Com o lema permanente “Vida em primeiro lugar”, o tema deste ano foi a pergunta “Você tem fome e sede de quê?”. Realizado em mais de 300 cidades de todo o Brasil, o Grito dos Excluídos chega à sua 29º edição nacional e à 23º na cidade do Rio de Janeiro.
“Estamos aqui desde o ano 2000, mais uma vez disputando simbolicamente o sentido da independência do Brasil”, destaca Sandra Quintela, coordenadora nacional e local do Grito dos Excluídos. Ela enfatiza que se o Estado comemora a data com desfiles militares, o Grito se coloca como um contraponto ao processo de militarização da vida em nossa sociedade.
“Os desfiles são um símbolo dessa militarização. Então, enquanto os militares seguem para um lado, a gente segue para o outro. Dando as costas literalmente para esse processo muito cruel que mata a população preta, pobre e periférica não só do Rio de Janeiro, como de São Paulo, Bahia e em tantas outras partes do Brasil, através de genocídios, chacinas (...). A gente tem tantas sedes e tantas fomes. Sede de justiça, de igualdade social, de taxação de fortunas. Isso que a gente quer expressar aqui hoje”, frizou.
Organizado por setores da Igreja Católica, movimentos populares, sindicais e de juventude, o Grito deste ano voltou a questionar os mais de 100 milhões de brasileiros que passam fome ou estão em algum grau de insegurança alimentar no país e as dificuldades de acesso da população à água potável e ao saneamento básico, criticando a privatização da Cedae.
Nas ruas, as e os manifestantes também gritaram contra o racismo, o fascismo e pediram a prisão imediata de Jair Bolsonaro. Defenderam a recomposição do orçamento dos serviços públicos e criticaram as políticas fiscais que restringem recursos da saúde, educação e outras áreas — caso do teto de gastos que vigora desde 2017, elaborado pelo então governo Temer, e do novo arcabouço fiscal, recém-aprovado no Congresso Nacional, proposto pelo governo Lula.
Presente no ato, a professora da UFF e diretora da Aduff, Bianca Novaes, destacou que a luta em defesa dos serviços públicos e por uma educação pública, gratuita e de qualidade está a serviço dos excluídos, para que eles tenham voz e direitos garantidos.
“A Aduff, seção sindical do Andes Sindicato Nacional, está presente mais uma vez no Grito porque a gente sabe o quanto a nossa luta é importante para toda a classe trabalhadora. A defesa dos serviços públicos de qualidade, para além do que o neoliberalismo, o senso comum e a mídia querem colocar - tentando dizer que é corporativismo - é uma luta por direitos para toda a população, mas principalmente para as excluídas, excluídos e excluídes. A gente sabe que são essas pessoas que somente podem ter acesso à educação, à saúde e aos seus direitos como um todo através dos serviços públicos. É por isso que a gente participe com muita garra junto desse movimento histórico”, finalizou.
Da Redação da Aduff | por Lara Abib