Jun
12
2013

Em audiência com ADUFF, vice-reitor admite que Ebserh impõe perda da autonomia universitária

Em reunião com a diretoria da ADUFF, realizada na manhã desta segunda-feira, dia 10, o vice-reitor Sidney Mello deixou claro que não tem objeção com o fato de uma empresa pública de direito privado administrar o hospital universitário. Sidney declarou ainda que, a princípio, não é prioridade da administração da Universidade realizar debates públicos sobre a Ebserh porque os considera “essencialmente políticos  e ideologizados”. Entretanto, se mostrou preocupado com a perda da autonomia universitária que a adesão à Ebserh irá trazer e se comprometeu a participar de uma reunião com a ADUFF para ouvir os argumentos da entidade sindical sobre o tema.
“Nossa preocupação como administração é garantir a sustentabilidade e o funcionamento do Antônio Pedro. Como não podemos mais contratar funcionários terceirizados para o hospital universitário, trabalhamos em cima do projeto do governo, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Entretanto, estamos estudando formas de propor modelos de controle na relação entre a UFF e a Ebserh, pactuando mecanismos públicos que garantam a autonomia universitária”,  disse. O vice-reitor garantiu ainda que a UFF ainda não assinou nada que vincule o HUAP à Ebserh e ressaltou que o tema não estará na pauta da próxima reunião do Conselho Universitário.
“Na reunião, o vice-reitor afirmou ter uma equipe de especialistas, pessoas da administração pública e médicos, estudando a Ebserh. Diante disso, questionamos a recusa em realizar um debate público, já que a ADUFF tem grande acúmulo técnico e político sobre o tema e poderia contribuir com o debate. A reitoria precisa socializar o que está articulando e a comunidade acadêmica tem o direito de ser ouvida e participar ativamente das decisões que dizem respeito à Universidade”, pontua Eblin. Na avaliação da diretoria da ADUFF, a reunião com a entidade sindical para tratar da Ebserh é um passo importante, mas não exclui a realização das audiências públicas.
A presidente da ADUFF garante que a diretoria da entidade sindical continuará reivindicando o debate junto à comunidade universitária e mostrando através de argumentos políticos e técnicos que a adesão a Ebserh significa um retrocesso para a estrutura do hospital escola. “Ebserh e autonomia universitária são duas coisas inconciliáveis. Se a administração da Universidade estivesse aberta ao debate, talvez já tivesse entendido isso”, finaliza.
Campanha de Sindicalização
Além da Ebserh, a Campanha de Sindicalização promovida pela ADUFF também foi ponto de pauta do encontro. O vice-reitor aceitou a proposta da entidade sindical e se comprometeu a divulgar a campanha do sindicato através de um banner no site da UFF  e em papel anexado ao contracheque dos docentes.
A diretoria da ADUFF presente na reunião também solicitou ao vice-reitor autorização para instalar um stand do sindicato no prédio da reitoria. O objetivo seria recepcionar os novos professores da Universidade, distribuindo as cartilhas produzidas pela entidade sindical e prestando orientações sobre assuntos de grande importância para a categoria como Funpresp, entre outros. Sidney se posicionou favoralvemente.
Vagas
Os diretores da ADUFF também questionaram se a Universidade Federal Fluminense já recebeu alguma das vagas criadas pela Lei 12.677, de 2012, que estabelece  cerca de 20 mil novos postos para docentes e quase 26 mil para técnicos administrativos, mas nem Sidney Mello nem sua equipe técnica souberam responder. O vice-reitor reconheceu que existe um passivo de vagas em algumas unidades da Universidade e que tenta resolver os gargalos usando as vagas que surgem mediante ao não cumprimento pelos cursos das metas estabelecidas pela Comissão de Metas da Universidade, vinculadas aos projetos de expansão do governo federal. Diante disso, a diretoria da ADUFF pediu acesso ao documento que estabelece as metas da UFF. O vice-reitor se comprometeu a enviá-lo à entidade sindical.
“O fato de a reitoria não ter informações sobre a Lei 12.677/2012 é uma questão muito grave porque se a administração da Universidade não cobrar essas vagas, elas não aparecem. E o déficit de vagas aumenta”, ressalta Eblin.
A diretoria do Sindicato aproveitou para comunicar ao vice-reitor que o GT de Política Educacional (GTPE) da ADUFF começará uma pesquisa nos departamentos da Universidade, levantando o quantitativo de vagas docentes em cada departamento e o quantitativo que contemplaria o projeto político pedagógico de cada curso. A diretora da ADUFF e integrante do GTPE, Francine Helfreich, ressaltou que o mapeamento das demandas de cada curso será fundamental para evindenciar a escassez de docentes em alguns cursos. “A pesquisa será uma ferramenta importante para ressaltar a importância de pressionar o Governo Federal e a administração da Universidade para liberar as vagas da Lei 12.677”, disse.
Rio das Ostras
A diretoria da ADUFF também questionou a reitoria sobre informações recebidas recentemente de que o curso de Engenharia da unidade de Rio das Ostras seriam alocados na Zona Especial de Negócios (ZEN), um projeto de parque industrial elaborado pela cidade. O vice-reitor Sidney Mello garantiu que a administração da UFF não é protagonista desse processo e que a proposta partiu da própria unidade. Ele ressaltou ainda que a Universidade não prevê recursos para a alocação do curso de Engenharia na ZEN. “O que existe é uma vontade do departamento, concretamente, não há nada estabelecido”, ressaltou.
“Em reunião do Conselho Universitário, os membros do CUV votaram por uma resolução que decretava o fim dos polos no interior. Isso possibilitou maior autonomia para as unidades buscarem seus interesses e proporem melhorias. É claro que a Universidade não vai contrariar os interesses da unidade, mas nossa prioridade como administração é consolidar a estrutura existente, terminar as obras. A vontade dessa administração é que a UFF tenha um projeto convergente de desenvolvimento”, finalizou.