Às vésperas dos 59 anos da imposição do golpe que vigorou no Brasil por mais de duas décadas, setores progressistas da sociedade seguem repudiando todas as tentativas recentes - por políticos, profissionais liberais, empresários, militares e civis - em fragilizar o sistema democrático no país.
Apesar da derrota nas urnas ano passado, o bolsonarismo ainda é uma ameaça às liberdades democráticas e, tal qual a extrema direita que também se assanha em outros países, precisa ser vencido em seus discursos e práticas violentas. Deve ser responsabilizado pela disseminação de informações falsas e pela apologia aos torturadores e à ditadura.
E preservar a memória para que novas atrocidades não aconteçam é uma forma de também resistir, tal como se propõe o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, que há 35 anos homenageia personalidades que se levantaram contra a ditadura e aquelas que, na atualidade, seguem resistindo ao projeto neofacista no Brasil.
A cerimônia de entrega da 35ª Medalha Chico Mendes de Resistência ocorrerá dia 3 de abril (segunda-feira), às 18h, na Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Maracanã. A Aduff-SSind é uma das entidades que apoiam o evento, que é aberto aos que desejarem participar.
Nesta edição, os homenageados são: Geraldo Azevedo (o cantor e compositor); Walter de Souza Ribeiro (desaparecido durante a ditadura); Marilza da Silva (liderança indígena do Espiríto Santo presa pela ditadura); Sabino Alves (camponês desaparecido no Araguaia); Belela Herrera (ativista dos direitos humanos uruguaia); Coletiva Resistência Lésbica da Maré (acolhimento antimanicomial para lésbicas - cis e trans - de favelas); Milton Barbosa (fundador do Movimento Negro Unificado) e Maria das Graças Nacort (diretora da Associação de Mães e Familiares de Vítimas de Violência no Espírito Santo - AMFVV/ES).
"A medalha tem produzido memória desse momento histórico e também do presente; é representativa de uma política de memória, verdade e justiça", afirma Rafael Dias, docente da UFF em Volta Redonda e diretor da Aduff.
Para ele, é preciso manter vivo o que aconteceu no país em correlação com os acontecimentos presentes. "Nesse contexto, em que houve recentemente uma ameaça à democracia brasileira, com uma nova tentativa de golpe e que ainda está muito viva entre nós, a medalha Chico Mendes tem esse valor de pensar políticas de reparação histórica e está sintonizada com a palavra de ordem atual: sem anistia para golpistas!", defende Rafael Dias. "É preciso estar atento e forte a qualquer ameaça golpista", complementou.
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira