A atividade, que aconteceu na quinta (25), no pilotis do Bloco H, no campus do Gragoatá, contou com o apoio da Aduff-SSind, e com a organização das professoras Manoela Pedrosa e Mariana Bruce e do Diretório Acadêmico Telma Regina, do curso de Geografia da UFF (DATER) e do Centro Acadêmico de História (CAIMD).
Professora do Departamento de Histórica da UFF, Mariana Bruce destaca a importância de realizar uma atividade em comemoração os 40 anos de luta do MST pela reforma agrária e pela soberania alimentar, num espaço público da Educação, que é a universidade.
“A gente está neste contexto de greve e de mobilização e a nossa universidade precisa estar comprometida com quem já está em luta há muito tempo. Quando a gente ocupa esse espaço junto dos movimentos sociais, isso tem uma ação pedagógica fundamental para a formação dos nossos estudantes. (...) E a gente não está falando de um movimento social qualquer, a gente está falando do maior movimento camponês da América Latina, um dos maiores do mundo”, afirmou.
Presente na atividade, a professora Ana Maria Motta Ribeiro, concorda. Para ela, própria existência e o tamanho do MST já denunciam a concentração fundiária do país, tema de muitas pesquisas, monografias e dissertações.
“A universidade é o lugar de produção de conhecimento. Nada que se possa, de alguma maneira, homenagear ou oferecer uma comemoração aqui pode ser desvinculada de uma dimensão pedagógica. Então a gente faz da política também pedagogia”, reafirma, ao defender uma “universidade viva”, que se conecta com a realidade social e que luta contra o latifúndio, as oligarquias e em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.
Coordenador do Diretório Acadêmico de Geografia, o estudante Gabe destaca a importância da organização e atuação conjunta em um momento de mobilização unificada em defesa da educação pública. “A luta por direitos é o que nos unifica. Por direito à terra, à moradia, à saúde e à educação de qualidade”, reforça.
Para Mariana Bruce, atividades como essa oportunizam outras formas de pensar o mundo e de agir. “Trazer o MST para dentro da universidade, não num formato acadêmica, mas em um que dialoga com as próprias estruturas de pensamento e de existência do movimento, para mim isso é um exercício ‘ontoepistemológico’. De mexer um pouco com esse ambiente que é mais cartesiano, que é mais constituído a partir de um ‘ethos’ que vem da modernidade europeia ocidental, que é muito relevante para a produção de conhecimento, mas não é a única matriz de pensamento”, diz.
De acordo com ela, são esses experimentos democráticos que pluralizam a universidade. “A gente está falando de pluralismo epistêmico, de implicação nas lutas, de ação pedagógica. Tudo isso dentro de contexto de greve e de demandas legítimas da Educação federal, que vão muito além das questões salariais e de recomposição orçamentária, que são fundamentais. A gente também está falando de uma Educação que luta pela transformação do mundo”, finaliza.
Da Redação da Aduff | por Lara Abib