Out
03
2023

Em panfletagem na UFF, docentes defendem serviço público e direitos do funcionalismo

Atividade aconteceu no Gragoatá, nos dias 2 e 3 de outubro, conclamando comunidade acadêmica à paralisação nacional e ao ato unificado que acontece na Candelária, a partir das 15h desta terça

Momento da panfletagem no campus da UFF no Gragoatá realizada na manhã desta terça (3) Momento da panfletagem no campus da UFF no Gragoatá realizada na manhã desta terça (3) / Luiz Fernando Nabuco

Na manhã desta terça-feira 3 - "Dia Nacional de Luta pela Soberania Nacional e Defesa dos Serviços Públicos" - um grupo de professores e professoras da UFF percorreu os blocos da instituição no Gragoatá para, novamente panfletar e conclamar a comunidade acadêmica à paralisação nacional de 24h e à participação ao ato unificado no Rio de Janeiro. 

Para ver fotos da atividade no campus do Gragoatá, clicar aqui

A paralisação das atividades dos e das docentes da UFF foi deliberada em assembleia da categoria no dia 28 de setembro, assim como a participação no protesto, que terá início daqui a pouco, às 15h, na Candelária, tendo como o mote “Valorizar o serviço público é garantia de soberania popular". 

Para Jacqueline Botelho, docente da Escola de Serviço Social e diretora da Aduff, a panfletagem na Universidade foi importante para mobilizar para o ato no RJ e para a denúncia da precarização das condições de trabalho docente e dos servidores públicos da educação. "Conversamos com alunos e professores de diferentes unidades e destacamos também a importância da valorização dos servidores públicos que lidam com áreas fundamentais para o funcionamento do país, mas que são desprestigiadas e entregues à privatização", afirmou.

Segundo Jacqueline, também foi possível reafirmar o papel da Universidade enquanto lugar de produção da Ciência. Além disso, houve a defesa aos funcionários terceirizados, que seguem sem garantia dos direitos fundamentais de trabalho e com vínculo precário. "Durante o percurso que fizemos na panfletagem, nos deparamos com péssima estrutura dos prédios, elevadores e salas de aula [na UFF], numa demonstração de que o Estado não tem investido na educação como precisa, mas encarado como gasto a injeção de recursos em áreas que são essenciais para a população. Estão entregando partes importantes da Universidade às parcerias público-privadas", criticou.

De acordo com Carlos Augusto Aguilar Junior, docente do Colégio Universitária Geraldo Reis - Coluni e ex dirigente da Aduff, a panfletagem na UFF foi muito necessária para mobilizar a comunidade universitária quanto à paralisação e ao fortalecimento da luta em defesa dos serviços públicos e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do setor público. "Uma surpresa positiva é que nos prédios que visitamos, havia poucos professores dando aula. Isso nos dá um termômetro de que os professores aderiram ao chamado, à paralisação. É um sinal importante de que, embora tenhamos problemas para mobilizar a nossa base, ela está, de alguma forma, atenta aos movimentos da política e que, enquanto servidores públicos, estamos sendo atacados, mesmo em um governo democrático como o governo Lula", disse.

Carlos criticou o arcabouço fiscal do governo, que asfixia os investimentos em serviços públicos quando coloca algumas condicionantes para haver investimentos no setor e ainda a PEC 32, a da Reforma Administrativa. "São muitos os ataques, com sinalização de aumento zero para o ano que vem, o que é muito ruim. Nossa categoria vem sofrendo com o desmonte, a descontinuidade e a desvalorização dos serviços públicos. Há necessidade de a gente iniciar o movimento mais massificado de conscientização da base e de chamada para os atos de rua, que é onde ressoam as nossas vozes para que elas se façam ouvir nos espaços de poder", defendeu o professor.

Colega de Carlos no Coluni, a docente Kate Lane de Paiva participou do primeiro dia de panfletagem no Campus da UFF, na segunda-feira (2). Ela disse que a atividade foi bem recebida pelos passantes. "O bom recebimento é porque a nossa pauta é em defesa do serviço público. Passa pela recomposição salarial dos servidores e pela valorização da carreira, mas não só - passa pelo financiamento público dos serviços. No caso da UFF, a instituição tem muitas obras inacabadas e lugares que parecem abandonados. É muito duro de ver e parece um descaso com um espaço que é tão importante para nós como produção de conhecimento. Ao mesmo tempo, temos falta de professores e, conforme vamos percorrendo as unidades, vamos vendo que falta infraestrutura", disse Kate, que é ex-presidente da Aduff. 

A professora lembra que a manutenção dos serviços públicos é garantida através dos impostos pagos pela classe trabalhadora e que por isso eles deveriam ser oferecidos com ainda mais qualidade quanto à infraestrutura e à eficiência. "Tem um sucateamento que é visível para a abertura de privatizações. A greve do Metrô de SP [Funcionários do Metrô de São Paulo, da Companhia de Trens Metropolitanos e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo paralisaram por 24h neste dia 3] evidencia como a investida da iniciativa privada sobre os serviços públicos é para fazer a população pagar por eles", afirmou Kate, defendendo a importância do ato desta terça-feira. "Só a pressão nas ruas vai fazer com que tenhamos alguns avanços. Foi para isso também que conseguimos derrotar o Bolsonaro nas urnas; para a gente ter margem para lutar nas ruas e cobrar o que é nosso de direito", concluiu. 

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Momento da panfletagem no campus da UFF no Gragoatá realizada na manhã desta terça (3) Momento da panfletagem no campus da UFF no Gragoatá realizada na manhã desta terça (3) / Luiz Fernando Nabuco

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