Dez
06
2023

Aduff no Memorial de Cambahyba: "Resistência às violações atuais, preservação da memória e combustível para as lutas"

Diretoria da Aduff está representada no ato de lançamento do Memorial de Cambahyba, em Campos, criado como marco simbólico da luta contra a Ditadura e o golpe empresarial-militar; no início da noite, também em

Ato de lançamento do memorial, em Campos, nesta quarta-feira (6) Ato de lançamento do memorial, em Campos, nesta quarta-feira (6) / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

A Associação dos Docentes da UFF - seção do Andes-Sindicato Nacional participa, nesta quarta-feira, dia 6 de dezembro de 2023, de duas atividades em Campos dos Goytacazes que envolvem as lutas sociais e ambientais, os direitos humanos e as pautas da classe trabalhadora.

À tarde, acontece o ato de lançamento do Memorial Cambahyba, na antiga usina de cana-de-açúcar, que está sendo criado sob a  perspectiva de se tornar um símbolo da luta contra regimes autoritários e em defesa das liberdades democráticas. 

A atividade, convocada por dezenas de entidades e tendo o apoio e a participação da Aduff, abre uma sequência de eventos políticos e críticos que devem marcar os 60 anos do golpe de 1964, a serem completados em abril de 2024. Estudantes da UFF e o DCE também participam. 

Homenagem a Carlos Walter

No início da noite, a partir das 18 horas, começa outra atividade:  o debate "Um mundo em busca de outras territorialidades”, no auditório da UFF em Campos. Organizado pela Aduff por meio do Grupo de Trabalho em Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA), o evento é uma homenagem póstuma ao professor Carlos Walter Porto-Gonçalves, titular do curso de Geografia na Universidade Federal Fluminense, instituição em que atuou desde 1987.

O trabalho desenvolvido por Carlos Walter, falecido há exatos três meses, é referência em estudos que aliam o meio ambiente à geografia brasileira, numa perspectiva de defesa dos povos indígenas, dos oprimidos, dos movimentos sociais e sindicais.

Memorial

A professora Amanda Guazzelli representa a Diretoria da Aduff-SSind no ato no Memorial de Cambahyba, iniciado pouco depois das 13h30min, na usina desativada, área que hoje abriga um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e já está oficialmente destinada para fins de reforma agrária.  

"Esta data assinala um marco político central na luta permanente pela memória, justiça, verdade e reforma agrária, num país cuja democracia é fruto das lutas da classe trabalhadora", observa a dirigente da Aduff. "A antiga usina Cambahiba serviu de fornos para a incineração de corpos de combativos e combativas militantes durante o período da ditadura empresarial-militar no Brasil, que representam todos/as/es aqueles/as que foram presos/as, torturados/as e mortos/as pelo terrorismo de Estado", diz a professora.

Para Amanda, a "inauguração do Memorial na mesma área que já abriga o assentamento Cícero Guedes marca agora a conciliação entre a resistência às violações do tempo presente e a preservação da memória, combustível para as lutas e ações históricas".

E finaliza destacando duas das vítimas cujos corpos teriam sido incinerados nos fornos da usina para simbolizar todas as pessoas perseguidas por lutar contra governos ditatoriais: Fernando Santa Cruz, estudante da UFF que hoje dá nome ao Diretório Central dos Estudantes da universidade; e Ana Kucinski, a única mulher entre os 12 nomes de militantes já listados como tendo sido 'desaparecidos' nos fornos da usina. 

"Para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça, sigamos na luta neste dia que abre as atividades e ações em memória aos 60 anos do golpe. Fernando Santa Cruz, Ana Kucinski e todas as vítimas da Ditadura, presentes!".

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

Ato de lançamento do memorial, em Campos, nesta quarta-feira (6) Ato de lançamento do memorial, em Campos, nesta quarta-feira (6) / Luiz Fernando Nabuco/Aduff