Jan
08
2016

Ato contra aumento da passagem reúne 4 mil no Centro do Rio

Ativistas convocam reunião para próxima terça-feira (12) às 17h no IFCS para discutir rumos da mobilização

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Por Niara Aureliano

Manifestação contra aumento da passagem reuniu cerca de 4 mil pessoas no Centro do Rio no final de tarde desta sexta-feira (8). Saindo da Cinelândia, passando na Alerj e seguindo até a Central do Brasil, os manifestantes prometeram continuar com a mobilização até a derrubada do valor da tarifa, que passou de R$3,40 para R$3,80 na última segunda-feira (4). A Aduff/SSind, o Sintuff e estudantes da UFF participaram da manifestação.

Recebendo apoio dos transeuntes, os ativistas pediram tarifa zero e estatização de todos os transportes e culparam o prefeito Eduardo Paes e o governador Luiz Fernando Pezão, ambos do PMDB, pelas condições dos transportes públicos, principalmente dos ônibus, que estão tendo linhas reduzidas ou extintas apesar do aumento da passagem. Valor das tarifas de trens e barcas também devem aumentar no início do mês que vem, para R$3,70 e R$5,60 respectivamente. Tarifa do metrô também será reajustada em abril, mas valor ainda não foi definido.

Morador do Morro do Borel, na Tijuca, o estudante Renan Oliveira comentou o aumento da passagem de ônibus logo na primeira segunda-feira do ano: "É absurdo". Ele considera a redução e extinção de linhas de ônibus na cidade como uma tentativa de segregar a população e diminuir o acesso à cidade. "Onde tem preto no ônibus, o ônibus é parado, as pessoas são revistadas, são humilhadas. O que eles querem com isso é deixar os pretos na zona norte, na zona oeste e na baixada, e fazer da zona sul o jardim deles, intocável", falou. "Vai chegar uma época que a passagem vai estar R$ 5. É um absurdo. Se locomover, ser transportado pela cidade é fundamental, seja pra trabalhar, seja pra estudar, seja pra acessar a cidade. Acho que esse aumento é justamente pra barrar as pessoas porque esse aumento vem acoplado com o corte de várias linhas da zona norte e zona oeste, acho que impede o acesso à cidade e é racista com certeza", concluiu o estudante.

A rodoviária demitida Maura Lúcia Gonçalves, integrante da oposição rodoviária da CSP Conlutas, apontou que o aumento das tarifas não são repassados aos trabalhadores. Na verdade, segundo ela, os trabalhadores rodoviários estão sendo demitidos em grande número, principalmente as cobradoras e cobradores, obrigando motoristas a realizarem dupla função. "O aumento da passagem é um absurdo porque só de subsídio de bilhete único o Pezão foi pra televisão dia 20 de novembro dizer que repassa R$600 milhões anuais pros consórcios; agora com o aumento da passagem, óbvio que vai aumentar. Nós, trabalhadores, já estamos com 25 mil rodoviários demitidos, no qual a maioria por justa causa sem receber nada, como eu. A maioria das cobradoras são mulheres, mães, sustentam casa, moram de aluguel, e os empresários não estão nem aí, chama lá, não tá precisando mais dos seus serviços e pronto. Os motoristas estão sendo obrigados a fazer a dupla função e ainda a dobrar horário, e se não aceitar leva falta", disse a cobradora, que alega ter sido demitida por motivos políticos, afirmando que a luta contra o aumento da passagem não pode estar dissociada da luta por melhores condições de trabalho para os rodoviários.

O ato terminou com confronto entre a polícia e alguns manifestantes. Reunião para definir próximos passos da mobilização será na próxima terça (12), às 17h, no IFCS.