Mar
30
2024

'Marcha da Democracia' fará percurso inverso de golpistas até Juiz de Fora nos '60 anos do golpe'

Manifestação integra uma série de atividades que repudiam o golpe e a ditadura; às 15h, haverá ato no antigo Dops

 

Para percorrer o caminho inverso que fizeram tropas golpistas no último dia de março e primeiro de abril de 1964, a 'Marcha da Democracia' sairá da Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, na manhã da segunda-feira (1), com destino a Juiz de Fora, em Minas Gerais.

A caravana, com carros e ônibus, é parte das manifestações que rememoram e denunciam a ditadura nos 60 anos do golpe de 1964. Reunirá participantes do Rio, São Paulo, Espírito Santo e de Minas Gerais. 

As caravanas vão se encontrar num ponto simbólico do golpe: a divisa entre Minas e Rio às margens do Rio Paraibuna. Foi ali que as tropas golpistas, sob o comando do general Olympio Mourão Filho, estacionaram antes de seguir para o Rio de Janeiro, onde chegaram por volta das 2 horas da madrugada do dia 1o de abril - ironicamente, uma data negada pelos generais como a do golpe - a data 'oficial' é 31 de março, nitidamente em razão da inevitável associação com o popular 'Dia da Mentira'.

O golpe estava sendo articulado nacionalmente, porém esse movimento de Juiz de Fora para o Rio é especialmente importante porque, à época, o presidente legítima e democraticamente eleito, João Goulart, se encontrava no Palácio Laranjeiras, no ainda Estado da Guanabara.

A Marcha da Democracia fará uma parada, pela manhã, em Petrópolis. Inicialmente, isso ocorreria no bairro onde se encontra a Casa da Morte, aparelho não-oficial usado pela Ditadura para torturar e matar opositores. Porém, em função das chuvas, a parada será na entrada da cidade e terá um ato simbólico de solidariedade à população local. 

O cronograma prevê que a manifestação seja concluída, ao final da tarde e início da noite, na Praça Antônio Carlos, em Juiz de Fora, com um ato em repúdio ao golpe e em defesa da democracia. 

Ato no Rio

Os 60 Anos do Golpe serão rememorados e repudiados, na capital fluminense, com um ato no Centro da cidade. Setores da sociedade civil vão às ruas para defender a verdade, memória e justiça 'para que nunca mais aconteça'.

O ato 'Ditadura Nunca Mais' será em frente à sede do antigo Dops, na Rua da Relação 40, esquina com a Rua dos Inválidos, a partir das 15 horas. 

A sede do Departamento de Ordem Política e Social é uma referência na tortura e perseguição a quem se opunha à ditadura. Organizações e movimentos por 'memória, verdade e justiça' defendem que ela seja transformada num museu - reivindicação que, num recente giro de posição do governo, o presidente Lula sinalizou que não será atendida.

Caminhada 

Após o ato, a manifestação seguirá até o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco), na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro - símbolo da resistência contra a repressão. O local é simbólico: foi para ali que muitos se dirigiram nas primeiras horas do golpe, com o objetivo e tentar organizar a resistência.

A partir das 18 horas, o auditório da Faculdade de Direito, na rua Moncorvo Filho 8, será espaço para mais uma atividade indissociável da luta e resistência à ditadura: a 36ª edição da Medalha Chico Mendes, homenagem concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais a pessoas, entidades e movimentos que se destacam nas lutas por direitos humanos. Iniciativa que tem o apoio da Aduff-SSind e do Andes-Sindicato Nacional. 

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho 

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