Professores em greve da UFF se reuniram nesta quinta, 13, pela tarde, para debater a proposta de projeto de lei do governo federal que trata da estrutura de cargos e carreiras dos docentes da educação federal. O PL 4368/2012 foi enviado ao congresso pelo poder Executivo após este se negar a prosseguir a negociação com os grevistas e firmar acordo com uma entidade que durante todo o período de paralisação atuou para desarticular o movimento em defesa de melhorias nas condições de trabalho e da unificação da carreira na figura do “professor federal”.
Em diálogo com a apreciação que vêm sendo realizadas pelo Comando Local de Greve da UFF nas últimas duas semanas e com as análises preliminares enviadas pelo Comando Nacional de Greve e pela assessoria jurídica da UFF, foi apresentado um quadro comparativo entre a Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE), a proposta de estrutura de carreira do ANDES-SN e o PL 4369/2012. Em seguida, os presentes se engajaram em um debate que buscava alguns esclarecimentos e interpretações sobre as minúcias do conteúdo do projeto proposto, a compreensão das estratégias dos atores envolvidos e a proposição de posicionamentos e ações políticas.
Entre os temas abordados discutiu-se o desaparecimento da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão no novo documento, a ofensiva do governo contra a autonomia universitária por meio da criação de comissões internas de deliberação subordinadas diretamente ao Ministério da Educação (MEC), as possibilidades de se apresentar um projeto substitutivo ao PL 4368/2012, o significado de uma rejeição total da proposta, as estratégias do Governo Federal para legitimar o Proifes, seu braço no interior do movimento docente, os processos de privatização e precarização em curso, dentre outros.
Em alguns momentos da discussão, o espanto se misturou com um bom-humor crítico. Ao fim da exposição inicial, falou-se que se encerraria naquele momento a apresentação para que começasse o debate, pois o silêncio denotava o cansaço das pessoas com o volume de informações. Alguém retrucou: “não é cansaço, nós estamos mesmo é chocados”. Quando discutida a imposição das Comissões Permanentes de Pessoal Docente (CPPD) nas universidades federais de forma subordinadas ao MEC, questionou-se “vai ter patrão dentro da universidade?”.