Jan
26
2016

'A privatização de um hospital não pode ser definida por e-mail', diz servidor

Estudante, técnico e docente criticam tentativa de aprovar Ebserh por e-mail e convocam ato no CUV desta quarta (27); estudantes defendem plebiscito

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Niara Aureliano
Foto: Ato em frente à Procuradoria Federal, onde o diretor do Huap e a Reitoria tentaram realizar a reunião de portas fechadas do Conselho Deliberativo – Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Indignados com a tentativa do reitor da UFF, Sidney Mello, e do diretor do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), Tarcísio Rivello, de indicar a adesão à gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) em votação realizada por e-mail, a comunidade universitária prepara ato no Conselho Universitário (CUV), às 8h, nesta quarta (27), e deixa claro: aprovar a privatização do Huap por e-mail é antidemocrático, autoritário e ilegal. Votação por e-mail foge do definido no regimento da universidade, que diz que decisões deste porte sejam debatidas e votadas em reuniões presenciais.
Para o técnico-administrativo Gabriel Barbosa, aprovar a Ebserh por cima dos fóruns apontados no regimento interno da UFF e sem reuniões com a comunidade acadêmica é antidemocrático. "Não se pode tomar decisões deste porte por e-mail. A privatização de um hospital não pode ser definida por e-mail". Para ele, a ação da Reitoria e da direção do Huap é uma manobra para aprovar a Ebserh a qualquer custo, inclusive se negando a debater com a comunidade. "Com certeza é uma manobra, tudo por baixo dos panos, escondido, tentaram fazer reunião fora da universidade, a portas fechadas, para proibir que a comunidade acadêmica participasse. Com certeza privatizar não é o interesse da comunidade acadêmica", afirma.
Para o estudante de Serviço Social Gustavo Fagundes, a medida correta seria iniciar um amplo debate com toda a comunidade acadêmica e os usuários do Huap – a quem a privatização deverá afetar em grau maior, face as denúncias de redução de serviços e de queda na qualidade de insumos. Os estudantes defendem a realização de um plebiscito.
"O correto seria ampliar o debate para o conjunto da comunidade acadêmica e também com os usuários espalhados nos sete municípios que o hospital atende. Queremos que a partir de um longo e amplo debate, seja votado qual o destino do hospital; o plebiscito seria a melhor decisão nesse momento sobre a adesão ou não. O ato será uma resposta, estamos tentando mobilizar ao máximo junto aos técnicos e aos docentes, para conseguir discutir com os conselheiros e com o reitor, que essa votação por e-mail seja ignorada", comenta o estudante.
Renata Vereza, presidente da Aduff-SSind, espera que o resultado da votação seja descartado, já que configura ato ilegal, descumprindo o regimento interno da universidade. Para Renata, a votação online é claramente um subterfúgio da Reitoria e da direção do Huap para forçar a entrega do hospital à Ebserh. "Esse tipo de medida parece desespero para aprovar algo que é claramente ruim para a universidade. A medida é um subterfúgio para aprovar o que não é positivo para a comunidade acadêmica e para o hospital", conclui.
Haverá paralisação dos técnicos-administrativos na manhã desta quarta (27) na universidade, para  reforçar a mobilização contra a entrega do hospital à empresa.