Abr
03
2023

'É importante suspender, mas é preciso revogar todo o Novo Ensino Médio', diz presidenta do Andes-SN

Rivânia Moura destaca importância da possível suspensão, após pressão de estudantes, educadores e sindicatos, porém reafirma não haver como pensar em melhorar o NEM 

Momento do ato no Rio de Janeiro pela revogação do Novo Ensino Médio, realizado em março de 2023. Momento do ato no Rio de Janeiro pela revogação do Novo Ensino Médio, realizado em março de 2023. / Foto: Luiz Fernando Nabuco / Aduff-SSind.

O governo federal avalia publicar nos próximos dias uma portaria para suspender a implementação do Novo Ensino Médio (NEM), conforme divulgaram veículos de comunicação, entre eles a "Folha de São Paulo", "G1"  e "Carta Capital", nesta segunda-feira (3). 

A decisão final, contudo, segundo o governo, será tomada após 90 dias - prazo estabelecido para o grupo de trabalho, formado por representantes de secretarias estaduais, debater o assunto.

De acordo com as publicações, a possível portaria não revoga o NEM, apenas suspende o seu cronograma de implementação. O Ministro da Educação, Camilo Santana, vem defendendo ajustes na medida aprovada em 2017 e em vigor desde 2022. Ele diz ser um retrocesso a total revogação do Novo Ensino Médio, mesmo diante de manifestações de especialistas na área e associações educacionais.  

Além disso, Camilo Santana reconduziu Fernando Whirtmann Ferreira para o cargo de coordenador-geral de Ensino Médio junto à Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica, ligada à Secretaria de Educação Básica do MEC. Whirtmann havia sido nomeado em 2020 por Milton Ribeiro, o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro - alvo de denúncias de corrupção envolvendo dinheiro público e pastores neopentecostais. A medida foi criticada por setores da sociedade civil, associações estudantis, movimentos sindicais e instituições científicas.

Críticos ao NEM defendem a revogação total da iniciativa, por considerá-lo desigual, alheia à formação emancipadora do estudante, excludente e mais um entrave ao acesso de jovens de origem popular e periférica ao ensino superior público, principalmente.

Para Rivânia Moura, presidente do Andes-SN, a categoria tem acúmulo sobre o que significa o Novo Ensino Médio e o seu impacto a longo prazo para a Educação. De acordo com ela, não é possível recuperar o projeto. "Na sua essência, o NEM se alia a uma concepção mais mercadológica, aligeirada, desqualificada da Educação. É voltado principalmente para a população mais pobre, os filhos e as filhas da classe trabalhadora", disse a docente.

Segundo a professora, o projeto é ainda um filtro para o acesso ao ensino superior, tornando cada vez mais excludente a entrada nas universidades públicas. "Provoca uma formação 'acrítica' e tecnicista em vários aspectos. É importante a suspensão. Mas não é suficiente apenas suspender; é preciso revogar o projeto do NEM por tudo o que ele representa para a educação pública no nosso país", afirmou a presidente do Andes-SN, defendendo que haja a continuidade da luta.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco

Momento do ato no Rio de Janeiro pela revogação do Novo Ensino Médio, realizado em março de 2023. Momento do ato no Rio de Janeiro pela revogação do Novo Ensino Médio, realizado em março de 2023. / Foto: Luiz Fernando Nabuco / Aduff-SSind.