Dez
07
2023

Ato no Memorial de Cambahyba saúda luta por memória, justiça, verdade e reforma agrária

Em Campos dos Goytacazes, Aduff participou do lançamento do Memorial que denuncia horrores da ditadura empresarial-militar. Hoje, usina de cana-de-açúcar desativada abriga assentamento Cícero Guedes do MST

Em destaque, família de Fernando Santa Cruz, aluno da UFF que hoje dá nome ao DCE da universidade. Corpo de Fernando foi incinerado na usina Cambahyba, durante a ditadura Em destaque, família de Fernando Santa Cruz, aluno da UFF que hoje dá nome ao DCE da universidade. Corpo de Fernando foi incinerado na usina Cambahyba, durante a ditadura

Defender liberdades democráticas e lutar contra o autoritarismo são princípios que a Aduff persegue desde a sua existência, há 45 anos. Eles foram reafirmados durante o lançamento do Memorial Cambahyba, nesta quarta-feira (6), em Campos dos Goytacazes, que surge como símbolo de resistência contra a ditadura empresarial-militar brasileira. Além da direção do sindicato, os professores e os estudantes da unidade estiveram presentes no ato organizado por diversas entidades em defesa dos direitos humanos, que contou com o apoio da seção sindical de docentes da UFF e do Andes-SN.

O Memorial Cambahyba é uma usina de cana-de-açúcar desativada, área que hoje abriga o assentamento Cícero Guedes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e já está oficialmente destinada para fins de reforma agrária. O lançamento do Memorial se insere em um conjunto de manifestações políticas e críticas que devem marcar os 60 anos do golpe de 1964, a serem completados em abril do próximo ano. 

Segundo Amanda Guazzelli, da direção da Aduff e docente da UFF em Campos dos Goytacazes, a antiga usina Cambahyba serviu de fornos para a incineração de corpos de militantes durante o terrorismo de estado impetrado durante a ditadura empresarial-militar, que perdurou no Brasil por 21 anos. Entre eles, os corpos de Fernando Santa Cruz, à época aluno da UFF que hoje dá nome ao Diretório Central dos Estudantes da universidade; e Ana Kucinski, a única mulher entre os 12 nomes de militantes já listados como tendo sido 'desaparecidos' nos fornos da usina. Para ela, o lançamento do Memorial é importante na "luta permanente pela memória, justiça, verdade e reforma agrária, num país cuja democracia é fruto das lutas da classe trabalhadora".

De acordo com Matheus Thomaz da Silva, professor da UFF em Campos, o evento toca em especial aos militantes dos movimentos sociais. "Tanto pelo simbolismo, de transformar um lugar onde foram incinerados corpos na ditadura, dando outro significado, que é o de resistência e luta, para refletirmos sobre o que passou. É para que nunca mais aconteça, para que não se esqueça. Além de tudo isso, é um espaço que foi ocupado pelo MST, numa reivindicação de reforma agrária, uma usina que tinha trabalhos análogos à escravidão, com seus boias-frias e outras questões. É muito importante darmos os primeiros passos em uma sociedade que cada vez mais está recrudescendo o conservadorismo, com o fascismo à espreita de alguma coisa para se tornar vigente como poder. Tivemos a participação do movimento estudantil, de quilombola, do MST, então, é uma expressão muito importante para luta de classes. Esse Memorial pode ser um marco nessa cidade de Campos, que é muito conservadora", explicou. 

Segundo Fernanda Vieira, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e primeira secretária da Regional Rio do Andes-SN, o Memorial denuncia o passado tenebroso da história do Brasil. "São 60 anos da ditadura e ao mesmo tempo 23 anos de luta do MST pela conquista dessa terra. É um memorial vai também apontar uma projeção para o futuro em que as marcas sejam a resistência e a luta para uma vida emancipada", disse. 

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho e Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco

Em destaque, família de Fernando Santa Cruz, aluno da UFF que hoje dá nome ao DCE da universidade. Corpo de Fernando foi incinerado na usina Cambahyba, durante a ditadura Em destaque, família de Fernando Santa Cruz, aluno da UFF que hoje dá nome ao DCE da universidade. Corpo de Fernando foi incinerado na usina Cambahyba, durante a ditadura

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