Neste dia de paralisação nacional do funcionalismo público (3), estudantes, professores e técnicos da UFF se encontraram por volta das 14h, na Praça Arariboia (barcas), em NIterói, para depois seguirem para o ato na Candelária, com concentração às 15h. O protesto tem mote “Valorizar o serviço público é garantia de soberania popular".
Docente da Faculdade de Educação na UFF e ex-dirigente da Aduff, Gelta Ramos Xavier esteve na estação das barcas. De acordo com ela, a manifestação deste "Dia Nacional de Luta pela Soberania Nacional e Defesa dos Serviços Públicos" é muito importante, não só porque dialoga com os anseios dos e das trabalhadoras pela recomposição salarial mas também porque é uma expressão da luta pela manutenção de direitos sociais para ampla parcela da sociedade.
"Estamos aqui os professores, técnicos e estudantes empenhados em realizar o ato no RJ. Mas é preciso lembrar que há protestos que repercutem em todo o país, envolvendo outras categorias do funcionalismo, a exemplo dos metroviários em São Paulo", disse.
Segundo Gelta, a luta contra as privatizações; a defesa de investimentos públicos para áreas sociais, como Saúde e Educação; e a luta contra a Reforma Administrativa [PEC 32] são outros pontos importantes em pauta nos atos desta terça. Ela lembra que, no caso da PEC em especial, desde que o tema veio à tona, há luta contra a medida. "Ao longo do isolamento [pandemia] estivemos nas ruas, frequentamos o Congresso e agora essa reforma volta sendo apresentada como mais uma ameaça ao trabalhador. A destruição do serviço público é a meta de vários governantes e desse governante do momento mesmo; não temos ilusão quanto ao governo de conciliação de classe", disse.
Para Bernarda Thailania Ferreira Gomes, da Coordenação Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), o funcionalismo público tem sido preterido pelo governo. "Absurdo que não se tenha proposta coerente de aumento salarial para o servidores públicos federais, depois de, em campanha, dizer que o setor deveria ser valorizado. Hoje, o governo não nos oferece absolutamente nada ou, no máximo, uma possibilidade de ter algo como 1% de aumento. É um descaso com a nossa base", alegou.
Para ela, quanto maior o investimento em áreas sociais melhor será a realização do trabalho e o atendimento à população. "Uma Educação pública, gratuita e de qualidade passa também por ter um trabalhador bem remunerado; passa por ter um trabalhador com condições de trabalho e com investimentos no setor", defendeu Bernarda.
A sindicalista lembra que a categoria esteve há sete anos sem aumento e que os 9% recebidos em 2023 são frutos de uma árdua luta dos e das trabalhadoras. "Não é uma recomposição salarial e não paga as perdas acumuladas em defasagens", disse, lembrando que é preciso brigar por uma reposição financeira, de fato, para 2024.
De acordo com Maria Cecília Castro – docente do Colégio Universitário Geraldo Reis - Coluni/UFF e atual dirigente da Aduff – o ato da tarde do dia 3 é necessário também para evidenciar a força da unidade entre diversos setores do funcionalismo público federal por melhores condições de trabalho e salarial.
"O governo sinalizou que não vai ter aumento e é importante estarmos nas ruas, conforme ele mesmo indicou para a gente enquanto movimentos, para ocupar as ruas e fazer as nossas reivindicações. Compor essa frente na perspectiva da Educação é importante para garantir financiamento público para as áreas sociais. Isso é prioridade para nós enquanto movimento sindical", disse.
Cecília exaltou ainda a adesão do Diretório Central dos Estudantes à luta dos trabalhadores do setor público. "Os professores que realizam ensino, pesquisa e extensão desenvolvem um trabalho que vai refletir consideravelmente na formação deles [alunos]. Queremos uma Universidade com Educação Popular como defendemos e acreditamos que tem que ser", afirmou.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto Luiz Fernando Nabuco