Diretora da Aduff-SSind e coordenadora do GTPE local da entidade, a docente da Faculdade de Educação, Inny Accioly representará a seção sindical no evento. Também estiveram presentes na reunião do GT da Aduff as professoras Gelta Xavier e Zuleide Silveira e os professores Sérgio Aboud e Claudio Fernandes da Costa.
Confira a pauta da reunião nacional do GTPE, que acontece entre os dias 28 e 29 de setembro, em Brasília (DF).
Para Inny, um dos pontos mais importantes debatido na reunião do GTPE local, e que integra a pauta da reunião do GT de Política Educacional do Andes-SN, é em relação ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das licenciaturas – instituído pela Portaria Nº 610/2024 –, que segundo o Ministério da Educação (MEC), deve ocorrer ainda em novembro desse ano, com a realização de prova escrita.
Inny explica que o Enade tem como objetivo avaliar os cursos de licenciatura através de mecanismos de competências e habilidades, o que para a docente é uma questão muito problemática “porque vai pressionar os estudantes a implementarem a BNCC, quando forem atuar nas escolas da educação básica”. Além disso, o Enade para as licenciaturas prevê além de prova teórica, prova prática – que deverá ser realizada na escola, durante o estágio desses estudantes.
“Essa também é uma questão bastante problemática. Essa prova prática vai ser uma aula, avaliada pelo professor orientador da universidade e um supervisor da escola, ambos deverão fazer um treinamento ofertado online pelo INEP. Não sabemos o conteúdo desse treinamento e nos preocupa bastante esse tipo de avaliação”, reforça.
A professora Gelta Xavier concorda. Para ela, as análises e debates durante a reunião do GTPE local da Aduff evidenciaram a necessidade de retomar “as bases que sempre estabelecemos para realizar a formação acadêmica e profissional na Universidade e Escola Básica”. Ela afirma que a forma como o governo promove mudanças evidencia um projeto que mantém o esvaziamento e a privatização da Educação no Brasil.
“O ataque à autonomia das Universidades ocorre quando é anunciada limitação ao percurso do estudante, durante o curso e em termos de sua conclusão. Discussões a respeito do conteúdo das provas situam a distância das questões e dos estudos na Universidade (...) São medidas que retiram direitos em relação à formação e à inserção social pela via do trabalho”, diz.
Encaminhamento
Em reunião, o GTPE local da Aduff encaminhou que o Andes-SN faça pressão pela revogação desse modelo de Enade, que é um ataque à autonomia da universidade e um ataque à formação de professores que o Sindicato Nacional defende.
“Na UFF, encaminhamos a importância de aprofundar o debate sobre o Enade, tanto junto ao DCE quanto ao Sintuff e aos cursos de licenciatura, inclusive para ampliar o acesso à informação. Muita gente não está nem sabendo sobre isso” destaca Inny. “Um curso ser avaliado com nota baixa no Enade traz consequência. Uma, inclusive, é fomentar o discurso que desqualifica a universidade como um espaço de formação de professores de qualidade. Por isso a importância do debate”, reforça a docente.
Revogação do NEM e atualização da cartilha do Andes-SN
Entre os encaminhamentos do GTPE da Aduff a serem levados à reunião nacional do Grupo de Trabalho também está a importância da atualização da cartilha do Sindicato Nacional sobre o Novo Ensino Médio (NEM), incluindo agora as críticas à reforma da reforma.
A Câmara dos Deputados aprovou no dia 9 de julho o projeto de lei 5.230/23, que alterou o Novo Ensino Médio (NEM). A proposta, que já tinha sido aprovada pela Câmara dos Deputados e encaminhada ao Senado, recebeu novas modificações e retornou à Casa presidida por Arthur Lira (PP-AL).
O PL 5230/23, como alerta o Andes-SN, não modifica problemas estruturais do NEM, mantidos tanto na versão do Senado quanto na versão final que foi aprovada pela Câmara. Para a diretoria do Sindicato Nacional, e para os integrantes do GTPE da Aduff é necessário permanecer em luta pela revogação integral do NEM, pois a medida atende a uma concepção de educação mercadológica, voltada para os interesses do capital.
Carga horária de EAD nos cursos de graduação presencial
Em relação à carga horária de EAD nos cursos de graduação presencial, o GTPE local da Aduff destacou a importância do debate do tema, diante da precarização da infraestrutura da universidade, que vai abrindo muitas portas para a adoção da EAD na educação presencial.
Entre os exemplos estão cursos onde faltam salas de aula para alocar disciplinas, estudantes sem recursos para a passagem e alimentação e a precarização ainda maior dos campi fora de sede. “Nossa defesa é contra a EAD, mas a universidade precisa, sobretudo, de investimento, precisa de orçamento. Essa foi uma das principais demandas da nossa greve docente e segue sendo uma de nossas pautas prioritárias”, finaliza Inny.
Da Redação da Aduff | por Lara Abib