Nov
13
2023

Ato em desagravo à vítima de racismo em loja reúne ativistas em shopping de Niterói

Movimentos sociais, sindicais, mandatos parlamentares são signatários de carta entregue à administração do Plaza, exigindo formação antirracista para lojistas e trabalhadores

 

Ato no Plaza, em Niterói, na sexta-feira (10) Ato no Plaza, em Niterói, na sexta-feira (10) / Arquivo Pessoal

Enquanto fazia compras em uma loja de departamento, um homem negro percebeu ser seguido por um segurança e o interpelou o porquê. Escutou que "era procedimento padrão", pois teria aparência suspeita. Simples assim, como se a explicação e a atitude do segurança branco não contassem a história de um país alicerçado pelo racismo, que naturaliza a cruel associação entre negritude e marginalidade ainda no tempo presente, a exemplo da cena que ocorreu em um shopping de Niterói, no início de novembro – o mês da consciência negra no Brasil. 

A cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro conta com 35% de negros e pardos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Parte desse segmento foi representada por aqueles que se levantaram em protesto contra mais uma violência em decorrência do preconceito racial, na última sexta-feira 10. Integrantes de partidos políticos, de movimentos sociais e sindicais realizaram um ato simbólico em apoio à vítima, o sociólogo Ubaldino Raimundo Pereira, professor da rede estadual. A Aduff-SSind apoiou a manifestação, cuja concentração foi marcada para em frente à Estação das Barcas. 

Movimentos e coletivos negros, movimentos sociais e sindicatos, mandatos de parlamentares, ativistas e intelectuais de Niterói e do Rio de Janeiro assinaram um documento que foi entregue aos representantes da loja C&A, a gerente, o advogado e o chefe da equipe de segurança, e à administração do Plaza. O documento exige formação antirracista para funcionários e lojistas, além de retratação pública para o professor Ubaldino. 

Íntegra da carta entregue ao Plaza e à C&A - clicar aqui

De acordo com Eliane Peçanha, docente da rede municipal e estadual do Rio de Janeiro, Niterói é uma cidade apartada pela discriminação racial e socioeconômica. "Escutamos dizer que é uma cidade sorriso, mas Niteróié racista e desigual", define. 

Para ela, o ato em desagravo ao professor Ubaldino foi bem sucessido e pedagógico. "Vimos uma recepção positiva por parte das pessoas na rua e, principalmente, pelas pessoas que estavam no shopping, entre frequentadores e trabalhadores. Pediram nossos panfletos, aplaudiram. E a reação de algumas meninas e mulheres negras me chamou atenção e emocionou. Elas faziam gestos com as mãos, em apoio ao ato, como se estivessem se libertando, por um momento, da opressão a qual são submetidas", considerou Eliane Peçanha.

A docente também contou à imprensa da Aduff-SSind que os representantes da loja C&A foram informados sobre a presença do professor Ubaldino na manifestação. Em seguida, foram questionados se desejavam se desculpar com ele. No entanto, a gerente, o advogado e o chefe da segurança da loja disseram não ter autorização para se pronunciar. "Eles não quiseram pedir desculpas... Porque não têm autorização para pedir desculpas, mas têm autorização para perseguir e oprimir", considera Eliane.

Ato no Plaza, em Niterói, na sexta-feira (10) Ato no Plaza, em Niterói, na sexta-feira (10) / Arquivo Pessoal

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