Jan
28
2016

Dia de protestos na UFF termina com notícia de liminar que derruba ‘email’

Os três segmentos universitários se uniram nos atos contra a Ebserh e em defesa da democracia interna na UFF; mobilização vai continuar, afirmam sindicatos

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira, Hélcio Lourenço Filho e Niara Aureliano

Fotos: Ato na Praia Vermelha, passeata e concentração em frente à Reitoria na quarta (27) – crédito: Luiz Fernando Nabuco

“Nem por email, nem pelo You Tube: a Ebserh não passa aqui na UFF”. Essa era uma das palavras de ordem dos manifestantes que marcharam do campus da Praia Vermelha até os jardins da Reitoria, na manhã de ontem (quarta-feira, dia 27), após a sessão do Conselho Universitário da instituição ter sido suspensa por falta de quórum. Enquanto se posicionavam contra as tentativas de privatização do Hospital Universitário Antônio Pedro, os sindicatos e os manifestantes não sabiam que a Justiça já havia deferido liminar, natarde da terça (26), suspendendo os efeitos da votação por email promovida, na semana passada, pelo diretor-geral do Hospital Universitário Antonio Pedro, Tarcísio Rivello. De forma considerada antirregimental, avaliação acatada pelo juízo, o Conselho Deliberativo indicou a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. A liminar obtida na véspera, em ação movida pela Aduff-SSind atendendo a um grupo de conselheiros, determina a imediata comunicação da decisão do juiz ao reitor, Sidney Mello. Os pró-reitores Túlio Franco (Progepe) e Neliton Ventura (Proad) estiveram na Praia Vermelha, mas não se sabe se eles já haviam tomado conhecimento do mandado de segurança. Após o ato na Praia Vermelha, técnicos-administrativos, estudantes e alguns professores ocuparam os jardins da Reitoria para protestarcontra a Ebserh e exigir maior democracia na Universidade. A comunidade acadêmica questiona a metodologia adotada pela administração superior, que não tem medido esforços para entregar a gestão do Huap a essa empresa de capital privado, criticada nas instituições federais com as quais firmou convênio, entre elas as universidades de Santa Maria, Pelotas e Ceará.

Solidariedade

Parlamentares e servidores de outras instituições, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) estiveram presentes no ato, solidarizando-se com a luta da comunidade acadêmica da UFF. Marcelo Silva, técnico-administrativo na UniRio, lembrou o processo‘ditatorial e truculento’ que levou à cessão do Hospital Gaffrée e Guinle à Ebserh, ao final de 2015. “A UniRio aderiu a esse modelo de gestão de forma violenta, sem que o Conselho Universitário tivesse deliberado sobre o assunto. Ela não resolve todos os problemas na área de saúde; somente os aprofunda e é isso que tem acontecido nas unidades que firmaram esse tipo de convênio”, criticou.O estudante Gustavo Fagundes, da Escola de Serviço Social, destacou que a unidade com os técnicos-administrativos e os professores deve pautar essa mobilização. “Os três segmentos da universidade continuam em diálogo e preparados para qualquer manobra da Reitoria, seja as que tentaram fazer o CUV fora da universidade ou as canetadas do reitor”, disse à reportagem, ao defender a continuidade do movimento e a campanha pela realização de um plebiscito, para que toda a comunidade acadêmica possa se posicionar sobre o tema. A professora Claudia March, do Instituto de Saúde da Comunidade, criticou a reitoria da UFF e disse que a pressão feita pelos gestores para que os hospitais federais sejam administrados pela Ebserh deve ser compreendido dentro de uma lógica de privatização dos serviços públicos essenciais, como saúde e educação, que mercantilizam a vida.