Pela recomposição do orçamento da universidade e por melhores condições de estudo, de trabalho e de salário, docentes, técnico(a)s-administrativos e estudantes da UFF em Rio das Ostras realizam semana de mobilização unificada para a construção da greve da Educação Federal.

As atividades, que tiveram início na segunda-feira (15), dia de paralisação docente aprovado em assembleia da categoria, se estendem até a sexta-feira (19), com ações que proporcionem o diálogo entre os três setores e a sociedade, sobre a conjuntura política e seus efeitos no desmonte da Universidade Pública.  

Também seguem em sintonia com os atos conjuntos dos servidores públicos federais, que começam hoje e (16) e vão até quinta (18), com Marcha em Brasília no dia 17 de abril.

A “paralisação com ocupação”, realizada ontem, em Rio das Ostras, promoveu a exibição de filmes e de roda de conversas junto ao comando de mobilização unificado do campus, a construção de um “mural da memória” das lutas e mobilizações locais, “sala imersiva” organizada pela(o)s estudantes, reunião dos técnicos-administrativos e panfletagem conjunta dos três segmentos.

“Com atividades ao longo do dia, dialogamos com a comunidade acadêmica sobre a conjuntura e o que nos leva a construir a greve. Em um ato público na rodovia, expomos à comunidade local a universidade em luta, convocando todos(as) a somarem conosco da defesa da educação superior”, reforça a secretária geral da ADUFF e professora da UFF de Rio das Ostras, Susana Maia.

Para a docente, os três segmentos são protagonistas centrais na luta pela defesa da universidade pública.

Representando o Comando Local de Greve dos técnicos, o diretor do Sintuff, Wagner Peres Braga participou das atividades e ressaltou a importância da construção da mobilização local na unidade, dando ênfase à realização do ato de rua para dar “visibilidade ao processo de mobilização, sobretudo às pautas locais por bandejão e assistência estudantil”.

Numa roda de conversa à tarde junto ao comando de mobilização unificado, representantes da Aduff e do Sintuff reafirmaram o compromisso em fortalecer a luta nos campi fora de sede.

Estudante do curso de Serviço Social e diretora de políticas da Atlética, Mariana Barbosa avalia que “o caminho para conseguir alguma coisa do que a gente reivindica, como o bandejão e tantas outras pautas, é o fortalecimento da mobilização e da greve unificada”.  Na manhã do dia 15, estudantes da UFF de Rio das Ostras realizaram piquetes na universidade para garantir a participação discente nas atividades, em setores e cursos em que as e os docentes foram contrários à paralisação aprovada em assembleia da categoria.

Ela também destaca a realização da sala imersiva, organizada pelo movimento estudantil e que usou recursos do audiovisual para contar a história de luta no campus. “Pensamos como uma forma de apresentar aos estudantes novos a história de luta dessa universidade. E de resgatar entre nós o sentimento de pertencimento, de carinho com a universidade, para que as pessoas olhem a UFF com outros olhos. O que a gente buscou ontem e está buscando pralém desses dias de mobilização é de construir esse sentimento que se perde um pouco quando a gente perde contato com a universidade, que também é consequência da pandemia e da separação dos polos do campus por curso”, diz a estudante que também é membra do Comando de Greve de Estudantes de Rio das Ostras

O debate realizado a partir da exibição do documentário “Osvaldão” também ressaltou a importância da recuperação das memórias das lutas e resistências para a construção das lutas hoje. O filme, que retrata a vida de Osvaldo Orlando da Costa, militante do PCdoB e um dos líderes da Guerrilha do Araguaia, conta com depoimentos de familiares, amigos e ex-companheiros de partido, aborda sua infância, sua atuação como líder estudantil e especialmente sua atuação como guerrilheiro na região do Araguaia.

Para a professora Noeli Ferreira de Assunção, do curso de Serviço Social da UFF de Rio das Ostras, trata-se de um ótimo meio para mostrar a atuação da ditadura naqueles rincões do país, cuja população – ribeirinhos e indígenas em particular – foi duramente atingida não só pelas grandes obras, mas também pela política de deslocamentos populacionais a pretexto de transferir “homens sem terra” para “terras sem homens”.

“O filme ainda fornece elementos para discutir a reação armada à ditadura, com suas inúmeras contradições, desmontando o argumento falacioso de que os militares agiram para frear um golpe da esquerda e trazendo à memória a militância aguerrida dos que doaram a vida pela causa em que acreditavam. Uma discussão muito importante para ser realizada nos dias atuais, para retomar a verdade histórica e embasar a luta por justiça e por reparação àqueles que tanto sofreram durante esse período tenebroso da história brasileira”, avalia.

Veja a programação da Semana de mobilização unificada dos três segmentos na UFF

Segunda-feira, 15 de abril

Paralisação com Ocupação

9h - Exibição dos documentários 'Trago notícias de Fernando' e 'O dia que durou 21 anos'

10h às 18h - Sala imersiva 

14h - Mural da Memória

15h - Reunião dos TAEs

17h - Panfletagem no Sinal

Terça-feira, 16 de abril
Plenária Unificada 
12h - Bandejasso
16h - Ontem e hoje na luta pela universidade pública, gratuita, laica, socialmente referenciada, de qualidade e popular

Quarta-feira, 17 de abril
Vem para o CURO pra somar!
14h30 - Clube do Livro "Água Viva' convida: qual livro te motiva a ir à luta?
16h30 - Café com Prosa de Greve: contra reformas na educação, orçamento e as implicações nas condições de trabalho e ensino

Quinta-feira, 18 de abril
14h30 - Assembleia Docente Simultânea e Descentralizada

Sexta-feira, 19 de abril
9h - CUROmim - Roda de conversa: "Parentalidade Coletiva e Redes de apoio na Universidade"
18h30 - Mesa: "A cultura do cancelamento: o massacre de corpos pretos e marginalizados"

 Da Redação da Aduff | por Lara Abib

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