinados ao pagamento dos salários dos profissionais das empresas terceirizadas, o professor Márcio Malta indagou quando isso será regularizado. "A notícia que nos chega é que funcionários terceirizados estão indo embora por conta da falta de pagamento. Isso quando alguns departamentos não se encontram inviabilizados, porque o funcionário não tem como trabalhar sem receber. A gente se encontra nesse caso, que é na verdade um caos", disse o docente.

Os representantes da Reitoria disseram que estavam fazendo o possível para solucionar o problema e citaram o rompimento do contrato com a terceirizada Vpar como um exemplo disso. "Até que ponto nós vamos ficar assim? Até adoecer?", questionou o professor da UFF em Campos.

Comitê Gestor diz não haver previsão para retomar obras

Paralisada há mais de um ano e com dívida de R$ 7 milhões, a construção do campus que deveria abrigar os cursos de Ciências Sociais, Geografia, Serviço Social, Ciências Econômicas, Psicologia e História, em Campos dos Goytacazes, não tem previsão de retomada. Foi o que disse o representante da Superintendência de Arquitetura e Engenharia (Saen), Daniel de Almeida, durante reunião do Comitê Gestor da UFF no município.

De acordo com o representante da Saen, o valor da obra está na ordem de R$ 35 milhões. “Nós temos hoje R$ 7 milhões de dívida e é um montante bem significativo e, até o momento, não há previsão de quando isso será sanado para poder retomar a obra”, disse.

O contrato com a empresa que fornece os contêineres, onde parte das aulas são ministradas em Campos, será renovado, segundo Alberto Di Sabbato, coordenador de pessoal docente. "O processo de licitação dos contêineres já foi realizado, a empresa que venceu foi a atual empresa que já tem os contêineres e esse contrato está na Procuradoria Jurídica e deve ser assinado em breve", disse.

Preocupado com os danos causados ao prédio com as obras interrompidas, o docente Paulo Gajanigo questionou o Comitê Gestor sobre o prejuízo de abandonar a obra e o que a Reitoria está fazendo para conseguir a verba, já que aproximadamente 30% do prédio está concluído.  “Eu queria entender o que a UFF está fazendo em relação ao prédio... Eu quero saber se vocês têm um estudo, uma previsão, do que acontece de deterioração do prédio, quanto a UFF está perdendo por dia, qual o prejuízo? O que a UFF está fazendo concretamente pra conseguir essa verba? Se é um compromisso sério, a UFF tem que estar lutando incansavelmente por essa verba, porque isso é dinheiro público jogado fora”, disse o docente.