Na manhã desta terça-feira 3 - "Dia Nacional de Luta pela Soberania Nacional e Defesa dos Serviços Públicos" - um grupo de professores e professoras da UFF percorreu os blocos da instituição no Gragoatá para, novamente panfletar e conclamar a comunidade acadêmica à paralisação nacional de 24h e à participação ao ato unificado no Rio de Janeiro.
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A paralisação das atividades dos e das docentes da UFF foi deliberada em assembleia da categoria no dia 28 de setembro, assim como a participação no protesto, que terá início daqui a pouco, às 15h, na Candelária, tendo como o mote “Valorizar o serviço público é garantia de soberania popular".
Para Jacqueline Botelho, docente da Escola de Serviço Social e diretora da Aduff, a panfletagem na Universidade foi importante para mobilizar para o ato no RJ e para a denúncia da precarização das condições de trabalho docente e dos servidores públicos da educação. "Conversamos com alunos e professores de diferentes unidades e destacamos também a importância da valorização dos servidores públicos que lidam com áreas fundamentais para o funcionamento do país, mas que são desprestigiadas e entregues à privatização", afirmou.
Segundo Jacqueline, também foi possível reafirmar o papel da Universidade enquanto lugar de produção da Ciência. Além disso, houve a defesa aos funcionários terceirizados, que seguem sem garantia dos direitos fundamentais de trabalho e com vínculo precário. "Durante o percurso que fizemos na panfletagem, nos deparamos com péssima estrutura dos prédios, elevadores e salas de aula [na UFF], numa demonstração de que o Estado não tem investido na educação como precisa, mas encarado como gasto a injeção de recursos em áreas que são essenciais para a população. Estão entregando partes importantes da Universidade às parcerias público-privadas", criticou.
De acordo com Carlos Augusto Aguilar Junior, docente do Colégio Universitária Geraldo Reis - Coluni e ex dirigente da Aduff, a panfletagem na UFF foi muito necessária para mobilizar a comunidade universitária quanto à paralisação e ao fortalecimento da luta em defesa dos serviços públicos e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do setor público. "Uma surpresa positiva é que nos prédios que visitamos, havia poucos professores dando aula. Isso nos dá um termômetro de que os professores aderiram ao chamado, à paralisação. É um sinal importante de que, embora tenhamos problemas para mobilizar a nossa base, ela está, de alguma forma, atenta aos movimentos da política e que, enquanto servidores públicos, estamos sendo atacados, mesmo em um governo democrático como o governo Lula", disse.
Carlos criticou o arcabouço fiscal do governo, que asfixia os investimentos em serviços públicos quando coloca algumas condicionantes para haver investimentos no setor e ainda a PEC 32, a da Reforma Administrativa. "São muitos os ataques, com sinalização de aumento zero para o ano que vem, o que é muito ruim. Nossa categoria vem sofrendo com o desmonte, a descontinuidade e a desvalorização dos serviços públicos. Há necessidade de a gente iniciar o movimento mais massificado de conscientização da base e de chamada para os atos de rua, que é onde ressoam as nossas vozes para que elas se façam ouvir nos espaços de poder", defendeu o professor.
Colega de Carlos no Coluni, a docente Kate Lane de Paiva participou do primeiro dia de panfletagem no Campus da UFF, na segunda-feira (2). Ela disse que a atividade foi bem recebida pelos passantes. "O bom recebimento é porque a nossa pauta é em defesa do serviço público. Passa pela recomposição salarial dos servidores e pela valorização da carreira, mas não só - passa pelo financiamento público dos serviços. No caso da UFF, a instituição tem muitas obras inacabadas e lugares que parecem abandonados. É muito duro de ver e parece um descaso com um espaço que é tão importante para nós como produção de conhecimento. Ao mesmo tempo, temos falta de professores e, conforme vamos percorrendo as unidades, vamos vendo que falta infraestrutura", disse Kate, que é ex-presidente da Aduff.
A professora lembra que a manutenção dos serviços públicos é garantida através dos impostos pagos pela classe trabalhadora e que por isso eles deveriam ser oferecidos com ainda mais qualidade quanto à infraestrutura e à eficiência. "Tem um sucateamento que é visível para a abertura de privatizações. A greve do Metrô de SP [Funcionários do Metrô de São Paulo, da Companhia de Trens Metropolitanos e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo paralisaram por 24h neste dia 3] evidencia como a investida da iniciativa privada sobre os serviços públicos é para fazer a população pagar por eles", afirmou Kate, defendendo a importância do ato desta terça-feira. "Só a pressão nas ruas vai fazer com que tenhamos alguns avanços. Foi para isso também que conseguimos derrotar o Bolsonaro nas urnas; para a gente ter margem para lutar nas ruas e cobrar o que é nosso de direito", concluiu.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco/Aduff