As alterações climáticas vividas pelos países nos últimos anos, com destaque para a onda de calor que afetou a Europa, no primeiro semestre de 2023, e o Brasil entre os meses de agosto e novembro, ganharam destaque nos noticiários, nas redes sociais e nas ruas. Uma seca extrema afetou o Rio Negro, no Amazonas, enquanto o Sul do país enfrentou enchentes devastadoras, em decorrência do fenômeno El Niño.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os brasileiros e as brasileiras tiveram o inverno mais quente desde 1961, evidenciando que o descontrole climático envolve não só o aumento das temperaturas no globo, mas também as suas consequências – tempestades, alagamentos, ventania, ausência no fornecimento de luz e outros efeitos decorrentes das intempéries.
O assunto foi tema do debate "Mudanças Climáticas e Condições de Trabalho", promovido pela Aduff-SSind e pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo da Universidade Federal Fluminense (NIEP-Marx/UFF), de maneira híbrida, nesta segunda-feira 27. A exposição esteve por conta de Eduardo Sá Barreto, que é professor no Departamento de Economia da UFF e pesquisador do NIEP-Marx/UFF.
Segundo Eduardo, as questões climáticas devem ser tomadas com preocupação pela comunidade acadêmica e sindicato, considerando que elas têm se deteriorado nas últimas décadas. Para ele, a Universidade deve se preparar para o próximo semestre de atividades em pleno verão. O pesquisador propôs ao sindicato mobilizar a comunidade para a discussão do tema, já que a condição climática interfere nas condições de trabalho e de estudo e impacta na saúde dos trabalhadores e dos estudantes.
Sugeriu a adoção de um protocolo mínimo, a ser defendido pela Aduff-SSind a partir de um diálogo com a Universidade, que pode envolver a suspensão das atividades letivas presenciais em dias de temperaturas elevadas ou de temporais. Para Eduardo, o ensino remoto não deve ser tomado como uma alternativa para reposição de aulas que sejam suspensas. Os docentes presentes no debate tiveram acordo em afirmar que a UFF tem condições de se antecipar, realizando manutenção de equipamentos e de infraestrutura para garantir condições para as aulas presenciais. A UFF tem formas de se articular com os governos dos municípios onde está presente para estabelecer protocolos em casos de eventos climáticos extremos.
De acordo com o economista, é importante considerar os riscos diante das alterações climáticas, se atentando aos alertas emitidos por órgãos oficiais de monitoramento. "A previsão meteorológica avançou muito e é muito segura" – afirmou Eduardo Barreto, advertindo que entre janeiro e março de 2024 devem ser desafiadores para a população brasileira, com novas ondas de calor.
Os participantes comentaram sobre a importância da pauta, afirmando que ela deve ser encarada pelo sindicato - tanto a Aduff quanto o Andes-SN; pela UFF e pela Prefeitura de Niterói, que é uma interlocutora da reitoria. Defenderam que o sindicato cobre à Universidade que se estabeleça um protocolo – respeitando as especificidades dos campi em Niterói e daqueles em outras cidades do Estado – frente aos riscos decorrentes das condições climáticas, seja calor intenso ou tempestades, especialmente. Argumentaram ainda que a reitoria deve estabelecer melhores condições estruturais para a comunidade, entre refrigeração adequada das salas de aula, com a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado, dos elevadores, dos bebedouros (com água filtrada), assim como investir na conservação dos prédios/blocos da instituição.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco
