Out
03
2023

Dia de atos e paralisações expõe insatisfação com rumo das negociações e ameaças contra servidores

Docentes e técnicos da UFF param nesta terça (3) e participam do ato à tarde, no Rio; estudantes declaram apoio ao movimento e vão participar; mobilização terá tuitaço às 15h, com mensagem que reflete promessas de negociação e diálogo não cumpridas: #NegociaMinistraEsther

O dia nacional de mobilização com paralisações que a campanha salarial conjunta dos servidores públicos federais faz, nesta terça-feira, 3 de outubro de 3023, será acompanhado da hashtag #NegociaMinistraEsther. É um recado direto que expõe a insatisfação do setor com os rumos que as prometidas mesas de negociação e diálogo tomaram, sob uma política fiscal que manteve a lógica que restringe recursos para os serviços públicos e as políticas sociais.

As entidades sindicais nacionais querem que a mensagem acompanhe, nas redes sociais e nas ruas, todo o dia de protestos, que terá, nos estados e em Brasília, atos públicos, passeatas, panfletagens e assembleias. Está marcado um twittaço para as 15 horas com essa hashtag, convocado pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Sindicais Nacionais dos Servidores Públicos Federais), do qual o Andes-SN e a Aduff participam.

Na UFF, docentes e técnicos aprovaram nas suas respectivas assembleias aderir à paralisação nacional. Também param no Estado do Rio os técnicos e docentes da UFRJ e do Colégio Pedro II, entre outros setores. À tarde, haverá ato conjunto com concentração às 15 horas, na Candelária. Em Niterói, o ponto de encontro para ir ao ato de forma coletiva é na Estação das Barcas, às 14 horas.  

Petrobrás, 70

A mobilização está sendo promovida em parceria com as entidades sindicais de trabalhadores das estatais, no dia em que a Petrobrás completa 70 anos. Por conta disso e da ameaça de retorno à pauta do Congresso Nacional do tema 'reforma' administrativa, ganha forte peso nos protestos a luta contra as privatizações dos serviços públicos e das estatais. 

Em São Paulo, no maior metrô do país, os metroviários decidiram parar por 24 horas neste dia para denunciar o projeto de privatização defendido pelo governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Também paralisam os trabalhadores e trabalhadoras dos trens e da companhia pública de água e saneamento, outros setores sob ameaça de privatização. A mobilização defende que as privatizações sejam submetidas a um plebiscito, para que a população decida se quer ou não a entrega dos serviços para empresários. Os metroviários propuseram manter o serviço, desde que as catracas fossem liberadas à população. O governador negou. 

Negocia

A palavra de ordem "#NegociaMinistraEsther" ganha peso diante dos resultados pífios, até aqui, em termos de avanços nos temas pautados, nestes oito meses que se passaram desde que a Mesa Nacional de Negociação Permanente foi retomada, em fevereiro deste ano. 

É difícil mencionar um único ponto defendido pelos servidores, relevante, que tenha sido objeto de debate na mesa e acatado pelo governo. A falta de resultados contrasta com o cerimonial preparado para anunciar a instalação do processo de negociação, com transmissão ao vivo nas redes do Ministério da Inovação e a presença de oito ministros. Tudo sob a promessa de deixar para trás os seis anos de ausência de quaisquer diálogos com os governos Bolsonaro e Temer.

Não surpreende, portanto, que a direção do Andes-SN - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior - tenha divulgado uma mensagem, com a imagem da ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação, na qual afirma que o modelo de negociação adotado por ela promete muito e não entrega nada.

Na semana passada, a reportagem da Aduff solicitou do Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos a informação de quando aconteceria a próxima reunião da mesa geral. O cronograma foi prometido aos sindicatos há mais de um mês, logo após os representantes da categoria serem comunicados que a proposta do governo é 'reajuste zero' ou bem próximo disso, para a data-base de 2024. A resposta recebida pela reportagem diz que isso, o calendário de reuniões da mesa geral, seria definido e comunicado "em breve". 

Sem datas marcadas para negociação e sem resultados nas conversas já travadas, os servidores querem fazer desta terça-feira (3), sob o apelo #NegociaMinistraEsther, um ponto de arrancada e impulsionamento da campanha salarial - o que só é possível com participação e envolvimento do conjunto dos servidores. É essa a aposta do movimento.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

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