Em evento promovido na noite de segunda (11), sete mães brasileiras que lutaram, sofreram e enfrentaram bravamente a repressão da ditadura empresarial militar no país foram homenageadas pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ. A cerimônia aconteceu em auditório lotado por familiares e por lutadores e lutadoras sociais, no Museu da República, no Rio de Janeiro.
O evento também comemorou o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12) e voltou a expor os horrores do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,quando a tortura e o desaparecimento tornaram-se práticas oficiais no país.
De acordo com Cecília Coimbra, uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais, a homenagem às sete mães também representa os 35 companheiros desaparecidos e os 27 mortos pela ditadura empresarial militar no ano de 1973, além de todas as pessoas que não estão nessas listagens e que seguem invisibilizadas como vítimas da violência do Estado.
“Nessa primeira homenagem, a gente resgata essas mães que pouco apareceram nos meios de comunicação e que pouco aparecem também nas obras e publicações da esquerda e daqueles que tentam trazer um pouco dessas memórias, dessas histórias, aos dias de hoje”, destacou a militante dos direitos humanos e professora aposentada da UFF.
Na fala de abertura do evento, Cecília, que integra a diretoria do GTNM/RJ, também reforçou que numa sociedade capitalista, punitivista, baseada na vingança e no ódio, é importante relembrar essas mulheres guerreiras, que durante anos lutaram para saber o que havia acontecido com seus filhos e filhas e que morreram, a grande maioria, sem sabê-lo.
“Nossas homenagens vão para essas mães no sentindo, inclusive, de pensar que elas regaram esse solo com suas lágrimas, regaram o solo da resistência que a gente mantém até os dias de hoje”, disse.
Atual presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, Rafael Maul ressaltou a honra em conduzir as homenagens, recebidas por filhos, filhas, netos, netas e até bisnetos dessas sete mulheres e frizou como a força da luta das mães atravessa a nossa história ao longo dos séculos.
“A gente tem nos movimentos de familiares pais, tios, irmãos, sobrinhos. Mas não há dúvida nenhuma de que quando a gente fala das mães, a gente fala da permanência da luta ao longo dos séculos. A força da luta das mães realmente atravessa nossa história e é fundamental no enfrentamento contra todas as violências que aconteceram durante o período da ditadura e que acontecem ainda hoje”, reiterou.
Da Redação da Aduff | por Lara Abib