Depois de muita pressão do movimento estudantil da UFF, foi realizada na manhã de quarta-feira (29), a 1° Audiência Pública entre estudantes e o Reitor da Universidade, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega. O encontro aconteceu no Bloco F, do campus do Gragoatá, em Niterói, e contou com a presença do Pró-reitor de Planejamento, Julio Andrade, e da Pró-reitora de Assuntos Estudantis, Alessandra Barreto. Com tema “Orçamento e Assistência Estudantil”, a audiência foi transmitida pela TV Universitária da UFF. Assista na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=b0Au3_2rNqI

No espaço, representantes do DCE Fernando Santa Cruz apresentaram uma carta compromisso ao reitor com diversas reivindicações, como o trancamento especial das disciplinas de 2023.2, um posicionamento público da reitoria a respeito do atual orçamento da UFF, a reinvindicação pelo vestibular indígena e quilombola, a implementação de cotas para pessoas trans e travestis e o retorno dos conselhos presenciais da Universidade, entre outras.

Estudantes também denunciaram as condições precárias de estrutura em seus cursos, como salas de aula com ar condicionado e ventiladores sem funcionar, elevadores e bebedouros com defeito e problemas com o recebimento de bolsas e com as moradias estudantis, reiterando a luta por acessibilidade, permanência estudantil e ampliação do acesso à universidade.

No auditório lotado, a estudantada fez questão de lembrar que a reivindicação por uma audiência pública com o reitor da Universidade tem quase um ano, e que sua realização é fruto de uma mobilização organizada pelos estudantes, no dia 13 de novembro, onde vários deles sofreram agressões da segurança patrimonial, no prédio da Reitoria.

“A Reitoria não pode naturalizar isso ou qualquer tipo de agressão a estudantes dentro da universidade e fora dela. Fomos pra ato na Reitoria para exigir diálogo, que é o mínimo”, destacou Jeferson Roza, coordenador geral do DCE Fernando Santa Cruz.        

Presente na audiência, a presidente da Aduff-SSind, Maria Cecília de Castro manifestou apoio ao DCE-UFF e aos estudantes da universidade.

“Queria saudar esse espaço, reivindicação legítima dos estudantes, e dizer que em nome dos professores, estamos aqui apoiando o movimento legítimo de vocês, dizendo que nós vamos continuar na luta reivindicando, não só o acesso, mas a permanência dos estudantes deficientes, das pessoas lgts, das mulheres mães dessa universidade e de todos os negros e negras que compõem essa universidade. Não vamos recuar porque a universidade é pública. Por isso ela tem que ter acesso e permanência para todas, todos e todes, inclusive a reivindicação legítima de cotas para concurso públicos de professores também, que é uma pauta pela qual lutamos até hoje”, disse.

A docente também reivindicou da Reitora e de todos os espaços de gestão da universidade o compromisso de que haja orçamento público para a universidade pública. “A gente quer que as obras que acontecem aqui não sejam parcerias público-privadas. E a gente não vai recuar em relação às nossas demandas. Por isso viemos aqui, reforçar nosso compromisso enquanto categoria docente com vocês estudantes e com certeza com técnicos dessa universidade para garantir que essa universidade seja de fato pública, gratuita e de qualidade”, finalizou.

Posição da Reitoria

Na audiência pública, o reitor da Universidade, Antonio Claudio Lucas das Nóbrega destacou as limitações orçamentárias da gestão e falou da “luta cotidiana para fazer o melhor com o que tem e lutar por mais orçamento”. O reitor se comprometeu a realizar mais audiências públicas com os estudantes e disse que “a maior limitação é orçamentária, as questões internas a gente consegue trabalhar”.

O Pró-reitor de Planejamento, Julio Andrade fez uma apresentação apontando o que ele chamou de uma “prática de desorçamentação”, com a queda drástica do orçamento da universidade a partir de 2016, quando os valores não só não foram corrigidos pela inflação, como foram cortados ano a ano.

A Pró-Reitora de Assuntos Estudantis, Alessandra Barreto, destacou que a Reitoria sabe “que os problemas não são poucos, são muitos” e que se planeja para sair de um lugar de “apagar incêndios” para mapear e atacar as demandas que são múltiplas. Na audiência, ela também garantiu que a audiência pública entre Reitoria e estudantes será a 1° de muitas.

Problemas perpassam as fronteiras da cidade de Niterói

Para Brenda Minghelli, coordenadora geral do DCE-Fernando Santa Cruz, os estudantes sabem que o orçamento da universidade é deficitário e que é preciso continuar a luta cobrando mais orçamento e que o governo federal priorize a educação e produção de ciência país.

“Nós vivemos os cortes orçamentários dos últimos anos, vivemos o governo Bolsonaro que retirou o orçamento da educação e deixou gente com risco de fechar as portas da universidade. Fomos para as ruas para derrotar e derrubar esse governo fascista que ameaçava a UFF e tantas outras universidades. Mas também precisamos buscar alternativa para os nossos problemas imediatos”, ressaltou.

A estudante destacou a importância de cada um e cada uma presente na audiência pública e que houve o esforço do DCE para que o espaço fosse mais amplo e mais democrático, com a vinda de representantes do interior para a audiência. Ela frizou, entretanto, que a Reitoria negou as alternativas apresentadas pelo Diretório Central dos Estudantes. “A gente gostaria que esse espaço fosse muito maior já que nossos problemas perpassam as fronteiras da cidade de Niterói”, disse.

Da Redação da Aduff | por Lara Abib